"A paixão pelo futebol já nasceu comigo"
- Quais são as suas primeiras memórias ligadas ao futebol? E quando surgiu a primeira oportunidade de entrar para um clube?
Acho que a paixão pelo futebol já nasceu comigo. Aos quatro anos já dava os primeiros toques no intervalo do infantário, andava sempre com os rapazes a jogar futebol e era apelidada de “Maria Moço” por isso.
A minha mãe, inicialmente, tentou que eu praticasse ballet, mas foi uma tentativa sem sucesso. Recusava-me a dançar nas aulas e nos espetáculos, sentava-me no palco e fazia birra. Em casa, partilhava muitas vezes o meu desejo de aprender karaté ou futebol.
Dessa minha insistência surgiu a oportunidade de fazer um treino de captações no Aparecida FC. O pai de um amigo meu falou com os meus pais, que acharam que fazia sentido, porque era algo de que eu falava todos os dias.
No final do primeiro treino, o mister Filipe Teixeira dirigiu-se ao meu pai e disse que tinha muito gosto em contar comigo. Via potencial em mim e, claro, o gosto e a felicidade que eu demonstrava a jogar faziam-no acreditar que eu podia mesmo crescer no futebol.
E assim começou a minha história como jogadora de futebol.

- Quais foram as principais dificuldades que enfrentou no início?
Neste aspeto, sinto-me uma privilegiada. A verdade é que fui sempre bem recebida e mimada pelos diretores, treinadores, colegas de equipa e, sem exceção, pelos meus pais. Durante muitos anos, eu era uma menina que jogava com rapazes e eles defendiam-me e apoiavam-me muito. Nunca me senti excluída ou posta de parte.
Existiam algumas dificuldades nos jogos fora. O futebol não estava preparado para ter uma menina a integrar uma equipa. Em casa, no Aparecida, eu tinha um balneário só para mim, podia equipar-me, ter privacidade e sentir a mesma normalidade que os outros jogadores viviam. Quando jogava fora, tinha de aguardar que todos os meus colegas se equipassem, tomassem banho e libertassem o balneário, para eu poder fazê-lo também com alguma privacidade.
Havia sempre comentários discriminatórios, o típico “futebol não é para meninas”. Mas a minha realidade e o apoio que eu tinha diariamente faziam com que fosse fácil relativizar e ignorar esse tipo de comportamentos.
Há um momento particularmente engraçado que se sobrepõe, nas minhas memórias, a todos os comentários negativos e a todas as dificuldades. E acho que é esse momento que dita, para mim e para os meus pais, a verdadeira importância do futebol na minha vida.
Em determinado momento, comecei a desleixar-me na escola e, como castigo, a minha mãe proibiu-me de ir aos treinos até que mostrasse bons resultados. Na minha cabeça de miúda, isso era uma tortura e, no auge da rebeldia, fiz um pacto com a minha tia Candidinha, que era a roupeira do clube. Eu saía de casa escondida depois de fazer os TPC, porque os meus pais trabalhavam até mais tarde, e ia até ao campo a pé. Ela emprestava-me equipamento para treinar - que me ficava sempre muito grande - e eu levava as chuteiras num saco. Essa era a minha rotina, com sete ou oito anos, em todos os dias de treino.
Foi assim durante alguns dias. Até que, um dia, a chuva era tanta que saí do treino com as chuteiras ao pescoço, a correr para casa, e a minha tia viu-me. Foi então que ela falou com os meus pais e lhes disse para me deixarem jogar futebol, porque em tantos anos de clube nunca tinha visto tanta paixão em alguém tão pequeno. Eu continuei a esforçar-me na escola e voltei a treinar.

- Uma bonita prova de amor numa fase em que a Rafaela ainda era muito pequena...
