1.º Dezembro 0-3 Varzim
Em Sintra, o Varzim jogava uma das últimas “vidas” para subir de divisão. Já o 1.º Dezembro, a jornada servia apenas para desfrutar de uma fase de campeão que lhe trouxe menos exigência do que a outros candidatos assumidos. Ganhou quem mais precisava de ganhar e quem foi mais eficaz no aproveitamento das (poucas) oportunidades de golo.
Vamos ao jogo
Equipas estruturadas praticamente em espelho – ambas em 3-4-3 – tornando mais desafiante a criação de espaços livres. Para tal, cada equipa contava com posicionamento tático específico e distinto, sobretudo na primeira fase de construção a partir do guarda-redes. Enquanto o 1.º Dezembro utilizava a subida habitual de um defesa central para formar um duplo pivô à frente da linha defensiva e tentar gerar superioridade no meio-campo, o Varzim optava por sair pelos três centrais para obrigar o adversário a assumir referências individuais.

O jogo de pares (2v2) no meio-campo dificultava a ligação a esses médios, pelo que o jogo direto com o avançado se tornava uma opção declarada (e preparada). Aos três minutos de jogo, já Moshood tinha sido requisitado três vezes no ataque à profundidade, sempre com o central Cesinha como sombra, naquele que foi um dos melhores duelos ao longo do jogo.
O jogo vivia da conquista de duelos diretos e era preciso, a partir de uma segunda fase de construção, criar ações que permitissem atacar alinha defensiva do adversário. Para a equipa do 1.º Dezembro emergia o médio Alex Sousa no ataque ao espaço central, muitas vezes deixado livre pela dinâmica ofensiva dos três da frente. Excelente disponibilidade física e mental durante todo o jogo, conseguindo gerar movimentos de profundidade e recuperar rapidamente a sua posição se não fosse solicitado.

Por volta dos 35’, houve duas boas oportunidades para a equipa da casa se adiantar no marcador... e aquela velha máxima de “quem não marca sofre”. No minuto seguinte, surgiu o primeiro movimento do avançado do Varzim com bola fora do corredor central, vindo da esquerda para dentro para rematar. Do ressalto, a bola sobrou para o médio Cláudio Araújo que, livre de marcação, inaugurou o marcador e também a conta pessoal.
No início da segunda parte o jogo manteve a toada. Perante o "encaixe", a solução para sair da zona de pressão estava sobretudo na variação do corredor e na capacidade dos centrais-laterais para progredir com bola (sobretudo de João Freitas, no 1.º Dezembro, e de Lourenço Henriques, no Varzim).
Foi a partir dos 60’ que os treinadores começam a tentar agitar o jogo. Mais pelas características dos jogadores do que por modificações táticas. Primeiro, no 1.º Dezembro entrou o avançado Pedro Clemente, já várias vezes decisivo, voltando o extremo Diogo Cardoso à sua posição mais habitual. O treinador do Varzim colocou o experiente médio Fábio Pacheco ao lado do capitão Rubén Oliveira, fazendo Cláudio Araújo derivar para extremo esquerdo. Vitor Paneira queria mais solidez defensiva da sua equipa, mas o que ganhou foi mesmo o golo da tranquilidade.
Beneficiando da nova posição, o n.º 22 varzinista aproveita uma 2.ª bola e remata de fora da área para o 0-2, naquele que foi o momento do jogo: Em linhas de três defesas-centrais que jogam só com dois médios à frente, se o adversário “chamar” esses médios à pressão mais alta e depois optar por uma saída mais longa não sobra ninguém para as segundas bolas. Com avançados possantes que exijam marcação e cobertura, o ressalto tem grandes hipóteses de encontrar os extremos em espaços interiores que tirem partido de situações de igualdade ou ligeira inferioridade, de frente para o jogo, nas imediações da baliza contrária. Foi o caso…

Até final, pelo meio de lesões e várias substituições, apenas mais um lance de registo - precisamente o 0-3 para os forasteiros. Cláudio Araújo incorporou-se mais uma vez na área para beneficiar de um cruzamento do ala Joel Monteiro para, livre de marcação, fechar o jogo.
Vitória justa dos poveiros que se mantêm vivos até à última jornada na luta com o Belenenses pelo terceiro lugar que dá acesso ao play-off de subida. Ambas as equipas jogam em casa contra adversários que já têm a sua situação definida. No limite pode até ser a diferença de golos que garante a vaga.
Promete!
