Recorde as incidências da partida
Tendo em conta a forma desastrosa dos Reds nos últimos tempos e o início quase perfeito do Real tanto na Liga dos Campeões como na LaLiga, era evidente que seria preciso um esforço monumental dos homens de Arne Slot para conquistar os três pontos.
200 jogos para Mo Salah
Mo Salah, tantas vezes o talismã do Liverpool, cumpriu o seu 200.º jogo pelo clube em Anfield, um estádio onde já tinha marcado 137 golos e feito 57 assistências nos seus primeiros 199 encontros na mítica casa dos Reds.
Logo nos primeiros 15 minutos, já se percebia o que poderia vir a acontecer durante o jogo.
Nesse quarto de hora inicial, o Real só conseguiu tocar uma vez na área do Liverpool, enquanto Alexis Mac Allister já tinha feito dois remates.
Alvaro Carreras, o lateral-esquerdo dos visitantes, já tinha realizado quatro desarmes, numa altura em que os Reds pareciam apostar em atacar pelo seu flanco.
Remates desenquadrados de Kylian Mbappé, Eder Militão e Aurelien Tchouameni mostravam que a equipa de Xabi Alonso tentava pelo menos equilibrar o jogo, mas com Florian Wirtz já a criar três oportunidades para os anfitriões, era o Liverpool quem estava por cima.
Vini Jr. esteve apagado durante todo o jogo
Por mais que Vinicius Junior tentasse influenciar o jogo quando o Real procurava aliviar a pressão, o brasileiro revelou-se ineficaz no ataque.
Apesar de ter conseguido nove toques na área do Liverpool ao longo dos 90 minutos, mais do que qualquer outro colega, não fez qualquer remate durante toda a partida.
Se não fosse Thibaut Courtois, especialmente na primeira parte, o Real teria chegado ao intervalo já derrotado.
As suas oito defesas, numa exibição digna de melhor em campo, nunca foram tão impressionantes como quando se esticou ao máximo para desviar um potente remate de Dominik Szoboszlai para fora, perante um Kop incrédulo.
O guarda-redes belga fez quatro ou mais defesas na primeira parte pela sétima vez num jogo da Liga dos Campeões, sendo que três dessas ocasiões foram frente ao Liverpool (quatro em março de 2023 e cinco na final de 2022).
Courtois mostrou porque é o melhor do mundo
Para contextualizar ainda mais a excelência de Courtois, o belga tinha concedido golo ao primeiro remate enquadrado que enfrentou frente ao Marselha na primeira jornada, mas desde então realizou 19 defesas consecutivas na Liga dos Campeões sem conceder.
Szoboszlai fez quatro remates enquadrados na noite, num total de nove do Liverpool, enquanto o Real só conseguiu dois, ambos de Jude Bellingham e Arda Guler no último minuto da primeira parte, num desempenho coletivo muito aquém do habitual por parte dos espanhóis.
Mesmo com 74,7% de posse de bola durante largos períodos dos primeiros 45 minutos, nunca houve um momento em que os Blancos ameaçassem verdadeiramente os adversários.
No entanto, não concederam qualquer golo antes do apito para o intervalo e, por isso, continuavam vivos num jogo em que estavam a ser dominados em praticamente todos os aspetos.
Dominio do Liverpool continuou após o intervalo
Três remates nos primeiros cinco minutos da segunda parte mostraram que o assalto do Liverpool iria continuar e com a defesa do Real desfalcada de três dos habituais titulares, restava saber quanto tempo os visitantes conseguiriam resistir.
Com Militão e Dean Huijsen a somarem 14 alívios entre ambos, foi uma verdadeira batalha defensiva para o Real Madrid.
Aos 60 minutos, Szoboszlai cobrou um livre venenoso do lado direito e Mac Allister, um dos jogadores mais baixos em campo, conseguiu cabecear com força para bater Courtois e dar uma vantagem merecida ao Liverpool.
Com este golo, o argentino voltou a marcar na Liga dos Campeões pela primeira vez desde 27 de novembro de 2024 - também frente ao Real Madrid.
Quando marca primeiro, o Liverpool só perdeu uma das últimas 94 partidas em casa em todas as competições - uma derrota por 2-5 depois de estar a vencer por 2-0 frente ao Real Madrid em fevereiro de 2023 (86 vitórias, sete empates) - por isso, as probabilidades estavam claramente contra uma reviravolta dos visitantes.
Mbappé sem apoio
Em abono da verdade, o Real voltou a dominar a posse de bola, e Mbappé esforçou-se ao máximo para tentar colocar a sua equipa novamente em igualdade.
No entanto, com o apoio escasso de Vinicius, Arda Guler e, mais tarde, Rodrygo, a tarefa tornou-se ainda mais difícil para o francês.
Uma série de substituições tardias trouxe também o regresso de Trent Alexander-Arnold à equipa onde se destacou, e as vaias que se ouviram à sua entrada em campo contrastaram fortemente com os aplausos que recebeu ao longo da sua carreira no Liverpool.
Com esta breve aparição, tornou-se apenas o segundo inglês a defrontar o Liverpool na competição depois de ter jogado pelo clube, após Larry Lloyd (então do Nottingham Forest) em setembro de 1978.
O jogo terminou como começou
Dois remates bloqueados de Salah e um enquadrado de Cody Gakpo fizeram com que o jogo terminasse tal como começou, e quando a poeira assentar, Alonso deverá reconhecer que a sua equipa saiu de Anfield com sorte.

Para lá de alguns momentos de destaque; os 13 duelos individuais de Bellingham, as seis recuperações de bola de Tchouameni e a eficácia de passe de Militão (96,2%), pouco mais houve para os espanhóis celebrarem.
Do ponto de vista de Arne Slot, este registo e a qualidade da exibição podem finalmente ser o ponto de viragem para a época titubeante do Liverpool.

