Mais

Análise: Cinco aspetos a ter em atenção no Santa Clara antes do início da época

Vasco Matos continua como treinador do Santa Clara
Vasco Matos continua como treinador do Santa ClaraCD Santa Clara
O Santa Clara é a primeira equipa portuguesa a iniciar a nova temporada de forma oficial. A equipa açoriana conseguiu, pela segunda vez na história, o apuramento para as competições europeias e vai participar na fase de qualificação da Liga Conferência, tentando assim uma presença inédita na fase de liga da competição.

Fórmula de sucesso para manter

Goste-se mais ou menos do estilo do Santa Clara, a verdade é que a equipa de Vasco Matos conseguiu criar uma identidade, foi fiel à mesma e teve sucesso na época 2024/25, pelo que não faz sentido procurar grandes mudanças numa fórmula vencedora, até porque não há assim tantas mexidas no conjunto açoriano.

Aliás, essa é, desde já, uma das notas positivas a registar. Tal como aconteceu na época de subida, o Santa Clara manteve grande parte das peças principais, numa estratégia de estabilidade que já deu frutos no passado.

Vasco Matos é o rosto da equipa açoriana. O técnico rejeitou o Botafogo na reta final da época anterior e assumiu o risco de continuar nos Açores. Depois de levar a equipa às competições europeias, manteve-se para procurar fazer história em Ponta Delgada.

Santa Clara começou a pré-época mais cedo do que o habitual
Santa Clara começou a pré-época mais cedo do que o habitualCD Santa Clara

Registo defensivo assinalável

Na época passada, os açorianos destacaram-se no plano defensivo, registando a quinta melhor defesa da competição (30 golos sofridos) e algumas estatísticas mostram-nos de que forma foi possível ter sucesso.

O Santa Clara foi a equipa com menos erros que resultaram em golos sofridos (um), fruto da concentração competitiva e do bloco baixo montado pela equipa de Vasco Matos, que, apesar do 5.º lugar na Liga Portugal, foi apenas a 14.ª equipa com mais recuperações no último terço (608) ao longo da época, segundo dados da Opta

Por outro lado, os açorianos aparecem em 5.º entre as equipas com mais alívios, apenas atrás de Moreirense, Farense, Rio Ave e Estrela da Amadora, equipas que acabaram consideravelmente abaixo na tabela.

Para atingir o apuramento europeu, a equipa de Vasco Matos deu sempre importância ao aspeto defensivo e foi eficaz na forma de proteger o guarda-redes Gabriel Batista, como comprovam os 119 remates feitos à baliza açoriana - 5.ª equipa a permitir menos remates da competição, apenas atrás de Sporting, FC Porto, Vitória SC e Benfica.

O calendário do Santa Clara
O calendário do Santa ClaraFlashscore

Dar o passo seguinte

Se a continuidade será importante para ajudar a manter o nível nesta nova temporada, Vasco Matos e a sua equipa técnica também terão de encontrar uma fórmula que ajude a dar o próximo passo. Um Santa Clara 2.0, se quiser.

É que, apesar dos registos defensivos assinaláveis e destacados no ponto anterior, os açorianos vão merecer outra atenção por parte das equipas do campeonato, que poderão até dar maior iniciativa ao conjunto de Ponta Delgada, algo que não aconteceu na época passada.

O Santa Clara foi a quarta equipa com menos tempo de posse de bola, com 44,5%, um registo superior apenas ao de AFS, Farense e Boavista, respetivamente.

MT foi o grande destaque ofensivo dos açorianos neste capítulo. O brasileiro, que atuou várias vezes como defesa a partir da esquerda, foi o jogador com mais passes para o último terço (375). No entanto, nota para a precisão de Adriano Firmino, que continua no plantel açoriano e foi o elemento mais regular neste aspeto, com 85,3%.

O mapa de passes de MT
O mapa de passes de MTOpta by Stats Perform

Mercado aberto a entradas

Como parte da estratégia mencionada no primeiro ponto, o Santa Clara manteve grande parte do plantel para a nova temporada, investindo na contratação de Wendel Silva, um avançado que já tinha sido cedido aos açorianos na segunda metade da época passada.

A saída de Ricardinho, muito influente na segunda metade da campanha, foi acautelada pelas contratações de Brenner Lucas e Anthony Carter, que assinaram depois de excelentes registos na Liga 2, e de Henrique Pereira, ex-Benfica.

Por outro lado, o setor mais recuado precisa pelo menos de mais um reforço. Luís Rocha (38 anos), Frederico Venâncio (32 anos) e Pedro Pacheco (28 anos), que não jogou na época passada devido a lesão, mantêm-se, mas ainda não chegaram caras novas para uma posição importante na manobra defensiva da equipa de Vasco Matos.

Luís Rocha foi importante na época passada
Luís Rocha foi importante na época passadaFlashscore

Mira europeia

Apesar de o futebol português ter vários exemplos de equipas que passaram por dificuldades depois de conseguirem o apuramento para as competições europeias, o Santa Clara deve aproveitar a passagem pela Liga Conferência para mostrar que é capaz de manter um nível competitivo no futebol nacional.

O exemplo do Vitória SC na época passada foi positivo para o futebol português, pelos pontos somados para o coeficiente da UEFA, mas também para os cofres do clube, que valorizou jogadores e ganhou estabilidade financeira.

Com talentos como Gabriel Batista, MT, Adriano Firmino, Gabriel Silva e Vinícius Lopes, o Santa Clara pode surpreender nas pré-eliminatórias. Para já, os açorianos defrontam o Varazdin, da Croácia, que terminou no 4.º lugar do campeonato passado. É aí que vai ser dado o primeiro passo rumo à Europa.