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Na história, João Tomás foi o único jogador a representar Betis e Vitória SC, curiosamente cedido pela equipa espanhola à formação de Guimarães. Contratado pelos andaluzes em 2001/02, após uma excelente temporada no Benfica, o avançado juntou-se ao compatriota Calado para jogar com nomes como Denílson e Joaquin e ajudou o clube a terminar no 6.º lugar da LaLiga, na época logo após o regresso ao primeiro escalão do futebol espanhol.
Em 2003/04, após algumas lesões que fizeram com que fosse menos utilizado na época anterior, foi emprestado ao Vitória SC, mas a experiência também não correu da melhor maneira. A formação de Guimarães vivia tempos mais conturbados e viria mesmo a descer temporadas mais tarde.
Agora, mais de 20 anos depois, os caminhos dos dois emblemas voltam a cruzar-se (já tinha acontecido na Liga Europa 2013/14). Em entrevista ao Flashscore, o antigo jogador de Betis e Vitória SC lançou este duelo ibérico.
"Vai ser uma eliminatória equilibrada, podemos, eventualmente, atribuir algum favoritismo ao Betis, no entanto, esse favoritismo vai ter de ser demonstrado em campo e nas duas mãos. Acho que há boas chances para uma equipa e para a outra, mas na minha opinião o jogo da primeira mão pode ser algo importante para ambas as equipas", antecipou.

"O Vitória SC vai trabalhar sabendo que vai jogar fora. Com o fim da regra dos golos fora, passará pela cabeça um bom resultado e, no meu ponto de vista, um bom resultado é aquele que permite discutir o jogo na segunda mão, Espero que seja uma eliminatória bem disputada, com muita qualidade, os ingredientes estão presentes para ser", explicou.
"Chegou o momento de ultrapassar um rival importante"
Atualmente com 49 anos, o antigo avançado da seleção nacional (quatro internacionalizações) lembrou também a passagem pelos dois clubes.
"A minha passagem pelo Betis durou dois anos. O primeiro ano foi muito positivo. Ainda mais considerando que foi um ano de chegada à LaLiga, o ano de chegada a um clube novo. Ainda assim, do ponto de vista individual e coletivo, aquilo que eu vivi foi muito positivo".
"O segundo ano foi um bocadinho mais difícil. Também acabei a época lesionado, depois houve o empréstimo ao Vitória SC. Quando cheguei a Guimarães, estava na fase final da minha recuperação física. Não da lesão, mas da recuperação física, porque tinha sido uma lesão que me obrigou a estar parado quase quatro meses. E foi um ano difícil para a equipa do Vitória. Foi um ano difícil para todos, do ponto de vista coletivo e individual", recorda.

Com 22 jogos e quatro golos marcados, João Tomás lembrou a fase delicada do conjunto de Guimarães, contrastando com o momento atual do clube.
"Foi difícil para mim e para todos - jogadores, treinadores, dirigentes, adeptos. Nem sempre as coisas correm como desejamos, a vida é feita de altos e baixos e felizmente essa fase foi ultrapassada e o Vitória SC neste momento é uma equipa estável, sabe bem o que tem de fazer e tem feito épocas muito boas, nomeadamente esta época, que tem sido muito positiva", destaca.
"Está a fazer uma prova europeia muito boa, tem aqui pela frente um obstáculo diferente e difícil, mas as equipas que querem andar nestes patamares competitivos sabem que vão enfrentar rivais muito importantes e chegou o momento de também ultrapassar um rival importante. Querendo estar nos quartos de final, vai ter de eliminar o Betis".

