Análise: Mestre contra discípulo no Real Madrid-Manchester City

Kylian Mbappé, do Real Madrid, vê um remate bloqueado por Rúben Dias, do Manchester City
Kylian Mbappé, do Real Madrid, vê um remate bloqueado por Rúben Dias, do Manchester CityJohn Walton / PA Images / Profimedia

O Manchester City desloca-se à capital espanhola para um duelo da Liga dos Campeões, frente ao Real Madrid, que coloca mestre e discípulo frente a frente.

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Xabi Alonso jogou sob o comando de Pep Guardiola quando este liderava o Bayern Munique, e encontram-se agora pela primeira vez como treinadores, com a expectativa de que ambas as equipas apresentem estilos de jogo muito semelhantes, num encontro que, sem dúvida, tem maior importância para o técnico dos merengues.

Xabi Alonso pode ser despedido

O espanhol mal começou a sua aventura no cargo, mas já circulam rumores fortes de que poderá ser despedido pelo clube do Santiago Bernabéu caso o City regresse a Inglaterra com os três pontos.

Apesar de um início promissor em Madrid, uma sequência de maus resultados e a influência dos jogadores parecem ter deixado Alonso encostado às cordas.

"Claro que tenho empatia, porque estivemos juntos durante um ano e meio, dois anos", afirmou Guardiola aos jornalistas na conferência de imprensa de antevisão.

"Foi uma experiência incrível estar com ele. Não só como treinador, partilhámos muitas coisas, até as famílias. Mas Barcelona e Real Madrid são os adversários mais exigentes, os clubes mais difíceis, diria mesmo, para se ser treinador. São mais complicados pela pressão e pelo ambiente", acrescentou.

Mbappé é peça-chave para os merengues

Kylian Mbappé está em dúvida para a partida devido a um problema no joelho, mas dada a sua importância para a equipa, Xabi Alonso poderá arriscar a sua utilização.

No último jogo da Liga dos Campeões frente ao Olympiacos, marcou os quatro golos da equipa, reforçando ainda mais o seu estatuto de estrela de Xabi Alonso, à frente de Vinicius Junior.

O francês também assinou um hat-trick no último confronto entre as duas equipas, num playoff da fase a eliminar da Liga dos Campeões na época passada, que terminou 3-1 para o Real.

Apenas Lionel Messi tem mais participações em golos (sete golos, duas assistências em oito jogos) do que os sete golos e uma assistência de Mbappé em sete partidas frente ao City.

Os nove golos de Mbappé nesta edição da prova são o registo partilhado mais elevado de um jogador do Real Madrid nas suas primeiras cinco presenças numa só edição, igualando Cristiano Ronaldo em 2013/14, e são quase o dobro do registo do talismã do City, Erling Haaland, que soma cinco.

Registo impressionante de Haaland

O norueguês quererá aumentar os dois golos que já marcou ao Real nas cinco partidas em que os defrontou até agora, elevando assim o seu total na competição para 54, conseguidos em apenas 53 jogos.

Haaland já leva 20 golos em todas as competições de clubes esta época, só superado pelos 26 de Mbappé e pelos 28 de Harry Kane.

Apenas por uma vez neste duelo houve um empate sem golos, em abril de 2016, pelo que a importância destes dois jogadores para as suas equipas não pode ser subestimada antes do confronto de quarta-feira.

Os anfitriões chegam ao jogo com a terceira maior sequência de jogos consecutivos a marcar em casa (38) na história da Taça dos Campeões/Liga dos Campeões, e desde que o CSKA Moscovo visitou o Bernabéu em dezembro de 2018, nenhuma equipa visitante conseguiu manter a baliza inviolada na competição (empate 0-0).

Apenas o próprio Real Madrid (45 jogos entre setembro de 2011 e outubro de 2018) e a Juventus (45 jogos entre abril de 1973 e setembro de 2000) apresentam um registo superior.

City ainda fora dos lugares de qualificação automática

Os ingleses procuram a primeira vitória nos duelos diretos entre os dois clubes desde maio de 2023. Precisam também de um resultado positivo, já que continuam fora dos lugares de qualificação automática.

Será o 15.º confronto entre as equipas na competição, e desde o primeiro em 2012/13, nenhum outro duelo foi disputado tantas vezes.

Histórico de confrontos
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Guardiola quererá certamente inverter a atual tendência da sua equipa na competição, já que, desde novembro de 2024, o City perdeu seis dos seus 12 jogos (4V 2E), enquanto antes disso, foram precisos 69 jogos da Liga dos Campeões para somar seis derrotas (49V 14E).

O catalão também nunca ficou cinco jogos seguidos sem vencer o Real Madrid. Atualmente soma quatro sem ganhar (2E, 2D), tendo vencido quase metade dos 27 confrontos anteriores ao serviço de Barcelona e Bayern Munique antes do City, com 13 vitórias, sete empates e sete derrotas.

Ambos os treinadores, por isso, têm razões válidas para querer garantir os três pontos, com mais duas partidas da Liga dos Campeões por disputar depois desta.

A confiança do City em Guardiola irá além de uma eventual derrota, embora o plantel possa ter de lutar pela qualificação automática caso outros resultados não sejam favoráveis.

Já a paciência do Real Madrid para com Xabi Alonso pode esgotar-se, mas será que uma mudança nesta altura é realmente a melhor solução?

No fundo, não é só Mbappé que tem de assumir responsabilidades pelos espanhóis. Apesar das várias lesões, sobretudo na defesa, jogadores experientes como Vinicius Junior, Aurelien Tchouameni, Fede Valverde e outros terão de dar tudo em campo.

Jason Pettigrove
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