Em entrevista à RMC Sport, o líder da claque South Winners, Rachid Zeroual, reiterou que não fez quaisquer ameaças a Pablo Longoria durante a reunião tempestuosa de 18 de setembro, que levou à saída de Marcelino García Toral do comando técnico, e depois de Javier Ribalta.
"Nem num milhão de anos! Não estaria aqui se o tivesse ameaçado de morte. Com todas estas acusações, tenho a impressão de que estão a tentar minar a minha credibilidade, amordaçar-me e isolar-me", lamenta.
"Hora de dizer a verdade"
Zeroual voltou a encontrar-se recentemente com Longoria ao pequeno-almoço, "antes de todos os outros grupos de apoiantes", sublinha, para recordar a sua importância na hierarquia local.
"Deixei-o falar. Explicou-me o seu ponto de vista, que se sentia desconfortável quando o tom se tornava tão quente numa reunião. Voltei a dizer-lhe que se tratava de Marselha e que os adeptos eram assim, capazes de levantar a voz", explicou.
Na reunião de setembro, as queixas foram sobre os bilhetes de época, os incidentes ocorridos em Ajaccio na 38.ª jornada da época passada e a política de formação do OM Campus, depois de vários jogadores do Marselha não terem sido aproveitados pelo clube.
"Repeti-lhe a nossa insatisfação com os bilhetes de época, porque tínhamos de pagar mais dez euros por um jogo da Liga dos Campeões que não vimos. Também tinha este dossier, que me caiu no colo este verão, sobre o Campus, um dossier que não foi tratado (...). Quando os pais vêm ter connosco com lágrimas nos olhos, à beira de um esgotamento nervoso, como marselheses, não podemos ficar insensíveis. De facto, trouxe alguns pais comigo para a reunião. Pedro Iriondo (diretor-geral) devia ter sido o responsável por este assunto, mas denegriram as famílias e os pais (...). Também não gostámos do que aconteceu em Ajaccio: tivemos feridos e ele não se deu ao trabalho de os ir ver. Não se preocupou com os cerca de cinquenta apoiantes que foram atingidos na cara com projécteis ou espancados pelo CRS. Foi um erro da sua parte", explicou Rachid Zeroual.
Longoria confirmou que apresentou queixa mas o líder da claque esclarece a situação.
"Não é contra nós, apenas porque estava a ser pressionado por outra pessoa. Acima de tudo, insisti para que ele esclarecesse tudo e deixasse claro que não houve ameaças de morte da nossa parte", disse.
O emblemático líder dos South Winners lamentou que não tenha sido possível fazer um esclarecimento na semana passada, durante o jogo do Marselha com o Lyon, que acabou por não ser disputado.
"A última coisa que ouvi foi que ele queria fazê-lo, mas com os incidentes contra o Lyon, não foi possível... No entanto, defenderam as associações relativamente ao apedrejamento, e esse poderia ter sido o momento para dizer a verdade sobre essa reunião", acrescentou.
Por fim, Zeroual falou dos incidentes ocorridos nas imediações do Velódrome com os autocarros do Lyon, a começar pelo autocarro dos jogadores.
"É bom que esse tipo de acontecimento seja raro, porque as pessoas tentam fazer crer que em Marselha recebemos os clubes adversários dessa forma o tempo todo", disse.
"Não suporto o que aconteceu contra o Lyon. As pessoas falam de independentes, mas eu diria que são extremistas. São fanáticos, pessoas que tomam conta das bancadas, que estão camufladas, que podem ou não pertencer a um grupo. As autoridades exerceram tanta pressão sobre os grupos de adeptos que o seu papel principal foi esquecido. E foi devido a estes casos isolados, a este desabafo, que se cometeu este erro, o que é inaceitável", acrescentou.
Zeroual recorda ainda os seus tempos nas bancadas do Velódrome, nos anos 80 e 90: "Lutei durante muito tempo contra a violência, que muita gente esqueceu, obviamente".