Posso ainda contar um outro momento de alguma dificuldade, que me deixou mesmo triste e que, até hoje, me revolta pela escolha que fiz. Na transição de sub-16 para sub-17, em agosto, a minha mãe e o meu pai ofereceram-nos - a mim e à minha irmã - uma viagem de cruzeiro, onde íamos conhecer os Estados Unidos, o México, Miami, as Bahamas e o parque de Orlando. Mas havia três dias de estágio da Seleção sub-17 que coincidiam com os últimos dias das férias. Falámos com a selecionadora, na altura a Mónica Jorge, e a resposta foi: “Se a sua filha não vier, corre o risco de não ser mais convocada.”
Óbvio que, imatura e com o sonho de continuar a representar Portugal, não hesitei e não fui à viagem, que talvez nunca mais volte a ter oportunidade de fazer. Depois disso, no último dia de estágio, a resposta que recebi foi: 'Não vou contar contigo para o torneio, porque estás forte.'
Resumindo: perdi 15 dias de sonho para qualquer jovem de 16 anos, por imaturidade, e pior - perdemos o dinheiro da viagem. Tudo por três dias.
- Começou a jogar com rapazes, mas depois surgiu a oportunidade de ir para o SC Braga, para a equipa feminina. Como foi essa transição?
A minha primeira experiência no futebol feminino foi no SC Freamunde, aos 12 anos. Foram três épocas a jogar no campeonato nacional sénior e nas sub-19. Ou seja, os meus fins de semana eram totalmente dedicados ao futebol.
Foi uma fase muito enriquecedora, tanto a nível pessoal como profissional. Trabalhei com jogadoras mais velhas, com mais experiência, algumas delas referências nacionais e internacionais. Essa convivência fez-me evoluir bastante, até na forma como comecei a olhar para o meu futuro no futebol.
Nesta passagem, alcancei também metas individuais: fui chamada para integrar regularmente os treinos da AF Porto, participei em torneios interassociações e, nessas dinâmicas, surgiu a oportunidade de integrar a seleção nacional sub-16. Aí somei seis internacionalizações e marquei o meu primeiro golo internacional, frente à Suíça. Até hoje, considero essa uma das experiências mais emocionantes do meu percurso e da minha vida. Ouvir e cantar o hino pela primeira vez, representar o país e saber que fui escolhida entre tantas jogadoras com potencial são sensações difíceis de explicar. E o mais importante é que sempre tive o apoio dos meus por perto.

Só depois desta fase surgiu a minha ida para o SC Braga. Com 15 anos, deixei a minha casa e a escola, e tive de aprender a viver sozinha pela primeira vez. A viagem diária para os treinos era muito cansativa e exigente; por isso, a mudança tornou-se necessária. Foi nesse momento que percebi, de forma clara, a importância que o futebol tinha na minha vida e o quanto eu queria levá-lo para outro nível.
A adaptação foi difícil. Estava habituada ao conforto da minha casa e passei a viver com alguém que não conhecia. Aprendi a cozinhar, a gerir uma mesada, a fazer novas amizades numa escola onde tudo me era estranho. Já não havia a proximidade com os professores, o à-vontade de sempre, nem os amigos de uma vida nos intervalos. Tudo era diferente e este é um passo muito difícil de dar. Foi também um desafio emocional, porque tive de lidar com essa mudança toda e com a ausência dos meus pais, algo que nunca tinha vivido. Mas foi nesse choque que me descobri verdadeiramente, como pessoa e como jogadora.
A nível desportivo, recebi um apoio enorme do SC Braga durante todo este processo, e é por isso que o clube ocupa um lugar tão especial na minha vida. Estiveram sempre presentes, acolheram-me da forma mais calorosa que se pode imaginar e fizeram-me sentir em casa, mesmo estando longe dela. Esse acompanhamento refletiu-se no meu desempenho: em 28 jogos, marquei 23 golos. Estes números são mérito meu, claro, mas também resultado de um excelente background e de uma rede de apoio muito forte.

