Mais

Rayo Vallecano sonha com uma nova página europeia em Vallecas

Duelo europeu entre Rayo e Bordéus
Duelo europeu entre Rayo e BordéusFoto por PIERRE-PHILIPPE MARCOU / AFP

O Rayo Vallecano está a um passo de poder voltar a afirmar, com pleno direito, que é equipa europeia. Um novo grupo de jogadores procura agora dar relevo continental e juntar o seu nome ao de lendas como Jon Pérez Bolo ou Jesús Diego Cota.

Acompanhe as incidências da partida

Na Hungria, apenas um adepto inglês apaixonado pela “franja” marcou presença na primeira mão da final frente ao Neman Grodno, da Bielorrússia. O Rayo Vallecano venceu por 0-1, mas o azarado adepto ficou com uma cicatriz como recordação, após cair na bancada. Desta vez, no entanto, a história será diferente: esta quinta-feira, em Vallecas, a equipa de Íñigo Pérez terá o apoio em massa dos seus adeptos.

O orgulho "bukanero" vai ecoar no bairro madrileno, onde o Rayo defende a vantagem conquistada na primeira mão. O objetivo é simples: garantir um lugar na Liga Conferência, competição recente que abriu portas para clubes de segundo escalão europeu mostrarem o seu futebol e sonharem com um troféu continental. As noites de quinta-feira da chamada "MultiConference", onde talhantes eslovacos e cabeleireiros letões - permita-se a caricatura - tentam imitar o icónico voleio de Zidane, transformaram-se num verdadeiro culto para os adeptos do futebol.

O "Rayito", carismático e facilmente reconhecível, procura assim recuperar o que lhe foi retirado em 2013, ano em que, juntamente com o Málaga, ficou fora das competições europeias por não cumprir o recém-instituído Fair Play Financeiro. Agora, o clube volta a sonhar com a Europa e poderá reencontrar o legado do último Rayo que competiu além-fronteiras, na antiga Taça UEFA, um capítulo que os adeptos recordam com carinho e nostalgia.

No passado domingo, dia 24, assinalaram-se 25 anos desse momento marcante. Nesse dia, posavam os 11 jogadores do Rayo Vallecano que acabariam por golear o Contel·lació Esportiva, de Andorra la Vella, na última eliminatória preliminar.

Após o triunfo por 0-10, entraria em campo um verdadeiro punhado de ícones. A formação era composta por: Julen Lopetegui, Elvir Bolic, Jon Pérez Bolo, Quevedo, Pablo Sanz, De Quintana, Ángel Luis Alcázar, Josep Setvalls, o capitão Jesús Diego Cota, Hélder Baptista e Luis Cembranos.

Encontro com a história 25 anos depois

Foi uma noite tranquila e festiva em Vallecas. Luis Cembranos abriu o marcador e Bolo ampliou antes do intervalo. No regresso, fez o 3-0, ao qual se seguiu o quarto de Miguel Sanz. Juande Ramos lançou do banco outra lenda maior como Míchel Sánchez, que marcou a "manita". Pouco antes do final, Bolic teve o prazer de levantar mais um dedo da outra mão para certificar a entrada definitiva daquele Rayo numa UEFA onde não foi propriamente para figurar. Seria eliminado nos quartos de final pelo Alavés de Mané, aquele histórico vice-campeão diante do Liverpool de Houllier.

Daquele 24 de agosto de 2000 saltamos para este 28 de agosto de 2025. Também uma quinta-feira. É a ocasião para tirar outra fotografia histórica, emoldurá-la e pendurá-la nos corredores do Estádio de Vallecas. Óscar Trejo abdicou da braçadeira há algum tempo, mas os seus companheiros pregaram-lhe uma partida para que a usasse na Hungria, e merece figurar nesta imagem com ela no braço. É o sexto futebolista com mais jogos (320) de rayista e o oitavo melhor marcador (44).

Álvaro García também entra nessa lista de sempiternos como o 10.º que mais vezes jogou (270). Óscar Valentín, o 15.º (225) após superar há pouco De Quintana (223), a quem igualará contra o Neman Grodno Isi Palazón (222). Também é requetecentenário Unai López (182). Ícones da resistência de um grupo que, apesar dos entraves que por vezes vêm de cima, continua a levar o rayismo como bandeira. E essa bandeira pode ser levada muito longe, por toda a Europa, numa temporada histórica que está a pouco mais de 90 minutos de distância.