Os Gunners estão invictos nos três confrontos anteriores contra os Blancos, incluindo a épica primeira mão dos quartos de final, em que venceram por 3-0. No entanto, a pressão que será exercida caso a equipa de Carlo Ancelotti marque um golo cedo será imensa.
Complacência será o inimigo
O Arsenal só precisa olhar para a forma como o Borussia Dortmund levou a melhor sobre o Barcelona no jogo da segunda mão, na noite de terça-feira, para provar que o confronto ainda não acabou.
Noutra noite, se o BVB tivesse aproveitado todas as oportunidades, o Barça teria sido eliminado da competição graças a uma reviravolta que teria mesmo superado a dos catalães contra o PSG em 2017.
Se a equipa de Mikel Arteta apresentar um nível de desempenho semelhante ao da primeira mão, o Arsenal poderá igualar a série mais longa de vitórias fora de casa na Taça dos Campeões Europeus (4 - ganhou as últimas três).
A única vez que o Arsenal venceu quatro vezes seguidas fora de casa foi contra o Real Madrid no Santiago Bernabéu (1-0 em fevereiro de 2006), no quarto jogo dessa série.
Com jogadores como Myles Lewis-Skelly a jogarem sem medo e com confiança, os Gunners certamente são capazes de manter o Real controlado.
O jogador de 18 anos tornou-se o terceiro adolescente inglês a fazer uma assistência para um golo num jogo da primeira mão da fase a eliminar da Liga dos Campeões, e os três adolescentes fizeram-no com a camisola do Arsenal: Theo Walcott em 2008 (contra AC Milan e Liverpool) e Alex Oxlade-Chamberlain em 2012 (contra o AC Milan).
Arteta ainda tem um ponto a provar no Arsenal
Do ponto de vista de Arteta, ele precisa tirar o rótulo de ser o técnico do "quase" no Arsenal.
Desde que assumiu as funções de treinador da equipa principal a 20 de dezembro de 2019, o espanhol de 43 anos conseguiu mudar a cultura e a mentalidade no vestiário, mas não complementou isso com prata. Vale a pena perguntar, então, se se define o seu sucesso pela "confiança no processo", pelos troféus ganhos ou por ambos.
A conquista da Taça de Inglaterra em agosto de 2020 parecia anunciar um novo amanhecer no Emirates Stadium, depois de os anos de Arsène Wenger se terem esgotado e de as hipóteses de Unai Emery permanecer no clube a longo prazo terem sido reduzidas.
No entanto, quase cinco anos depois, Arteta tem apenas duas vitórias no Community Shield no seu currículo, apesar de ter estado a um passo de levar os Gunners ao título da Premier League em 2023/24, acabando por perder para o Man City de Pep Guardiola por apenas dois pontos.
O espanhol pode querer salientar o facto de, nos seus 253 jogos como treinador, ter vencido 149, o que lhe dá uma percentagem global de vitórias de 58,9. A percentagem mais baixa de vitórias - uns razoáveis 50% - registou-se na sua primeira época no comando técnico e, desde então, tem oscilado entre 57,1% e 65,4%. Não é um mau resultado, mesmo que não tenha conquistado o título.
Além disso, as equipas do Arsenal de Arteta marcaram 484 golos (quase dois por jogo) e sofreram apenas 247 (menos de um por jogo).
Até agora, nesta época, os Gunners sofreram 41 golos em todas as competições, o que constitui o seu melhor registo sob o comando do espanhol, enquanto 97 golos marcados significam que estão apenas a seis de igualar o seu segundo melhor resultado (da campanha de 2022/23). 17 vitórias em casa são apenas duas a menos do que as 19 da época passada e 28 vitórias no total estão a uma de igualar o terceiro melhor registo de uma época sob o comando de Arteta.
Dos 253 jogos que dirigiu, o Liverpool é o adversário que Arteta mais defrontou. Dos 14 jogos disputados contra os Reds de Jurgen Klopp ou Arne Slot, o Arsenal venceu apenas dois, empatou seis e perdeu seis.
13 jogos contra o Man City tiveram um resultado semelhante, com duas vitórias, três empates e oito derrotas.
Em ambos os casos, o Arsenal marcou 13 golos e sofreu 25 nos jogos disputados contra estes dois adversários. Tendo em conta que tanto os Reds como os Cityzens podem ser considerados os principais rivais domésticos dos Gunners, o padrão de resultados contra eles até à data sugere que Arteta continua a ser considerado deficiente nos jogos mais importantes.
Assumir responsabilidades
Se culpar os árbitros ainda é uma coisa, então Michael Oliver pode normalmente ser encontrado no meio quando chegam os jogos mais importantes da Premier League, e o árbitro é conhecido por enfurecer os Gunners anteriormente - Leandro Trossard no Manchester City, alguém?
No entanto, é interessante notar que o Arsenal obteve o maior número de vitórias quando Oliver foi o responsável por um dos seus jogos - 17 vitórias em 26 partidas.
Entre os outros árbitros do grupo de elite, o time do norte de Londres tem uma porcentagem de vitórias um pouco melhor sob o comando de Simon Hooper (66,7) do que sob o de Oliver (65,4), embora tenha vencido seis dos oito jogos (75%) quando Jarred Gillet foi o árbitro.
Mas, no fim das contas, quem leva a culpa é o técnico, não os árbitros.
Confiar no processo é muito bom, mas se não conseguirmos vencer os nossos maiores rivais quando os troféus estão em jogo, então o processo continua a ter falhas. Se o Arsenal acabar por sucumbir ao Real Madrid no que seria uma reviravolta incrível na noite de quarta-feira, a noção de que o treinador do Arsenal continua a ser o homem quase certo continuará a incomodar os redactores das manchetes.
Quer Arteta goste ou não, continuarão a ser feitas perguntas sobre a sua aptidão para dirigir a equipa principal de um dos clubes mais famosos do futebol inglês.
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