"A minha experiência no Sporting foi maravilhosa, mas sentia-me triste"
- Passou também pelo Sporting. Como descreve o seu processo formativo ao longo desses anos?
A minha experiência no Sporting foi maravilhosa, mas trouxe novos desafios. Já conhecia a realidade de viver sozinha, de mudar de escola e de ter de começar tudo do zero, mas conhecia essa realidade com os meus pais a apenas 50 minutos de distância.
Quando surgiu a oportunidade, não pensei duas vezes. O Sporting tem uma grande academia de formação e fiquei extremamente feliz por ser convidada a fazer parte dela. Foram-me dadas excelentes condições para viver e um nível de formação muito elevado. Mas, naquele momento, faltava-me ainda a destreza emocional para lidar com a distância dos meus pais e com todas as mudanças envolvidas. Com 16 anos, acreditava estar preparada para abraçar essa aventura... Afinal, era o meu sonho, mas na verdade foi muito difícil.
A cidade parecia-me um mundo à parte da minha normalidade. Não havia “bons dias” nem “boas tardes”, sentia uma total indiferença por parte dos professores, e notei uma frieza cultural e social que me era estranha. Lisboa foi um pouco assustadora para mim. Essa realidade pessoal acabou por se tornar maior do que o meu sonho: emocionalmente estava em baixo, sentia-me triste e deprimida, e a parte boa da experiência já não compensava a parte menos boa. Por isso, tomei a decisão de dar um passo atrás, terminar os estudos e ganhar maturidade emocional e psicológica.
Voltei ao SC Braga, comecei a treinar com o plantel principal, com jogadoras experientes e de referência, e fiz dois jogos na Liga.

- Lembra-se desse primeiro jogo na Liga?
Esse é um dos momentos mais importantes da minha carreira, daqueles que revivo muitas vezes na minha cabeça e que me fazem acreditar e continuar a lutar pelo meu lugar no futebol. Foi o meu primeiro golo, no meu primeiro jogo, pelo clube que sempre me acolheu e cuidou de mim. Não faria sentido acontecer de outra forma.
Foi contra o Cadima. Não consigo descrever exatamente o que se sente quando realizamos um objetivo pelo qual sonhámos tanto. O que me vem sempre à cabeça é a certeza absoluta de que quero voltar a sentir aquele momento: a sensação de concretização, de que todos os desconfortos e dificuldades valeram a pena.
O trajeto no Rio Ave: "Um dia somos tudo e, de repente, não somos nada"
- Em 2023, toma a decisão de deixar a Liga para ir para a 3.ª divisão, integrando o projeto do Rio Ave. O que motivou a essa escolha?
Costuma dizer-se que “às vezes é preciso dar dois passos atrás para dar três para a frente”… e, no meu caso, foi um pouco por aí. Passei por um período em que algumas exigências físicas estavam acima das respostas e dos resultados que eu conseguia apresentar à equipa. Isso acabou por me desanimar e por me fazer duvidar de mim e da qualidade que tinha.
Entrei numa espécie de bolha de desmotivação e frustração. Por mais esforço que fizesse, sentia que nunca era suficiente… e voltei a perder a alegria e o gosto por jogar futebol. É então que surge o Rio Ave, precisamente nessa fase, e faz com que tudo ganhe um novo rumo.
Um dos motivos que me levou a aceitar a proposta foi o projeto coeso que me apresentaram, o carinho e a valorização que demonstraram por mim, sobretudo a treinadora Mara Vieira. Tenho por ela uma enorme gratidão e apreço, não só pelas oportunidades que me foi dando, tanto no Rio Ave como anteriormente na AF Porto, mas também por me ajudar a voltar a acreditar no meu potencial.

- Consegue a subida à Segunda Liga e depois novamente à Liga, sempre destacando-se como uma das melhores marcadoras. Não surgiram convites para seguir também para a Liga ou foi uma opção sua?
