Recorde aqui as incidências do encontro
Basta ver as lágrimas de felicidade de Cristiano Ronaldo quando Rúben Neves marcou o último penálti da edição deste ano para perceber o que significou para ele e para os seus companheiros de equipa.
10 jogos e 22 golos depois, Portugal voltou a sagrar-se campeão da Liga das Nações, recuperando o troféu à Espanha, que o tinha conquistado em 2023. É a segunda vez que os portugueses ganham o torneio, repetindo o feito de 2019, com a França a ganhar a outra edição, em 2021.
Um torneio que continua a valer a pena ganhar
O que também vale a pena considerar quando se procura manchar a validade da competição é que nenhum país joga com uma equipa teoricamente mais fraca. Isso deveria ser um sinal de que é um torneio que vale a pena ganhar.
No entanto, tendo em conta a idade avançada de alguns dos jogadores de Roberto Martinez, da próxima vez que Portugal disputar a Liga das Nações, alguns dos que foram importantes para a vitória em 2025 poderão ser substituídos por estrelas mais jovens.
Por exemplo, Bruno Fernandes (30), Bernardo Silva (30), João Palhinha (29), Nelson Semedo (31) e Cristiano Ronaldo (40) não estão a ficar mais novos.
No entanto, a seleção está com a corda entre os dentes e parece totalmente concentrada em conquistar o seu lugar no Campeonato do Mundo de 2026. Apesar de ainda não terem iniciado a campanha de qualificação, Martinez pode estar confiante na capacidade para ultrapassar a Arménia, a Hungria e a República da Irlanda no Grupo F.
O foco não deve estar apenas em Ronaldo
É claro que grande parte das atenções da seleção nacional está centrada em Ronaldo, mas isso é um mau serviço para os seus colegas.
Por exemplo, em toda a campanha da Liga das Nações, 5.316 passes bem sucedidos em 5.912 tentados deram a Portugal uma incrível estatística de 89,9% de eficácia. O controlo e a domínio da posse bola são provavelmente a maior mudança observada sob o comando de Martínez.
Com tantas estrelas portuguesas a jogarem em equipas de elite por toda a Europa, muitas delas com o objetivo de manterem a posse de bola, o estratega espanhol tem apenas de garantir uma coesão coletiva no esquema que apresenta para que tudo funcione como um sonho.
De facto, os observadores habituais da equipa das quinas elogiam o facto de a equipa ser muito mais agradável de ver hoje em dia.
Os mais altos níveis de disciplina
De salientar ainda que, nos 900 minutos de jogo, nenhum jogador português recebeu cartão vermelho e que, das 125 faltas cometidas, apenas uma resultou em penálti a favor do adversário. 101 dos 160 desarmes tentados também foram ganhos, o que demonstra um plantel com um elevado nível de disciplina e é mais um ponto positivo para Ronaldo e companhia.
Este trabalho árduo passa muitas vezes despercebido e é a principal razão pela qual Portugal se tornou tão difícil de enfrentar. 462 recuperações de bola coletivas em 10 jogos, por exemplo, é outra estatística espantosa.
A conquista da Liga das Nações era um ponto obrigatório para Roberto Martínez que estava à beira do despedimento mesmo antes da meia-final. Sem o apoio publicamente declarado por parte da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o espanhol que acabou por erguer o troféu viu confirmada a sua continuidade pelo responsável máximo durante a visita à sede da seleção nacional.
Com seis vitórias, três empates e apenas uma derrota no caminho para a conquista da competição, o treinador registou uma taxa de vitórias muito saudável de 60%. Os 22 golos marcados e os 11 sofridos nestes 10 jogos talvez pudessem ser melhorados, mas isso é assunto para outro dia.
Roberto Martinez pensa a longo prazo
"O treinador e os jogadores fizeram um trabalho extraordinário. Saímos daqui hoje muito mais satisfeitos com o que fizemos e com o que vamos fazer no futuro", disse Pedro Proença, presidente da FPF, após a final no domingo
"Ele (Martínez) tem um contrato até 2028 (n.d.r. o contrato termina em 2026) . Esta direção, embora não tenha redigido estes contratos, vai honrá-los. Estamos satisfeitos com o trabalho de Martínez, nunca sentimos necessidade de ir a público, até porque ele estava em competição. Ele sabia exatamente o que pensávamos do seu trabalho. Agora vamos fazer um Campeonato do Mundo, com muita alegria e uma enorme vontade de sermos campeões do mundo", atirou.
Se Portugal conseguir atingir o pico de forma no próximo verão, depois de passar o grupo de qualificação, claro, terá demonstrado, sem margem para dúvidas, que deve ser levado como sério candidato ao Campeonato do Mundo de 2026.
Dado que é provável que seja o último torneio de Ronaldo e Lionel Messi pelos seus respetivos países, acrescenta-se mais uma camada de intriga ao "maior espetáculo na Terra".
