Natural da Covilhã, Rafa Peixoto sempre teve o sonh... objetivo (!) de ser profissional no SC Covilhã. Quis o destino que isso se concretizasse logo na sua primeira época no futebol sénior.
O jovem lateral não esquece a importância do mister Leandro Grimi, antigo jogador do Sporting, para a sua afirmação no emblema serrano, que inicia este fim de semana a luta pela manutenção na Liga 3.
Fã de Kyle Walker e Theo Hérnandez, atuais jogadores de Sérgio Conceição no AC Milan, Rafa Peixoto sonha com a Liga, mas mantém a "humildade" e os "pés bem assentes no chão", como dá conta nesta entrevista ao Flashscore.

"Um dos meus sonhos sempre foi ser sénior no Covilhã"
- Como começou a paixão pelo futebol?
- Tudo começou muito cedo. Desde pequeno, comecei por jogar nos intervalos da escola. Ainda me lembro perfeitamente disso. Surgiu então a ideia de perguntar ao meu pai se me podia inscrever num clube para jogar mais a sério e começar a treinar com pessoal da minha idade. Tudo começou por aí, num clube aqui da região, na Covilhã.
- Sabemos que o futebol é o sonho de muitas crianças, mas quando é que o Rafael percebe que gostava efetivamente da modalidade e que tinha o desejo de ir em busca do profissional?
- Acho que foi por volta dos sub-13, sub-14, porque já sabia mais ou menos o meu potencial, visto que tinha várias equipas interessadas em mim desde muito cedo. Comecei então a pensar que podia fazer disto a minha vida e foi mais ou menos nessa altura que comecei a ter mais visibilidade, com mais clubes atrás de mim. Depois, quando fui para o Desportivo de Chaves, num contexto mais sério, porque já era júnior, uma etapa mais próxima dos seniores, percebi efetivamente que podia atingir o patamar profissional.
- Como é que foi essa etapa em Chaves? Da Covilhã às Chaves ainda são uns bons quilómetros de distância...
- Foi muito boa. Acho que me adaptei bastante bem. Foi o primeiro ano em que estive longe da minha família e do meu ambiente familiar, mas correu muito bem. Inclusive, fiz uma grande época, tanto a nível individual como coletivo, e foi mesmo fantástico. Gostei bastante e acho posso dizer que foi uma grande passagem minha pelo Chaves.

- Acaba por regressar à sua cidade de Natal e ao SC Covilhã, um clube que já tinha representado na formação. O objetivo era os seniores?
- Claro, claro. Saí do Chaves e vim para aqui com o objetivo de fazer a transição para o futebol sénior. Quando cheguei, infelizemente, tive uma lesão e só voltei em janeiro ou fevereiro, se bem me recordo, começando a jogar pelos juniores para recuperar o ritmo. Este ano voltei, mas para integrar a equipa principal.
- Quando era mais jovem, sonhava em chegar à equipa principal do Covilhã? Pergunto isto porque o Covilhã acaba por ser o clube mais representativo da sua região, não é verdade?
- Sim, sempre tive essa ambição de chegar à equipa A do clube da minha região, da minha terra. Sempre foi um dos meus objetivos e quis começar o meu percurso no futebol sénior pela equipa A do Covilhã.
- Acredito que seja uma responsabilidade acrescida, até porque deve conhecer muitas das caras que surgem nas bancadas. Qual é mesmo o sentimento?
- É o sentimento de estar a defender o clube da minha região, aquilo de que gosto, que amo. É mesmo uma sensação única jogar pelo clube da minha terra.

"O mister Grimi deu-me a mão e sempre acreditou em mim"
- Como é que foi também essa adaptação ao futebol sénior, ainda por cima logo num contexto de Liga 3?
- Está a ser um ótimo ano para mim, porque, no meu primeiro ano de sénior, não contava com tantos minutos. Mas agradeço, principalmente, ao Covilhã e às pessoas que fazem parte do clube, que sempre acreditaram em mim, no meu potencial e nas minhas capacidades. Sempre senti muita confiança de toda a gente. É a eles que devo a época que tenho feito.
- Onde sente que evoluiu mais depois de começar a jogar a nível profissional?
- Acho que evoluí muito nas questões táticas, o que é normal.Também aprendi muito sobre a intensidade do jogo. Fui melhorando nesse aspeto, que é um contexto diferente, o sénior. São jogadores que já passaram por campeonatos bastante exigentes e experientes. E acho que isso faz toda a diferença.