Foram duas épocas consecutivas em que conseguimos cumprir os objetivos do clube. A nível individual, consegui destacar-me como uma das melhores marcadoras, muitas vezes em momentos decisivos. Cada época teve exigências competitivas diferentes e experiências distintas dentro do grupo. Na primeira temporada, fiz 28 jogos e marquei 25 golos. Na segunda, foram 30 jogos, com um total de 11 golos.
Confesso que, durante estas duas épocas, ganhei um carinho especial pelo clube, pela forma como me receberam e pelo carinho que sempre demonstraram por mim: desde os diretores, aos técnicos de rouparia, aos treinadores de outros escalões. Era um clube que valorizava muito as relações humanas.
Mas, ao fim de duas épocas, surgem também as rasteiras que o futebol às vezes dá. Um dia somos tudo e, de repente, não somos nada. E foi mais ou menos assim que ficou marcado o final da época 2024/25. Estive algum tempo à espera de uma resposta por parte do clube para perceber se contavam comigo para a temporada seguinte… um tempo demasiado longo, que acabou por atrasar o meu rumo para a época atual.
Para esta época tinha igualmente alguns objetivos pessoais como prioridade, um deles, terminar a minha licenciatura em Ciências do Desporto. Foi então que, entre as propostas que ainda tinha em cima da mesa, surgiu o Clube Albergaria, que me permitia conciliar os dois mundos.

Benfica na Taça de Portugal: "É um jogo que nos vai permitir aprender muito"
- Como está a correr este novo desafio no Clube de Albergaria?
Confesso que, quando tomei a decisão de vir para o Clube de Albergaria, me questionei várias vezes se estaria a dar o passo certo. Perguntava-me todos os dias se valia a pena continuar a apostar neste sonho de ser jogadora… se valia a pena fazer tantos quilómetros diariamente e abdicar da minha vida familiar e social pelo futebol. A verdade é que me sentia desvalorizada. Sentia que o meu trabalho era bom, mas nunca suficiente, nunca verdadeiramente reconhecido.
E o Clube de Albergaria mostrou-me que posso continuar a sonhar e, acima de tudo, que posso ser feliz no futebol. É um clube que muitos consideram pequeno… mas, agora que estou aqui dentro, vejo que é um clube grande. Um clube que honra os seus valores e as suas atletas, que não deixa faltar nada e que cumpre aquilo que promete. Todos os dias me sinto acolhida, como se fosse um novo membro de uma família.
Sinto uma valorização enorme, pelo que sou dentro e fora de campo, e sinto que acreditam verdadeiramente em mim e no que posso dar.
- Como descreveria o grupo e o que acredita que podem conquistar nesta temporada?
Somos um grupo novo, mas com um espírito de equipa e uma união incríveis. Desde o início acolhemo-nos e apoiamo-nos umas às outras. Apesar da inexperiência de algumas jogadoras no campeonato feminino português e das dificuldades que possam surgir, acredito que este espírito e esta entreajuda, que tanto nos caracterizam, nos vão levar longe e proporcionar muitos momentos de alegria e de conquistas ao longo da época.
- O Clube de Albergaria compete na Segunda Liga. Qual é a avaliação que faz do campeonato?
A Segunda Liga tem evoluído imenso nos últimos anos. Para quem não acompanha, talvez não tenha noção do nível de exigência e competitividade que já existe. Hoje, há cada vez mais equipas a investir seriamente no futebol feminino, desde a estrutura, ao treino, às condições e à qualidade de jogo, e isso eleva o padrão.
Cada jornada é intensa, cada ponto é difícil de conquistar e a margem para erro é cada vez menor. É um campeonato muito competitivo, onde o crescimento individual e coletivo é constante.
- Vem aí o Benfica para a Taça de Portugal. Como tem sido a preparação?
