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Rafa Peixoto: "Trabalho todos os dias para concretizar o desejo de chegar à Liga"

Rafa Peixoto cumpre primeira temporada no futebol sénior
Rafa Peixoto cumpre primeira temporada no futebol séniorArquivo Pessoal, Flashscore
O SC Covilhã inicia, este sábado, nas Caldas da Rainha, a participação na fase de manutenção na Liga 3. Rafa Peixoto, lateral de 20 anos, cumpre a sua primeira temporada como sénior e tem sido opção regular para o treinador Leandro Grimi.

Natural da Covilhã, Rafa Peixoto sempre teve o sonh... objetivo (!) de ser profissional no SC Covilhã. Quis o destino que isso se concretizasse logo na sua primeira época no futebol sénior.

O jovem lateral não esquece a importância do mister Leandro Grimi, antigo jogador do Sporting, para a sua afirmação no emblema serrano, que inicia este fim de semana a luta pela manutenção na Liga 3.

Fã de Kyle Walker e Theo Hérnandez, atuais jogadores de Sérgio Conceição no AC Milan, Rafa Peixoto sonha com a Liga, mas mantém a "humildade" e os "pés bem assentes no chão", como dá conta nesta entrevista ao Flashscore.

O objetivo de Rafa é chegar à Liga
O objetivo de Rafa é chegar à LigaSC Covilhã, Opta by Stats Perform

"Um dos meus sonhos sempre foi ser sénior no Covilhã"

- Como começou a paixão pelo futebol?

- Tudo começou muito cedo. Desde pequeno, comecei por jogar nos intervalos da escola. Ainda me lembro perfeitamente disso. Surgiu então a ideia de perguntar ao meu pai se me podia inscrever num clube para jogar mais a sério e começar a treinar com pessoal da minha idade. Tudo começou por aí, num clube aqui da região, na Covilhã.

- Sabemos que o futebol é o sonho de muitas crianças, mas quando é que o Rafael percebe que gostava efetivamente da modalidade e que tinha o desejo de ir em busca do profissional?

- Acho que foi por volta dos sub-13, sub-14, porque já sabia mais ou menos o meu potencial, visto que tinha várias equipas interessadas em mim desde muito cedo. Comecei então a pensar que podia fazer disto a minha vida e foi mais ou menos nessa altura que comecei a ter mais visibilidade, com mais clubes atrás de mim. Depois, quando fui para o Desportivo de Chaves, num contexto mais sério, porque já era júnior, uma etapa mais próxima dos seniores, percebi efetivamente que podia atingir o patamar profissional.

- Como é que foi essa etapa em Chaves? Da Covilhã às Chaves ainda são uns bons quilómetros de distância...

- Foi muito boa. Acho que me adaptei bastante bem. Foi o primeiro ano em que estive longe da minha família e do meu ambiente familiar, mas correu muito bem. Inclusive, fiz uma grande época, tanto a nível individual como coletivo, e foi mesmo fantástico. Gostei bastante e acho posso dizer que foi uma grande passagem minha pelo Chaves.

Os números de Rafa Peixoto
Os números de Rafa PeixotoFlashscore

- Acaba por regressar à sua cidade de Natal e ao SC Covilhã, um clube que já tinha representado na formação. O objetivo era os seniores?

- Claro, claro. Saí do Chaves e vim para aqui com o objetivo de fazer a transição para o futebol sénior. Quando cheguei, infelizemente, tive uma lesão e só voltei em janeiro ou fevereiro, se bem me recordo, começando a jogar pelos juniores para recuperar o ritmo. Este ano voltei, mas para integrar a equipa principal.

- Quando era mais jovem, sonhava em chegar à equipa principal do Covilhã? Pergunto isto porque o Covilhã acaba por ser o clube mais representativo da sua região, não é verdade?

- Sim, sempre tive essa ambição de chegar à equipa A do clube da minha região, da minha terra. Sempre foi um dos meus objetivos e quis começar o meu percurso no futebol sénior pela equipa A do Covilhã.

- Acredito que seja uma responsabilidade acrescida, até porque deve conhecer muitas das caras que surgem nas bancadas. Qual é mesmo o sentimento?

- É o sentimento de estar a defender o clube da minha região, aquilo de que gosto, que amo. É mesmo uma sensação única jogar pelo clube da minha terra.

Rafa Peixoto tem sido opção de Grimi na lateral direita
Rafa Peixoto tem sido opção de Grimi na lateral direitaArquivo Pessoal

"O mister Grimi deu-me a mão e sempre acreditou em mim"

- Como é que foi também essa adaptação ao futebol sénior, ainda por cima logo num contexto de Liga 3?

- Está a ser um ótimo ano para mim, porque, no meu primeiro ano de sénior, não contava com tantos minutos. Mas agradeço, principalmente, ao Covilhã e às pessoas que fazem parte do clube, que sempre acreditaram em mim, no meu potencial e nas minhas capacidades. Sempre senti muita confiança de toda a gente. É a eles que devo a época que tenho feito.

