Apesar de ser conhecido como um homem de fala mansa, especialmente quando se trata de entrevistas de emprego, Rudi Garcia já conquistou o público belga desde a sua nomeação em 24 de janeiro. Com um passado pouco brilhante, depois de uma passagem por Domenico Tedesco que deixou marcas na gestão humana, o treinador francês chegou ao comando dos Diabos Vermelhos com o objetivo de reconciliar um país que está profundamente dividido. O seu primeiro sucesso foi uma lista que mereceu a aprovação unânime dos adeptos da seleção nacional.
O primeiro ponto positivo para o nosso Rudi nacional é o regresso de Thibaut Courtois. O guarda-redes do Real Madrid tinha anunciado que já não queria jogar pela Bélgica enquanto Domenico Tedesco fosse o treinador. Por isso, logicamente, foi chamado de novo quando o técnico ítalo-alemão foi demitido. O jogador de 32 anos aproveitou a oportunidade para explicar a sua decisão à imprensa e, mais importante, a um grupo de jogadores que ainda estavam perplexos com a decisão, já que ele era vice-capitão antes da saída de Tedesco.
Courtois está de volta
"Estive em contacto com jogadores fora de casa e com outros que encontrei no campo durante os jogos do clube. Pensava que era claro para toda a gente, mas quando cheguei aqui ontem não era esse o caso. Foi bom poder falar, dizê-lo à frente de toda a gente, para que tudo fique claro e não se fale mais nisso", explicou Courtois na conferência de imprensa: "Foi uma boa iniciativa do treinador, sobretudo para esclarecer as coisas".
"Ele mostrou toda a sua experiência internacional. Sabe muito bem que, num contexto, é preciso reunir todos os intervenientes o mais rapidamente possível, para descrever o contexto em que todos se podem exprimir. Foi o que ele fez e isso demonstra uma certa liderança. E foi bem recebido pelo grupo", acrescentou Vincent Mannaert, diretor técnico da seleção belga, em entrevista à RTL Belgique. Uma questão espinhosa de importância nacional, da qual o francês saiu coroado de elogios.
Jovens locais, veteranos envolvidos...
Mas não é tudo. De acordo com os observadores belgas, a lista de Rudi Garcia é "justa e equilibrada", refere a RTBF. " Não há surpresas nesta seleção: todos os que deviam estar aqui estão aqui", afirma Nordin Jbari, antigo internacional belga com duas internacionalizações. Os pontos de satisfação são muitos: o facto de se ter falado em remotivar elementos-chave do balneário como Romelu Lukaku e Kevin de Bruyne, o facto de se ter tido em conta as opiniões de antigos elementos-chave do plantel que ficaram de fora da lista mas que estão envolvidos, a presença de um grande número de jogadores da liga local...
Rudi Garcia também se mostra realista desde a sua chegada e não se deixa abater pelas ambições da Bélgica: "A equipa de 2018 não é a mesma. Antes de mais, temos de encontrar um equilíbrio. Os jovens jogadores que vão descobrir a seleção nacional têm de ser bem tratados. Temos de ser ambiciosos no jogo". A única questão que permanece é a nomeação do futuro capitão, que até agora tem sido Lukaku. A presença de Tielemans para discutir a espinhosa questão de Courtois seria uma primeira pista para alguns.
Eden Hazard no submarino
No meio de toda esta satisfação, os belgas ouviram o seu novo patrão mencionar um nome que faz lembrar os melhores momentos da seleção nacional: Eden Hazard. Rudi Garcia, que o treinou no Lille, aproveita a boa relação para dar uma ajuda aos Red Devils, prometendo: "Ele também vai fazer parte desta aventura, neste objetivo de 18 meses até ao Campeonato do Mundo. Pode ser precioso porque conhece todos os dirigentes desta equipa, vive em Madrid, e isso pode ser uma vantagem porque Thibaut Courtois também vive lá... (...) Eden pode dar-nos uma ajuda para nos unirmos, para nos convencermos. Ele conhece-me bem, por isso pode dizer a certos jogadores o que podem esperar de mim ao leme da seleção belga".
O estádio do Genk já está esgotado uma semana antes do jogo de domingo contra a Ucrânia, a contar para a segunda mão do play-off. Para além deste objetivo declarado de apaziguamento, Rudi Garcia já tem um primeiro jogo crucial a disputar na quinta-feira contra a Ucrânia, com a obrigação de permanecer na Liga A desta Liga das Nações.