Em vésperas do arranque da fase de todas as decisões, o Flashscore ouviu os treinadores que vão lutar pela subida de divisão. Terminamos com Pedro Caneco, treinador do 1.º Dezembro.
"O 1.º Dezembro foi uma equipa consistente"
- O Pedro não esteve no 1.º de Dezembro durante a fase regular, mas teve a oportunidade de jogar contra eles. A minha primeira pergunta é precisamente nesse sentido: visto de fora, como é que analisou este trajeto do 1.º Dezembro e se considera justa a presença da equipa na fase de subida?
- Sim, logo desde o início percebia-se que, a partir do final da época do 1.º Dezembro do ano passado, também com as suas contratações e os reforços que fez, apesar de não se esperar à partida que fosse uma equipa a lutar pela subida de divisão, tinha-se preparado melhor para esta época. Agora, realmente, é uma surpresa a participação nesta fase, no sentido em que não foi uma daquelas equipas que mais insistiu para isso. A verdade é que, ao longo do campeonato - e falo sempre como alguém que foi adversário e vê de fora -, foi uma equipa regular, consistente em praticamente todos os jogos.
Não houve um jogo do 1.º Dezembro em que se possa dizer que esteve muito aquém; bateu-se com todos os adversários e, por mérito próprio, conseguiu estar nessa fase, acabando inclusive em segundo lugar com alguma, digamos, tranquilidade, pela forma como o conseguiu. Portanto, é notável, até porque toda a gente sabe que o 1.º Dezembro não é um clube com um orçamento muito elevado. Mas isto é realmente a prova de que é dentro de campo que se definem as questões desportivas, e o 1.º Dezembro esteve, de facto, muito bem.
- Comprovou a qualidade quando chegou?
- Aquilo que constato ao chegar, apesar de ter passado apenas uma semana - e não quero cometer nenhum erro com esta análise prematura -, é que foi realmente feito um bom trabalho pela equipa técnica anterior. Isso é visível até para quem observa de fora, como é óbvio, mas sente-se que as coisas estavam bem organizadas. Depois, ao nível da estrutura, não é uma estrutura completamente profissional, nem uma estrutura com muita gente, mas é uma estrutura que se destaca por ser familiar. Essa proximidade facilita os processos e também algumas decisões, o que penso ser uma das chaves do sucesso. E, depois, aquele que para mim é o fator mais importante que encontro ao chegar é o grupo que tenho. Quando falo do grupo, não me refiro apenas aos jogadores, mas à relação entre jogadores, staff e direção - é algo muito familiar, com uma energia muito positiva. Na minha opinião, e volto a referir que é apenas a minha opinião, baseada numa semana que é ainda muito curta e prematura, penso que este grupo de jogadores, o ambiente que se vive no balneário e a forma como trabalham são fatores que inevitavelmente dão resultados e justificam terem feito uma primeira fase tranquila e alcançado esta fase de subida.

"A ideia principal é manter o bom trabalho que já estava feito"
- Segue-se a fase de subida. O que espera?
- Nesta fase de subida, como é óbvio, o nível de complexidade dos jogos aumenta, assim como o nível de competitividade. Portanto, o que nós esperamos internamente e o que eu espero à chegada é dar continuidade. Sinceramente, não vim para implementar algo novo ou exigir o que quer que seja. O que é expectável, pelo menos para a nossa equipa técnica, é dar continuidade ao trabalho feito: que a equipa continue a ser competitiva em todos os jogos, como foi na primeira fase, porque isso foi a chave do sucesso. Esperamos que mantenha uma atitude competitiva em todos os jogos e consiga bater-se com todos os adversários, quer em casa, quer fora. Apesar de o nível ser mais elevado, a verdade é que o 1.º Dezembro foi competitivo em todos os jogos, discutiu todos os resultados, e é exatamente isso que se espera para esta fase do campeonato.
- Muda algo em termos de preparação nesta fase, por estarem em prova as oito melhores equipas a nível nacional?
- É assim, uma coisa são as minhas ideias como treinador e as da minha equipa técnica, outra coisa são as ideias que o clube já tinha. Portanto, em relação à mudança da primeira para a segunda fase, não me posso pronunciar, porque não era eu o treinador. No entanto, a ideia principal é manter o bom trabalho que já estava feito, ou seja, dar continuidade ao trabalho, respeitando as características dos jogadores. A verdade é que eles conseguiram ter sucesso na forma como se relacionam entre si, e a ideia, mais uma vez - como disse anteriormente -, não passa apenas pelos objetivos ou pela dinâmica de grupo, mas também pela forma de jogar. O objetivo é manter, porque, se estava a correr bem, acho que é isso que devemos fazer.

