Terceiro classificado da Ligue 1, depois de mais uma derrota no Stade Velodrome, às mãos de uma equipa que parecia acessível, o Marselha é o visitante deste fim de semana, deslocando-se ao norte de França para defrontar o Lens. Um estatuto que lhes assenta que nem uma luva desde o início da época.
Sim, no Marselha, este ano, tudo é preto e branco. Não existe meio-termo e Roberto De Zerbi, que chegou com grande entusiasmo no verão passado, já pagou o preço. Se o italiano é o problema, vai aceitá-lo e deixar o seu posto sem hesitar, como explicou numa conferência de imprensa após o Auxerre: "Venho do bairro, sou direto, não falo por falar. Já o disse a Medhi Benatia e a Pablo Longoria: se eu sou o problema, estou pronto para sair. Deixo o dinheiro e termino o meu contrato".
A melhor equipa da Ligue 1 fora de casa esta época, o Marselha está a ter dificuldades em casa, ocupando o 17.º lugar em termos de anfitriões à medida que o mês de novembro se aproxima do fim. Neste sábado, os Phocéens gostariam de enviar uma mensagem forte vencendo no Stade Bollaert, antes de trabalhar para ver dias mais felizes no Velódromo.
"Fico louco por não entender por que podemos fazer certas coisas fora de casa, mas não em casa". Esta foi certamente a declaração mais chocante da última conferência de imprensa de Roberto De Zerbi. De qualquer forma, é uma declaração que mostra a sinceridade e a transparência do treinador italiano.
Com a primeira metade da temporada a terminar antes da pausa internacional, era altura de fazer um balanço após a derrota por 1-3 frente ao Auxerre. Uma pergunta percorre a mente do técnico, da equipa técnica, dos dirigentes e, certamente, dos próprios jogadores: por que o Marselha tem duas caras? É uma pergunta que deixa o treinador italiano louco, dado o potencial da sua equipa fora de casa.
Fora do Stade Velodrome, o Marselha é a melhor equipa do campeonato. Tem 15 pontos e o melhor ataque, com 18 golos marcados. Segue-se o PSG, com 14 pontos e 16 golos. Foram vários os jogos de mestre, incluindo as vitórias em Brest (1-5), Montpellier (0-5) e Lyon (2-3). Estatísticas e factos que só podem aumentar a sua confiança antes de uma viagem a um estádio tão histórico como o Bollaert.
Mas a ideia seria ter continuidade entre os jogos fora, que têm sido mais do que bem-sucedidos, e os jogos em casa. É impossível explicar como o Marselha pode estar no topo da tabela fora do Velódromo, e apenas 17.º em casa (5 pontos conquistados, 6 golos marcados e 9 sofridos). Como é que pode passar de ser o melhor ataque fora de casa para um dos piores em casa?
A única explicação plausível reside na famosa pressão do Velódrome e dos adeptos. Isto significa que existe uma potencial falta de carácter e personalidade entre alguns jogadores, especialmente os recém-chegados. Algo que De Zerbi sublinhou depois do Auxerre. Outro indício é o nível de alguns dos jogadores de De Zerbi. Pol Lirola, que sofreu contra o Auxerre - todos os golos foram na sua zona -, Ulisses Garcia e Michael Murillo vêm à mente.
Mas, ao mesmo tempo, esses mesmos rapazes são capazes de se superar quando se trata de viajar para La Beaujoire ou para o Estádio de Toulouse. "Não vivo para o segundo lugar, para a tabela classificativa ou mesmo para ganhar. Estou-me a cagar para isso", avisou: "Jogar no Velódromo é um privilégio. Quero poder passar para as pessoas que trabalham comigo o que penso sobre futebol. E não posso fazer isso". Em suma, De Zerbi terá de encontrar a razão do problema, mesmo que isso implique fazer algumas escolhas difíceis. Os jogadores foram avisados. Cabe-lhes mostrar o que valem em Lens, no sábado, às 16 horas.