Mais

Opinião Liga 3: Como é que o Sporting B venceu o Amarante e garantiu a subida

Opinião Liga 3: Como é que o Sporting B venceu o Amarante e garantiu a subida
Opinião Liga 3: Como é que o Sporting B venceu o Amarante e garantiu a subidaProfimedia
Nesta rubrica assinada por João Daniel Rico, o treinador propõe-se a analisar um jogo de Liga 3 por semana até ao final da época. Nas palavras do próprio, procura sempre observar os detalhes que realmente fazem a diferença, focando o seu olhar, circunstancial e sem conhecimento do processo “por dentro”, na componente estratégico-tática e na forma como os treinadores agiram durante o jogo.

Sporting B 2-0 Amarante 

Em Alcochete, a equipa B do Sporting partia para a última jornada em busca da subida direta à 2.ª Liga, dependendo só do seu resultado. Para o Amarante, era o fechar de uma época de estabilidade para uma equipa bastante competitiva, apenas um ano após ter conquistado o Campeonato de Por-tugal. Os “leões”, mais determinados, foram sempre superiores e o resultado até peca por escasso.

Vamos ao jogo.

Sporting B, no seu sistema habitual (3-4-3), entrou muito pressionante e desde cedo tentou condicionar a construção do seu adversário. O Amarante adaptou-se para jogar numa linha de 5 defesas (5-3-2) e, especialmente na primeira parte, sentiu bastantes dificuldades para ligar setores e chegar a zonas de finalização. 

Estruturas táticas das equipas
Estruturas táticas das equipasFlashscore

Partindo de uma tentativa de construção curta desde o seu guarda-redes a 4 homens, assim que a bola entrava no corredor lateral (a receber baixo) havia uma pressão por parte dos jovens do Sporting que dificultava a progressão e a variação de corredor de jogo.

A defender, os comandados de Álvaro Madureira estabeleciam um bloco médio, focado em proteger o corredor central com os dois avançados e o tridente de meio campo. Mas o Sporting conseguia encontrar espaço quer na ligação aos alas - sobretudo no corredor esquerdo - onde Salvador Blopa imprimia uma intensidade superlativa (é dele o cruzamento que encontra Rafael Besugo solto na área para o 1-0), quer pelos movimentos variáveis dos extremos: 

1 -  vinda ao corredor, permitindo a projeção do ala;

2 - receção por dentro (em espaço curto)  e aceleração em posse. 

Neste aspeto, o capitão Manuel Mendonça teve na primeira fase do jogo um impacto importante.

Estes dois jogadores do Sporting B foram dos melhores em campo. O prémio não vai para eles, mas bem poderia ir.

Já lá vamos…

Dinâmicas de ligação do Sporting B
Dinâmicas de ligação do Sporting BFlashscore

Na primeira parte os visitantes nunca conseguiram incomodar Diego Callai.

Ao intervalo, duas substituições para os alvinegros, neste jogo vestidos de rosa. Entradas de Okoli para reforçar o meio-campo e de Cardoso para a frente de ataque, em troca com Baba Zakari. Viu-se um Amarante mais capaz de ter bola em campo contrário, com o ala esquerdo Leandro Mike mais subido, a dar mais profundidade pelo corredor (ainda que sem a resposta desejada no lado contrário, onde apenas quando o medio Faissal Zangré se encostou ao corredor viu-se um vislumbre de ataque dos forasteiros por esse lado).

2.ª parte - desdobramento do Amarante pelo corredor esquerdo
2.ª parte - desdobramento do Amarante pelo corredor esquerdoFlashscore

Mas era o Sporting B que ia conseguindo gerar oportunidades, especialmente a partir do momento em que o técnico João Gião trocou Salvador Blopa para o lado direito. Muito forte nos duelos, defensivos e ofensivos, e com grande capacidade para progredir no corredor, foi um desequilibrado constante.

O momento do jogo chega aos 60 minutos. Logo após mais duas substituições no Amarante, na tentativa de levar um resultado positivo, um passe do guarda-redes ao defesa central é intercetado pelo avançado Afonso Moreira, que caminha na direção da baliza e finaliza para o 2-0.

Este é o momento que marca o jogo. E é o momento que me leva a escolher o n.º 90 do Sporting como homem do jogo. Ficou a dever a si mesmo mais alguns golos, mas mostrou-se sempre muito disponível e com capacidade para gerar ocasiões. Acaba por fazer o golo que trouxe a tranquilidade à equipa e a certeza que a subida de divisão já não fugia.

Até final, o Amarante ainda foi em busca de algo, sobretudo a partir da entrada do médio Chico Sousa. Mas o resultado estava feito.

Um prémio para a regularidade dos leões que, depois de uma primeira fase onde se apuraram à justa, mostraram grande capacidade nesta fase de campeão (apenas 2 derrotas em 14 jogos) e voltam à Liga 2 sete anos depois.

Ponto quase final nesta edição da Liga 3. 

Falta apenas saber se o Belenenses se consegue juntar a Lusitânia Lourosa e Sporting B, na disputa próxima com o Paços de Ferreira.

PS: Foi um gosto colaborar com o Flashscore nesta análise semanal a um jogo da Liga 3. O foco estava sobretudo na fase de subida, mas também foram analisados jogos das duas séries da fase de manutenção. Esta liga é uma viveiro de jogadores, um misto de experiência com juventude, que pode vir a marcar os próximos anos do futebol profissional em Portugal.

A análise de João Daniel Rico
A análise de João Daniel RicoFlashscore