- Onde sente que evoluiu mais depois de começar a jogar a nível profissional?

- Acho que evoluí muito nas questões táticas, o que é normal.Também aprendi muito sobre a intensidade do jogo. Fui melhorando nesse aspeto, que é um contexto diferente, o sénior. São jogadores que já passaram por campeonatos bastante exigentes e experientes. E acho que isso faz toda a diferença.

A forma recente do Covilhã
A forma recente do CovilhãFlashscore

- Tem como treinador o Grimi, antigo jogador do Sporting. Como é essa relação?

- Ele vai-me dando algumas dicas, até porque foi lateral-esquerdo e eu sou lateral-direito. Então, há essa proximidade e ele ajuda-me bastante. Foi um treinador que me deu a mão e que sempre acreditou em mim, nas minhas capacidades. A ele devo-lhe tudo.

- E qual a sua opinião sobre a Liga 3? Terminou recentemente a primeira fase e o clube não alcançou a fase de promoção.

- Claramente não terminámos no lugar que desejávamos. Mas sentimos que, em termos pontuais, não ficámos assim tão longe. Acho que derrapámos em alguns jogos. Mas pronto, faz parte, é uma equipa muito jovem e acho que é um processo para começar a conciliar. A nível da Liga 3, é um campeonato bastante competitivo, com muitos bons jogadores e muitas boas equipas. Não há assim uma grande diferença entre as equipas. Acho que é tudo taco a taco. E é por isso que torna a Liga tão competitiva.

Rafa em destaque no Covilhã
Rafa em destaque no CovilhãArquivo Pessoal

"A velocidade é um dos meus pontos fortes"

- Para quem não o conhece tão bem, como é que apresenta o seu jogo? Quais são os seus pontos mais fortes?

- Eu acho que os meus pontos fortes são visíveis. A velocidade é um deles. Sou muito forte nos duelos, tanto ofensivos como defensivos. Tenho um bom jogo aéreo. Acho que se resume a isso, muito na velocidade. Sou também um jogador bastante inteligente, com bons processos para gerir o jogo. Sei quando é para acelerar e quando é para pausar o jogo.

- E quais os pontos que precisa de melhorar?

- Há sempre coisas que podemos melhorar. Talvez a nível de posicionamento ainda haja espaço para progredir. (...) Tenho de estar sempre ativo e ligado ao jogo.

- Além do que trabalha em treino, quais as preocupações que tem fora do campo? E o que costuma fazer nos tempos livres?

- Tenho muito cuidado com a alimentação. Acho que é um dos fundamentos essenciais para um jogador de futebol. Além disso, fora dos treinos e do contexto de futebol, costumo estar em casa, ver filmes e séries, e também vejo bastante futebol. Acompanho muito a Liga dos Campeões, a Liga Portugal, a Premier League. Gosto muito de ver. Inclusive, gosto de observar jogadores da minha posição.

- Quais são as suas referências?

- Assim, na minha posição, o jogador que mais me caracteriza é talvez o Walker, que agora está no AC Milan. Também gosto muito do Theo Hernandez. Apesar de ser lateral-esquerdo, acho que me identifico muito com ele pela velocidade e pelas arrancadas.

Rafa Peixoto sonha com a Liga
Rafa Peixoto sonha com a LigaArquivo Pessoal

"As pessoas da Covilhã sentem muito o clube"

- O que ainda espera fazer esta temporada a nível individual?

- Tenho de manter sempre os pés bem assentes no chão e manter a humildade no trabalho. Claro que a minha formação foi muito positiva, mas a verdade é que ainda não conquistei nada. Se me perguntar qual é o meu objetivo a nível individual, claro que não vou esconder: a curto e médio prazo, quero chegar à Liga. Trabalho todos os dias para concretizar esse objetivo. 

- E a nível coletivo?

- Quanto à equipa, o objetivo não é só para garantir a manutenção, mas sim lutar pelos primeiros lugares nessa fase.

Os próximos jogos do Covilhã
Os próximos jogos do CovilhãFlashscore

- Como está a relação com os adeptos?

- As pessoas aqui da cidade sentem muito o clube, vivem muito o clube. E é normal que não estejam tão satisfeitos, porque pensavam que conseguíamos subir, pelo menos, à segunda fase e tentar lutar pela Liga 2. Mas nunca deixaram de acreditar na equipa. Continuam a aplaudir-nos no estádio. Acho que isso é bastante importante para nós, para o nosso sucesso, no fundo para continuarmos a nossa caminhada.

- Por fim, e já falou um bocadinho sobre isso, gostava de lhe perguntar onde é que se imagina daqui a cinco anos?

- Eu digo sempre isto: tenho de manter os pés bem assentes no chão, trabalhar com humildade, mas claro que todos nós temos aquele bichinho cá dentro e gostamos de estar no topo do futebol. E é isso que eu também quero e trabalho para isso. Tentar chegar aos maiores palcos do futebol. A Premier League, adorava. A Liga, adorava imenso. Trabalho todos os dias para concretizar esse desejo.