"São duas equipas muito parecidas culturalmente"
Atento à realidade do emblema espanhol, que visita com regularidade, João Tomás destaca um "clube transformado", mas que mantém a sua "essência", pelo que antecipa um duelo também interessante no que toca às bancadas.
"Há uns dias estive lá a ver o Betis- Gent. É uma casa muito especial", conta o antigo avançado, que assume ter "memórias muito boas" da formação espanhola.
Conhecedor das duas realidades, João Tomás acredita que há várias parecenças entre Betis e Vitória SC, desde logo na paixão dos respetivos adeptos.
"A paixão dos adeptos acho que é em tudo idêntica. A cultura vai crescendo com os adeptos, de geração em geração. Até nesse sentido, eu creio que este jogo também é especial porque são duas equipas muito parecidas culturalmente. A ligação que têm ao clube, cidade, adeptos, sócios, simpatizantes, tudo aquilo que o clube representa para eles e tudo aquilo que representa para a cidade".
"Tem essa curiosidade de serem as duas muito parecidas, com essa paixão que envolve o seu clube e a sua cidade. Os adeptos do Betis e os adeptos do Vitória SC são muito especiais. Acho que há muito em jogo nesta eliminatória", lançou.

"A chegada do Antony teve um impacto muito positivo"
Depois de fazer uma grande campanha europeia sob o comando de Rui Borges, o Vitória SC já teve mais dois treinadores. Após a passagem de Daniel Sousa, Luís Freire prepara-se para uma eliminatória exigente naquela que ficará desde já marcada como a sua estreia nas competições europeias.
"Não podemos retirar aqui dessa equação aquilo que o Rui Borges fez no Vitória SC. É evidente que o treinador já não conta, já saiu para outro clube, existiram mudanças e eu acredito que, neste momento, a equipa está a fazer um bom caminho com o Luís Freire. Fez um bom jogo no Porto, por exemplo", analisou João Tomás.
"Acho que é uma equipa muito forte coletivamente, não destacaria nenhum elemento. Destacaria o seu todo, a forma como a equipa joga coletivamente e procura os objetivos. Acho que esse é o ponto forte do Vitória SC neste momento", acrescentou.

Já na formação verdiblanca, as principais mexidas aconteceram mesmo dentro de campo. Isco voltou após lesão grave e está a reencontrar a boa forma, como mostrou no triunfo frente ao Real Madrid, enquanto Antony voltou a sorrir no Villamarín.
"É uma equipa muito boa, recheada de bons valores. Destacaria, entre outros, o Isco e o Antony. Não sei, honestamente, qual será a equipa que vai jogar com o Vitória SC, mas também é uma equipa forte coletivamente", disse.
"A chegada do Antony teve um impacto muito positivo à equipa do Betis. O regresso do Isco também teve um impacto muito positivo, ele esteve lesionado muito tempo. Acho que até nisso as equipas são parecidas, são muito fortes do ponto de vista coletivo".
Caso o Vitória SC consiga o apuramento, já sabe que irá defrontar Jaggielonia (Polónia) ou Cercle Brugge (Bélgica), na teoria rivais mais acessíveis do que o Betis que permitem pensar nas meias-finais. Ainda assim, João Tomás acredita que seria precoce pensar já nessas fases.
"Não acredito que nenhum elemento da equipa do Vitória SC esteja a pensar na eliminatória que poderá, eventualmente, chegar. Acredito que todas as pessoas estarão focadas nesta eliminatória, em que têm de disputar dois jogos muito difíceis para uma equipa e para outra, e que, sem essa eliminatória, não há a seguinte", explicou.
Por fim, o ex-jogador de Betis e Vitória SC lançou os dados quanto à passagem à fase seguinte.
"Há uma frase icónica sobre prognósticos, não é? Mas, correndo o risco de estar errado, acho que existe algum favoritismo por parte do Betis, muito pouco e acredito que a equipa do Betis tenha isso bem presente. Acho que vai ser uma eliminatória muito nivelada, duas equipas muito boas e que nos trarão uma incerteza no resultado até próximo do fim", previu.
"Posso estar enganado, a eliminatória até pode vir decidida de Sevilha, mas não acredito. O Betis, na última eliminatória, venceu 0-3 e decidiu na primeira mão, mas acho que isso não vai acontecer desta vez", finalizou.
