Lusitânia de Lourosa 1-0 Belenenses
Em Lourosa defrontaram-se os dois primeiros classificados da fase de Apuramento de Campeão da Liga 3. Eram. Já não são. Porque com a derrota e restante conjugação de resultados o Belenenses caiu para o 5.º lugar. Contingências de uma ponta final de campeonato que se espera extremamente competitiva e renhida. Basta atender que, nesta jornada, todos os jogos desta fase terminaram com o mesmo resultado: 1-0 ou 0-1.

Vamos ao jogo
Equipas perfiladas de forma semelhante (4-3-3) à exceção do posicionamento no setor médio - Lusitânia em 1+2 e Belenenses em 2+1. Na prática, os visitantes abordaram o início de jogo de forma mais cautelosa e a falta de pressão à progressão dos defesas centrais (DC) ia permitindo aos da casa chegar com alguma facilidade, pelos corredores, a zonas de finalização. Fase inicial de grande ímpeto, com cruzamentos perigosos, livres laterais, lançamentos de linha lateral para a área e, sobretudo, conquistas da maior parte das bolas divididas.
Belenenses preocupado mais em fechar os caminhos “por dentro” e em aguentar essa entrada em jogo que se previa forte - nos últimos cinco jogos, em quatro deles o Lusitânia marcou antes dos 15 minutos. A partir os 20', o jogo mudou e já não foi o mesmo até final. O Belenenses subiu a pressão e condicionou mais a saída do adversário. Mas sempre que não era possível jogar curto, os de Lourosa sabiam que tinha um plano B.
Quem tem Goba Zakpa a segurar a bola, tem sempre um plano B. O costa-marfinense é um dos destaques individuais do jogo. Várias ações individuais de grande qualidade, mais longe ou mais perto da área, culminando com a assistência para o golo decisivo de Sérgio Ribeiro aos 58’. Esse terá que ser o momento do jogo, pois é dele que nasce o resultado final.
Até ao fim da partida, foram os treinadores a jogar
João Nuno, técnico do Belenenses, foi o primeiro a mexer no tabuleiro. Primeiro, passando para um 4-4-2 para ter mais presença física na frente, juntando ao colombiano Camilo Triana outro avançado, Rodrigo Pereira. Respondeu Pedro Miguel, técnico do Lusitânia de Lourosa, com substituições e adaptação estrutural para um 5-4-1 - linha de 5 defesas, 4 médios e 1 avançado.
Os azuis apertavam e Zakpa, já desgastado e muito sozinho na frente, chegava no apoio pela direita um “comboio” chamado Diogo Castro que, como lateral ou ala, por fora ou em movimentos interiores, encheu o flanco.
Até final, mais duas tentativas do técnico do Belenenses para inverter o rumo. Primeiro, colocando o médio Diogo Paulo a defesa central pela esquerda, de forma a ter progressão com bola pelo pé forte de ambos os DC. Processo de chegada à frente idêntico ao da fase inicial do jogo.
Depois, num último assomo, com a entrada de Gabriel Passos, outro DC, mas para avançado, terminando o jogo com três referências de alta estatura na frente e uma linha defensiva a três remendada. Com jogadores pelos corredores e praticamente sem médios. Era o tudo ou nada que se exigia. O objetivo era claramente fazer a bola chegar à área através de cruzamentos, uma vez que o adversário tinha o espaço central bem preenchido e os setores muito próximos.
Nestes momentos, o treinador espera que a “anarquia tática” seja equilibrada pelo carácter volitivo dos jogadores e que a audácia compense. Desta vez não chegou, mas teve perto.
Melhor em campo
Num jogo tão equilibrado, destacar um jogador para melhor em campo é sempre complexo. Ainda assim, pela forma como se impôs no jogo aéreo, pelas ações individuais de disputa, pela confiança para ter a bola e por ter jogado em três posições na linha defensiva, a escolha recai sobre Afonso Pinto, defesa do Belenenses de apenas 20 anos.

No que à fase de subida diz respeito, ainda que possam pairar fantasmas da época passada, o Lusitânia de Lourosa tem já um pé na Liga 2. São já seis pontos de vantagem para o 3.º lugar para uma equipa que nos últimos 17 jogos perdeu apenas um…
