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Análise: Como o Paris Saint-Germain conseguiu fazer história frente ao Barcelona na Liga dos Campeões

Goncalo Ramos, do PSG, celebra o golo da vitória frente ao Barcelona
Goncalo Ramos, do PSG, celebra o golo da vitória frente ao BarcelonaPSNEWZ / Sipa Press / Profimedia

Quando Luis Enrique regressou a Barcelona com a sua equipa do Paris Saint-Germain, fê-lo sabendo que, caso os visitantes voltassem a vencer, tornar-se-iam na primeira equipa da história do futebol europeu a derrotar os catalães em três jogos consecutivos fora de casa.

Para isso, teria de apresentar um onze bastante diferente do habitual, já que todos os Ousmane Dembélé, Kvicha Kvaratskhelia, João Neves, Desire Doué e o capitão, Marquinhos, estavam lesionados.

Por sua vez, o treinador do Barcelona, Hansi Flick, também tinha problemas de lesões. Raphinha estava ausente, tal como Gavi, Fermin Lopez e o guarda-redes Joan Garcia, enquanto Lamine Yamal regressava apenas agora de lesão.

O técnico alemão tomou ainda uma decisão arrojada ao deixar o capitão Ronald Araujo e o avançado estrela Robert Lewandowski no banco de suplentes.

Barcelona vs PSG - onzes iniciais
Barcelona vs PSG - onzes iniciaisFlashscore

Foi o talento geracional Lamine Yamal quem realmente incendiou o jogo nos dois primeiros minutos, com uma arrancada impressionante que quase resultou no primeiro golo por intermédio de Ferran Torres.

Os primeiros minutos, sobretudo no meio-campo, pareciam uma máquina de pinball, e é admirável como os jogadores de ambas as equipas conseguiram manter alguma compostura com a bola durante esse período frenético.

Pedri e de Jong trazem serenidade ao caos

Foi então que Pedri e Frenkie de Jong se destacaram. Os dois jogadores do Barcelona, com uma precisão de passe de 95,5% e 92,5% respetivamente, trouxeram alguma serenidade ao jogo, permitindo que a partida ganhasse um padrão que, inicialmente, favoreceu os anfitriões.

Uma jogada brilhante, já perto dos 20 minutos, apanhou o PSG de surpresa, com Pedri a participar numa construção rápida que terminou com um cruzamento de primeira, soberbo, do cada vez mais influente Marcus Rashford para Ferran finalizar e inaugurar o marcador.

Até O Tubarão pareceu surpreendido por não estar em fora de jogo.

Foi a quarta contribuição de Rashford (dois golos, duas assistências) nos seus últimos três jogos da Liga dso Campeões, mantendo o registo recente do Barcelona de marcar pelo menos um golo por partida na competição (22 jogos consecutivos).

Barcelona incapaz de travar Nuno mendesMendes

Esse golo pareceu despertar o PSG, e de Jong foi justamente admoestado após uma falta dura sobre o imparável Nuno Mendes. O lateral-esquerdo rapidamente recuperou e rasgou a defesa do Barça, assistindo o jovem de 19 anos Senny Mayulu para o empate. 

​As 10 entradas de Mendes na zona ofensiva ao longo do jogo mostram como foi mal controlado pelos anfitriões, enquanto os 17 duelos individuais que disputou foram, de longe, o maior registo entre todos os jogadores em campo.

Essa energia contagiou os colegas, que, agora de novo no jogo, agarraram-no e começaram a dominar o Barcelona. Vitinha passou a ter muito mais influência, mesmo que por vezes os seus passes fossem menos precisos. 83,1% seria aceitável para a maioria dos jogadores, mas não para o português, que costuma atingir valores na casa dos 90.

Mapa de calor de Vitinha frente ao Barcelona
Mapa de calor de Vitinha frente ao BarcelonaOpta by Stats Perform

Bradley Barcola também aproveitou a liberdade concedida pela defesa do Barça, embora devesse ter feito melhor numa boa oportunidade antes do intervalo.

​Os seus nove toques na área adversária foram partilhados com Achraf Hakimi, que ajudou a impulsionar o PSG nos minutos finais, à medida que o Barça acusava o desgaste.

PSG totalmente dominante

O PSG entrou na segunda parte com total domínio e obrigou Wojciech Szczesny a realizar várias defesas – cinco no total até ao final do encontro, contra nenhuma do seu homólogo Lucas Chevalier. ​Quando o guarda-redes do Barça foi batido, a equipa teve de agradecer a Dani Olmo por ter afastado a bola em cima da linha, numa altura em que os visitantes já tinham perto de 70% de posse de bola ao chegar à hora de jogo.

A entrada de Lewandowski para o lugar de Rashford, juntamente com várias substituições do Barcelona, pode ser vista, em retrospetiva, como o momento que desequilibrou definitivamente a balança a favor do PSG.

Apesar de os franceses continuarem a ser os mais prováveis de aumentar o registo de golos, o jogador emprestado pelo Manchester United era, pelo menos, uma opção válida para sair a jogar e mantinha-se disponível para correr. O internacional polaco, por outro lado, mostrou-se imóvel e praticamente irrelevante.

Passes totais de Robert Lewandowski frente ao PSG
Passes totais de Robert Lewandowski frente ao PSGOpta by Stats Perform

Para contextualizar, nos 20 minutos que Lewandowski esteve em campo, tocou na bola apenas quatro vezes, perdendo a posse numa delas.

Sem surpresa quando Gonçalo Ramos marcou o golo da vitória

Marc Casado, que entrou ao mesmo tempo que Olmo saiu, foi admoestado ao fim de seis minutos e também pouco contribuiu para tentar dar a vitória aos anfitriões. Os seus 11 toques foram ligeiramente superiores aos do colega, mas perdeu a bola por duas vezes.

O remate de Lee Kang-in ao ferro, a oito minutos do fim, foi um aviso dos visitantes de que estavam prontos para arregaçar as mangas e pressionar o adversário até ao último segundo.

Apesar das ausências, só houve uma equipa em campo nos minutos finais, e não surpreendeu quando Goncalo Ramos aproveitou o passe de Hakimi para marcar o golo da vitória nos descontos, o seu nono na competição até agora.

Isso significou uma derrota para os catalães depois de terem inaugurado o marcador na Liga dos Campeões pela primeira vez desde 16 de abril de 2024, curiosamente frente ao PSG (10 jogos sem perder), mas só se podem culpar a si próprios.

Jason Pettigrove
Jason PettigroveJason Pettigrove