Acompanhe as incidências da partida
Na Hungria, apenas um adepto inglês apaixonado pela “franja” marcou presença na primeira mão da final frente ao Neman Grodno, da Bielorrússia. O Rayo Vallecano venceu por 0-1, mas o azarado adepto ficou com uma cicatriz como recordação, após cair na bancada. Desta vez, no entanto, a história será diferente: esta quinta-feira, em Vallecas, a equipa de Íñigo Pérez terá o apoio em massa dos seus adeptos.
O orgulho "bukanero" vai ecoar no bairro madrileno, onde o Rayo defende a vantagem conquistada na primeira mão. O objetivo é simples: garantir um lugar na Liga Conferência, competição recente que abriu portas para clubes de segundo escalão europeu mostrarem o seu futebol e sonharem com um troféu continental. As noites de quinta-feira da chamada "MultiConference", onde talhantes eslovacos e cabeleireiros letões - permita-se a caricatura - tentam imitar o icónico voleio de Zidane, transformaram-se num verdadeiro culto para os adeptos do futebol.
O "Rayito", carismático e facilmente reconhecível, procura assim recuperar o que lhe foi retirado em 2013, ano em que, juntamente com o Málaga, ficou fora das competições europeias por não cumprir o recém-instituído Fair Play Financeiro. Agora, o clube volta a sonhar com a Europa e poderá reencontrar o legado do último Rayo que competiu além-fronteiras, na antiga Taça UEFA, um capítulo que os adeptos recordam com carinho e nostalgia.
No passado domingo, dia 24, assinalaram-se 25 anos desse momento marcante. Nesse dia, posavam os 11 jogadores do Rayo Vallecano que acabariam por golear o Contel·lació Esportiva, de Andorra la Vella, na última eliminatória preliminar.
Após o triunfo por 0-10, entraria em campo um verdadeiro punhado de ícones. A formação era composta por: Julen Lopetegui, Elvir Bolic, Jon Pérez Bolo, Quevedo, Pablo Sanz, De Quintana, Ángel Luis Alcázar, Josep Setvalls, o capitão Jesús Diego Cota, Hélder Baptista e Luis Cembranos.
Encontro com a história 25 anos depois
Foi uma noite tranquila e festiva em Vallecas. Luis Cembranos abriu o marcador e Bolo ampliou antes do intervalo. No regresso, fez o 3-0, ao qual se seguiu o quarto de Miguel Sanz. Juande Ramos lançou do banco outra lenda maior como Míchel Sánchez, que marcou a "manita". Pouco antes do final, Bolic teve o prazer de levantar mais um dedo da outra mão para certificar a entrada definitiva daquele Rayo numa UEFA onde não foi propriamente para figurar. Seria eliminado nos quartos de final pelo Alavés de Mané, aquele histórico vice-campeão diante do Liverpool de Houllier.
Daquele 24 de agosto de 2000 saltamos para este 28 de agosto de 2025. Também uma quinta-feira. É a ocasião para tirar outra fotografia histórica, emoldurá-la e pendurá-la nos corredores do Estádio de Vallecas. Óscar Trejo abdicou da braçadeira há algum tempo, mas os seus companheiros pregaram-lhe uma partida para que a usasse na Hungria, e merece figurar nesta imagem com ela no braço. É o sexto futebolista com mais jogos (320) de rayista e o oitavo melhor marcador (44).
Álvaro García também entra nessa lista de sempiternos como o 10.º que mais vezes jogou (270). Óscar Valentín, o 15.º (225) após superar há pouco De Quintana (223), a quem igualará contra o Neman Grodno Isi Palazón (222). Também é requetecentenário Unai López (182). Ícones da resistência de um grupo que, apesar dos entraves que por vezes vêm de cima, continua a levar o rayismo como bandeira. E essa bandeira pode ser levada muito longe, por toda a Europa, numa temporada histórica que está a pouco mais de 90 minutos de distância.