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Reportagem: A euforia rapidamente passou a desilusão e revolta na chegada da seleção

Bernardo Silva e Bruno Fernandes mostram o troféu aos adeptos
Bernardo Silva e Bruno Fernandes mostram o troféu aos adeptosMANUEL DE ALMEIDA/LUSA
Centenas de pessoas receberam hoje a seleção portuguesa de futebol, vencedora da Liga das Nações, no aeroporto de Lisboa, primeiro em euforia, mas a desilusão e revolta imperaram pela ausência de autógrafos e de vários jogadores.

Recorde aqui as incidências do encontro

O avião que transportou a comitiva portuguesa aterrou no aeroporto Humberto Delgado por volta das 13:15, mas a partir das 11:00 já vários adeptos aguardavam ansiosamente debaixo de um calor intenso.

Depois da final, diante da Espanha, conquistada nas grandes penalidades (5-3, após 2-2 no tempo regulamentar e prolongamento), os futebolistas da equipa das quinas disseram que desejavam festejar a conquista junto dos portugueses, mas não foi o que pareceu, com pouco ânimo a contrastar com a euforia dos adeptos.

Apenas 18 dos 26 jogadores fizeram a viagem de Munique, notando-se a ausência do capitão Cristiano Ronaldo, Diogo Dalot e Diogo Jota, além de alguns dos atletas que disputam o Mundial de Clubes, como Diogo Costa e Rodrigo Mora (FC Porto), Vitinha e Gonçalo Ramos (Paris Saint-Germain) e Rúben Neves (Al-Hilal).

Muitos adeptos à chegada da seleção
Muitos adeptos à chegada da seleçãoMANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Na ausência de Ronaldo, foram Bernardo Silva e Bruno Fernandes a trazer o troféu na mão e a mostrá-lo aos adeptos, na única aproximação possível das pessoas ao grupo, que no final mostravam a sua revolta pela “falta de respeito” dos jogadores.

A exceção foi João Palhinha, que foi o último a abandonar o aeroporto e, já só com poucas dezenas de resistentes, perdeu alguns minutos a dar autógrafos e a tirar fotografias, tendo ido num carro particular, como muitos outros jogadores fizeram.

Pelo menos os atletas Gonçalo Inácio, Nuno Mendes, Francisco Trincão, Francisco Conceição, Rafael Leão e João Félix também não rumaram no autocarro da equipa rumo à Cidade do Futebol, em Oeiras, com dois adeptos ainda a saltar a grade e a chegar junto a Rafael Leão, que nem reagiu e foram prontamente afastados.

Aos jornalistas, o selecionador Roberto Martínez e o melhor jogador da final four da Liga das Nações, Nuno Mendes, foram os porta-vozes do grupo e apontaram ao Mundial2026 para tentar repetir as celebrações e permanecer o “máximo orgulho”.

O orgulho é enorme e precisamos de continuar as nossas celebrações. É incrível, um momento muito especial que fica connosco para sempre. Dá ainda mais força para tentar qualificar para o Mundial e repetir em 12 meses”, disse o selecionador.

Apesar de um Mundial ou um Europeu poderem ser “mais prestigiantes”, Roberto Martínez considerou que a conquista de uma segunda Liga das Nações, em quatro edições, necessita de ser desfrutada, visto ser uma competição “muito exigente”.

Adeptos desiludidos com a falta de interação da equipa
Adeptos desiludidos com a falta de interação da equipaMANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Ganhámos um título numa competição muito exigente. Talvez um Europeu ou um Mundial sejam mais prestigiantes, mas são 10 jogos contra as melhores seleções da Europa. Então o orgulho é máximo e é isso que nós hoje desfrutamos”, afirmou.

Já Nuno Mendes foi mais parco em palavras, afastando uma candidatura à Bola de Ouro, pois considera haver jogadores “mais próximos” dessa conquista, e a frisar a felicidade pelo título e a necessidade de descansar antes do Mundial de Clubes.

Todos são candidatos a ganhar (o Mundial de seleções). Nós temos uma seleção muito boa e jogadores de muita qualidade. Obviamente, queremos ganhar. Temos tudo para fazer um bom Mundial”, assegurou o lateral esquerdo, que conquistou a Liga dos Campeões e a Liga das Nações no espaço de uma semana, em Munique.

Na decisão por grandes penalidades, Gonçalo Ramos, Vitinha, Bruno Fernandes, Nuno Mendes e Rúben Neves converteram os pontapés que dispuseram, enquanto, do lado espanhol, Morata permitiu a defesa a Diogo Costa.

A Espanha esteve duas vezes em vantagem, com golos de Zubimendi (21 minutos) e Oyarzabal, aos 45, mas Portugal empatou por Nuno Mendes (26) e Cristiano Ronaldo (61).