Análise: Como o Manchester City venceu com facilidade o Real Madrid

Josko Gvardiol, do Manchester City, cabeceia à baliza frente ao Real Madrid
Josko Gvardiol, do Manchester City, cabeceia à baliza frente ao Real MadridCheng Min / Xinhua News / Profimedia

Antes do teste do Real Madrid na Liga dos Campeões, frente ao Manchester City, a pressão sobre Xabi Alonso vinha a aumentar.

Recorde as incidências da partida

Se os rumores se confirmarem, parece que o espanhol não só perdeu o balneário, como também a confiança da direção, após uma série de resultados dececionantes.

Mbappé ausente agravou os problemas do Real

Depois de um início razoável na época 2025/26, as lesões afetaram o plantel principal e, como consequência, os merengues têm tido dificuldades em apresentar o nível de exibições esperado nos últimos tempos.

A sorte de Xabi Alonso não mudou a tempo do reencontro com o antigo mentor Pep Guardiola, já que Kylian Mbappé, herói do Real Madrid no último jogo frente ao Olympiacos, ao marcar os quatro golos no triunfo por 4-3, foi o mais recente a ser afastado da lista de opções para o onze inicial.

Antes do apito inicial, os anfitriões ocupavam o quinto lugar da tabela da Liga dos Campeões, com 12 pontos, enquanto o City estava em nono, com 10 pontos, ficando assim fora das posições de qualificação automática para os oitavos de final.

Se as seis alterações de Xabi Alonso se deveram sobretudo à crise de lesões do Real, a troca de 10 jogadores por parte de Guardiola, em relação ao onze que iniciou frente ao Bayer Leverkusen, mostrou a todos a profundidade de talento que o catalão tem ao seu dispor no plantel do City.

Entrada prometedora dos merengues

Este foi o 14.º jogo fora de Pep Guardiola frente ao Real Madrid na sua carreira de treinador, apenas atrás das 15 visitas ao Arsenal, mas a favor dos anfitriões estava o facto de não ter vencido nas últimas quatro deslocações (2 empates, 2 derrotas).

A 50.ª titularidade de Erling Haaland na Liga dos Campeões não podia ter acontecido num palco mais emblemático do que o Santiago Bernabéu, e os seus 50 golos nas 49 partidas anteriores já eram o melhor registo de sempre de um jogador nas primeiras 50 presenças na competição.

Posições médias do Real Madrid - Manchester City
Posições médias do Real Madrid - Manchester CityOpta by Stats Perform

O início de jogo foi animado, com o Real Madrid a entrar forte e a criar três oportunidades nos primeiros sete minutos, por Fede Valverde, Álvaro Carreras e Vinícius Jr.

Apesar de o City não ter conseguido incomodar Thibaut Courtois nos primeiros minutos, teve 66% de posse de bola nos 15 minutos iniciais, o que acabou por ditar o ritmo do resto do encontro.

Haaland discreto

Até esse momento, Haaland ainda não tinha tocado na bola e foi uma figura algo apagada.

Em contraste, o regressado Rodrygo esteve muito ativo, tendo criado três oportunidades – mais do que qualquer outro em campo – antes de inaugurar o marcador com um excelente remate cruzado perante Gianluigi Donnarumma.

O brasileiro precisou de 32 jogos e 38 remates para voltar a marcar, desde o último golo frente ao Atlético de Madrid em março. Este foi também o seu quinto golo ao City, o adversário a quem mais marcou.

A assistência de Jude Bellingham para o golo foi a primeira nesta edição da Liga dos Campeões, mas já soma 14 na competição.

O inglês esteve em grande plano, com três remates, três oportunidades criadas, 11 passes completos no último terço, dois dribles bem-sucedidos e dois desarmes ganhos – uma exibição completa e oportuna.

Courtois comprometeu no empate do City

No entanto, o Real Madrid esteve em vantagem apenas durante sete minutos, e Thibaut Courtois só se pode culpar a si próprio por largar o cabeceamento de Josko Gvardiol mesmo para os pés de Nico O'Reilly.

O lateral fez o empate e tornou-se o segundo jogador mais jovem a marcar por um clube inglês frente ao Real Madrid na Liga dos Campeões, apenas atrás de Alan Smith, pelo Leeds United, em março de 2001.

O golo habitual de Haaland surgiu antes do intervalo, de penálti, ao sexto toque na primeira parte, depois de o norueguês ter sido derrubado por Antonio Rüdiger. Foi uma noite para esquecer para o alemão, que só conseguiu um desarme com sucesso em todo o jogo.

Incrivelmente, desde março de 1991, frente ao Spartak Moscovo, e apenas pela segunda vez na história do Real, a equipa marcou primeiro mas foi para o intervalo em desvantagem num jogo da Taça dos Campeões/Liga dos Campeões.

Sem a velocidade que Mbappé oferece na frente, os anfitriões tiveram dificuldades em ultrapassar a sólida defesa do City.

Domínio do meio-campo foi chave para o triunfo

Os 17 alívios da defesa visitante foram quase tantos como os realizados por todo o onze do Real Madrid, para além de uma distribuição de bola eficaz, com O'Reilly a registar uns impressionantes 91,4% de passes certos.

No entanto, foi o controlo do City nas zonas centrais que acabou por decidir o encontro.

Notas finais dos jogadores
Notas finais dos jogadoresFlashscore

Com o Real privado de Valverde na sua posição natural, a equipa não era propriamente frágil, mas não conseguiu fazer frente aos visitantes. A precisão de passe de Nico González (96,6%, 100% no último terço) foi de excelência e uma das razões pelas quais os merengues passaram grande parte do tempo a correr atrás da bola.

Os assobios vindos das bancadas muito antes do final, assim como os 16 remates no total, mas apenas um enquadrado, dizem tudo.

Oportunidade desperdiçada

Guardiola sentiu claramente que a sua equipa estava confortável o suficiente para tirar Haaland, Phil Foden e Rayan Cherki a 20 minutos do fim.

Com o City a abrandar, uma série de oportunidades tardias para o Real Madrid poderia, noutro dia, ter resultado no empate. O remate de Endrick ao ferro foi o mais perto que estiveram.

Ao analisar o jogo, Xabi Alonso perceberá que esta foi uma grande oportunidade desperdiçada.

A sua equipa teve mais posse, rematou mais vezes e trocou mais passes do que o City, mas quando foi preciso, os jogadores não corresponderam. Mais uma vez.

Os seis cruzamentos, seis dribles e cinco oportunidades criadas por Rodrygo, além de ter feito o único remate enquadrado do Real, pelo menos permitem ao brasileiro sair de cabeça erguida numa noite dececionante para o clube.

O tempo dirá se este terá sido o último jogo de Xabi Alonso…

Jason Pettigrove
Jason PettigroveFlashscore