- Tem como treinador o Grimi, antigo jogador do Sporting. Como é essa relação?
- Ele vai-me dando algumas dicas, até porque foi lateral-esquerdo e eu sou lateral-direito. Então, há essa proximidade e ele ajuda-me bastante. Foi um treinador que me deu a mão e que sempre acreditou em mim, nas minhas capacidades. A ele devo-lhe tudo.
- E qual a sua opinião sobre a Liga 3? Terminou recentemente a primeira fase e o clube não alcançou a fase de promoção.
- Claramente não terminámos no lugar que desejávamos. Mas sentimos que, em termos pontuais, não ficámos assim tão longe. Acho que derrapámos em alguns jogos. Mas pronto, faz parte, é uma equipa muito jovem e acho que é um processo para começar a conciliar. A nível da Liga 3, é um campeonato bastante competitivo, com muitos bons jogadores e muitas boas equipas. Não há assim uma grande diferença entre as equipas. Acho que é tudo taco a taco. E é por isso que torna a Liga tão competitiva.

"A velocidade é um dos meus pontos fortes"
- Para quem não o conhece tão bem, como é que apresenta o seu jogo? Quais são os seus pontos mais fortes?
- Eu acho que os meus pontos fortes são visíveis. A velocidade é um deles. Sou muito forte nos duelos, tanto ofensivos como defensivos. Tenho um bom jogo aéreo. Acho que se resume a isso, muito na velocidade. Sou também um jogador bastante inteligente, com bons processos para gerir o jogo. Sei quando é para acelerar e quando é para pausar o jogo.
- E quais os pontos que precisa de melhorar?
- Há sempre coisas que podemos melhorar. Talvez a nível de posicionamento ainda haja espaço para progredir. (...) Tenho de estar sempre ativo e ligado ao jogo.
- Além do que trabalha em treino, quais as preocupações que tem fora do campo? E o que costuma fazer nos tempos livres?
- Tenho muito cuidado com a alimentação. Acho que é um dos fundamentos essenciais para um jogador de futebol. Além disso, fora dos treinos e do contexto de futebol, costumo estar em casa, ver filmes e séries, e também vejo bastante futebol. Acompanho muito a Liga dos Campeões, a Liga Portugal, a Premier League. Gosto muito de ver. Inclusive, gosto de observar jogadores da minha posição.
- Quais são as suas referências?
- Assim, na minha posição, o jogador que mais me caracteriza é talvez o Walker, que agora está no AC Milan. Também gosto muito do Theo Hernandez. Apesar de ser lateral-esquerdo, acho que me identifico muito com ele pela velocidade e pelas arrancadas.

"As pessoas da Covilhã sentem muito o clube"
- O que ainda espera fazer esta temporada a nível individual?
- Tenho de manter sempre os pés bem assentes no chão e manter a humildade no trabalho. Claro que a minha formação foi muito positiva, mas a verdade é que ainda não conquistei nada. Se me perguntar qual é o meu objetivo a nível individual, claro que não vou esconder: a curto e médio prazo, quero chegar à Liga. Trabalho todos os dias para concretizar esse objetivo.
- E a nível coletivo?
- Quanto à equipa, o objetivo não é só para garantir a manutenção, mas sim lutar pelos primeiros lugares nessa fase.

- Como está a relação com os adeptos?
- As pessoas aqui da cidade sentem muito o clube, vivem muito o clube. E é normal que não estejam tão satisfeitos, porque pensavam que conseguíamos subir, pelo menos, à segunda fase e tentar lutar pela Liga 2. Mas nunca deixaram de acreditar na equipa. Continuam a aplaudir-nos no estádio. Acho que isso é bastante importante para nós, para o nosso sucesso, no fundo para continuarmos a nossa caminhada.
- Por fim, e já falou um bocadinho sobre isso, gostava de lhe perguntar onde é que se imagina daqui a cinco anos?
- Eu digo sempre isto: tenho de manter os pés bem assentes no chão, trabalhar com humildade, mas claro que todos nós temos aquele bichinho cá dentro e gostamos de estar no topo do futebol. E é isso que eu também quero e trabalho para isso. Tentar chegar aos maiores palcos do futebol. A Premier League, adorava. A Liga, adorava imenso. Trabalho todos os dias para concretizar esse desejo.