São exatamente estes os jogos com que todas sonhamos e que todas queremos jogar. Sabemos da exigência emocional e, sobretudo, física que vamos enfrentar, mas estamos a preparar-nos para dar o nosso melhor e para desfrutar do momento da melhor forma.
É um jogo que nos vai permitir aprender muito. Todas vamos encontrar referências e exemplos dentro de campo, e isso também faz parte do crescimento de qualquer jogadora e de qualquer equipa.

"Não vivo presa ao futuro, mas também não deixei de ser ambiciosa"
- Que análise faz ao futebol feminino em Portugal e qual acha que é o caminho que está a seguir?
O futebol feminino em Portugal está claramente numa fase de crescimento e afirmação. Nos últimos anos, temos assistido a um aumento significativo do investimento por parte dos clubes, a melhores condições de treino, a mais profissionalização (ainda que pequena) e a uma maior visibilidade. Tudo isto tem contribuído para elevar a qualidade do jogo e para tornar o ambiente competitivo em todos os escalões.
O caminho que estamos a seguir é muito positivo: há mais jovens a entrar na modalidade, mais equipas estruturadas e um nível de exigência cada vez mais elevado. Ainda existe muito para evoluir, sobretudo no equilíbrio entre clubes, na estabilidade dos projetos, na profissionalização e na questão salarial, mas a direção é claramente a certa. Estamos a construir uma base sólida que permite sonhar com um futuro em que o futebol feminino seja cada vez mais valorizado, competitivo e reconhecido a nível nacional e internacional.
- E Rafaela, quais são as perspetivas futuras em relação à sua carreira no futebol?
Neste momento, depois de alguns acontecimentos, deixei de pensar demasiado no futuro, porque a verdade é que o presente, no futebol, já é por si só muito incerto. Aprendi que não vale a pena criar expectativas sobre aquilo que não consigo controlar. O que faço é focar-me no agora: nos treinos, no meu crescimento desportivo e pessoal, nas oportunidades que tenho e nas que posso construir diariamente.
Mas, obviamente, continuo a sonhar. Continuo a trabalhar para evoluir como jogadora e para estar pronta quando surgir uma nova oportunidade. Não vivo presa ao futuro, mas também não deixei de ser ambiciosa, simplesmente passei a orientar essa ambição para o presente, que é onde realmente posso fazer a diferença.
- Se o futebol fosse uma pessoa, o que lhe diria?
Se o futebol fosse uma pessoa, eu agradecia-lhe. Agradecia por todas as oportunidades, por todos os desafios e por todas as lições, das melhores às mais difíceis. Diria que, apesar de nem sempre ser fácil, foi no futebol que me reencontrei várias vezes, que cresci e que me senti verdadeiramente eu.
Também lhe diria que, mesmo quando o caminho é incerto, eu continuo a acreditar, a lutar, a sonhar e a trabalhar. Porque aquilo que me liga ao futebol é maior do que o dinheiro ou o nome, é uma paixão que me acompanha desde criança e que, independentemente do que o futuro trouxer, faz parte de quem eu sou.
- Por fim, no dia em que decidir terminar a sua carreira, como gostaria de ser recordada?
No dia em que terminar a minha carreira, gostava de ser recordada não só pela jogadora que fui, mas sobretudo pela pessoa que deixei dentro e fora de campo. Gostava que dissessem que fui alguém que nunca deixou de trabalhar, de acreditar e de lutar, mesmo quando o caminho era incerto.
Quero ser lembrada pela atitude, pela entrega, pela forma como honrei cada treino, cada jogo e cada clube que representei. E, acima de tudo, pela paixão verdadeira que sempre tive por este desporto, uma paixão que nunca foi movida pelo nome ou pelo dinheiro, mas pela vontade de crescer, de competir e de inspirar. Pela vontade de elevar o futebol feminino.
Se um dia puder ser recordada por ter deixado uma marca positiva nas pessoas e no futebol, então terei cumprido o meu objetivo.
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