- Falamos sempre muito de favoritos e candidatos. Qual a sua visão sobre este tema e em que ponto podemos colocar o 1.º Dezembro?
- A ideia é ir jogo a jogo, que foi, muito sinceramente, o que já tinha sido feito na primeira fase, sem pensar em manutenções antecipadas ou em fases de subida. O foco foi, e continuará a ser, jogar jogo a jogo e ser competitivo. Nada vai mudar nesse aspeto. Sabemos que há favoritos, sabemos que há candidatos assumidos - alguns deles investiram bastante e, além disso, têm historial, o que lhes dá uma maior obrigação de subir de divisão. Da nossa parte, a obrigação é sermos competitivos em todos os jogos.
É isso que vai acontecer, sempre com o olhar no jogo seguinte. Neste caso, o nosso próximo adversário é o Fafe, e é para esse jogo que estamos focados. O objetivo é analisar o Fafe e perceber o que podemos fazer. É certo que, numa semana, não conseguimos trabalhar tudo nem aprofundar muito, por isso esta fase tem sido mais para conhecer os jogadores e perceber as suas características, de forma a alinhá-las com o que queremos para o próximo jogo. E será assim até ao final: jogo a jogo, preparando cada desafio para sermos sempre competitivos.
- Que análise faz à Liga 3? Este é o seu segundo ano na prova...
- Agora vou passar por uma fase que ainda não experimentei, que é a fase de campeão. No ano passado, estive na fase de manutenção. Apesar da Liga 3 não ter muitos anos, o que vejo é muita competitividade. Acho que essa é a grande valência desta Liga: os jogos são sempre muito disputados e os resultados estão sempre em aberto, tornando difícil qualquer previsão.
Não há um grande desnível entre as equipas, o que torna a divisão competitiva e, ao mesmo tempo, atrativa para os treinadores, porque preparamos qualquer jogo com a certeza de que podemos vencer o próximo adversário. Além disso, existe uma visibilidade muito grande, com muitos jogadores e treinadores a conseguirem dar o salto para as ligas profissionais, inclusive saltos de duas divisões - da Liga 3 diretamente para a Liga. Isso é um sinal claro da competitividade e da qualidade da Liga, mas também da sua visibilidade. Sem essa visibilidade, esses saltos, por vezes tão rápidos, não aconteceriam.

"Aos adeptos, continuem a acreditar"
- Como está a viver esta etapa do ponto de vista mais pessoal? Trata-se de um regresso a um clube que bem conhece.
- Estive no clube nas épocas 2017/18 e 2018/19. Só a COVID-19 me tirou de Sintra, naquela interrupção provocada pela pandemia. Depois desses anos, regresso ao clube e encontro as mesmas pessoas, o que é importante e acaba por me facilitar o trabalho, porque já me conhecem. (...) Aproveito também para agradecer ao presidente pela aposta.
- Que mensagem quer deixar para os adeptos do 1.º Dezembro?
- Continuem a apoiar a equipa, continuem a apoiar nos nossos jogos, este que será fora, mas também os nossos jogos em casa. E, acima de tudo, continuem a acreditar, tal como nós, jogo após jogo, a dar o nosso melhor para aproximar os jogadores da vitória.
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