O sindicato dos jogadores, Professional Footballers Australia (PFA), comparou a A-League Women (ALW), composta por 11 equipas, a uma "plataforma em chamas" na sua análise da temporada 2024/25 publicada na quarta-feira, referindo que mais jogadoras relataram "sofrimento psicológico" ao tentarem conciliar o futebol com outros empregos.
"O campeonato está a ficar atrás das ligas de futebol feminino internacionais e de outras competições femininas na Austrália, o que está a provocar uma alarmante fuga de talentos," refere o relatório no seu resumo executivo: "O nosso salário mínimo passou de um dos mais elevados entre as ligas femininas australianas antes da COVID para, de longe, o mais baixo. Os resultados do inquérito de final de temporada da PFA mostram que a ALW se tornou a liga menos preferida a nível mundial entre as nossas próprias jogadoras."
O relatório revelou que a média de público nos dias de jogo caiu 26%, para 1.559 espectadores na temporada 2024/25, à medida que o entusiasmo gerado pela coorganização do Mundial Feminino pela Austrália e Nova Zelândia em 2023 se foi dissipando.
A percentagem de jogadoras que classificaram a sua situação financeira como "nada segura" ou apenas "ligeiramente segura" aumentou para 76%, face aos 66% registados há dois anos.
Com salários mínimos de 26.500 euros em 2025, as jogadoras da ALW recebem apenas uma fração do que ganham as mulheres no cricket (74.851 euros) e na AFLW (67.337 euros), ficando também atrás do netball (45.320 euros), da NRLW (41.800 euros) e da WNBL (29.465 euros).
Uma auditoria à saúde mental revelou que 67% das jogadoras da ALW sofreram de sofrimento psicológico relacionado com o desporto, incluindo ansiedade e depressão.
Com 62% das jogadoras a trabalhar fora do futebol, o perfil etário da ALW está a tornar-se cada vez mais jovem, já que as atletas mais experientes optam por emigrar em busca de melhores salários e condições ou abandonar a modalidade.
As jogadoras com 21 anos ou menos representaram quase um terço dos minutos disputados na temporada 2024/25.
"A liga não está a garantir carreiras sustentáveis para jogadoras em idade de pico e com experiência," refere o relatório.
O documento indica que os Estados Unidos são o principal destino para os talentos locais, com 13 jogadoras a transferirem-se para a nova USL Super League durante as janelas de transferências e seis para a já estabelecida National Women's Soccer League dos EUA. Por outro lado, a ALW tornou-se menos atrativa para jogadoras estrangeiras, com os clubes a recorrerem ao recrutamento de atletas de competições da terceira, quarta e quinta divisões europeias.
Apesar das dificuldades, a PFA considera que existe uma "enorme oportunidade" para a Liga, devido ao rápido crescimento do mercado global de transferências femininas e dos prémios em dinheiro nas competições de clubes regionais e internacionais.
Em conjunto, estes fatores constituem uma forte justificação comercial para que a ALW se torne totalmente profissional, "mas os responsáveis da Liga e dos clubes parecem não estar focados nesta oportunidade."
A PFA apelou à Liga e aos proprietários dos clubes para aproveitarem a realização da Taça Asiática Feminina na Austrália em março, de modo a recentrar a atenção na ALW.
"Mas outra lição que podemos retirar agora do Mundial Feminino é que, na ausência de um produto apelativo que reflita o progresso das mulheres, esta atenção voltará a ser passageira", refere o relatório.
O organismo que gere a ALW, Australian Professional Leagues, e a federação nacional, Football Australia, não comentaram de imediato.
