Barcelona: Uma sangria defensiva incompatível com a Champions

BeSoccer

Barcelona sofre demasiado na ChampionsJOSE HERNANDEZ / ANADOLU / ANADOLU VIA AFP

O Barcelona voltou a pecar pela fragilidade defensiva em Stamford Bridge. O principal ponto fraco do esquema de Hansi Flick está a revelar-se um problema esta época e, nas suas deslocações europeias, as debilidades ficam ainda mais expostas. Em dez jogos fora na Champions, desde a chegada do alemão, os culés sofreram impressionantes 24 golos.

Recorde o Chelsea - Barcelona

O Barcelona saiu de Londres com uma pesada derrota. O Chelsea atropelou os 'culés', tanto em igualdade numérica como após a expulsão de Araujo, e alcançou um 3-0 que até parece curto perante o descalabro blaugrana em Stamford Bridge.

As sensações voltaram a ser negativas numa equipa que já não tem o brilho ofensivo da época passada e que, atrás, revela o seu maior calcanhar de Aquiles devido ao estilo arriscado de Hansi Flick. Não há ninguém que se salve individualmente num conjunto cujos registos defensivos são totalmente anticompetitivos, sobretudo no panorama europeu.

Analisando com o BeSoccer Pro o percurso de Hansi Flick no Barcelona, o jogo de terça-feira foi o seu 79.º como treinador dos catalães. O balanço em termos de resultados é positivo, com 56 vitórias, 9 empates e 14 derrotas, embora perca algum brilho quando comparado com a sua passagem pelo Bayern de Munique, onde orientou 86 partidas, somando 70 triunfos, 9 empates e apenas 7 derrotas.

28 jogos a sofrer dois ou mais golos

Focando no aspeto defensivo, o Barça de Flick só conseguiu manter a baliza inviolada em 25 dos seus compromissos (31,65%), número que na Baviera subiu para 34. Por competições, apenas quatro desses jogos sem sofrer golos foram na Champions League, sendo 17 na LaLiga e com uma diferença mínima entre jogos em casa (13) e fora (11).

A estes 25 encontros sem sofrer juntam-se outros 26 (32,91%) em que a equipa catalã apenas permitiu um golo. Com um equilíbrio de 5-5 entre casa e fora, aqui há maior paridade entre competições, com oito jogos da Liga terminados com apenas um golo sofrido e até cinco da prova europeia.

A preocupação aumenta a partir daqui. É que os 'culés' sofreram dois ou mais golos em 28 dos jogos sob o comando do alemão (35,44%). Em 15 ocasiões (18,99%) sofreram dois golos, em 8 partidas (10,12%) terminaram com três golos sofridos e até em cinco jogos (6,33%) foram castigados com quatro tentos.

Comparando com o Bayern, Flick só sofreu dois ou mais golos em 24 dos seus 86 jogos em Munique (27,91%) e nunca permitiu que o adversário marcasse quatro golos à sua equipa bávara.

Deslocações na Europa expõem as fragilidades

A sangria defensiva do Barcelona é especialmente notória na Champions League, sobretudo em jogos longe da Cidade Condal, onde sofrer uma quantidade absurda de golos tornou-se rotina para os comandados de Flick.

Depois do jogo em Stamford Bridge, já são dez partidas fora de casa na competição com o treinador alemão no banco. Os números? Assustadores. O Barça já encaixou 24 golos. Uma média de 2,4 golos sofridos por jogo, tornando impossível lutar pela 'Orejona'.

Com apenas uma baliza a zeros neste contexto (frente ao Benfica, na primeira mão dos oitavos de final da época passada), as comparações com o passado não favorecem Flick e os seus jogadores. Até o Barcelona anterior ao alemão, que já tinha sofrido várias goleadas europeias, sofria bem menos, com a equipa a encaixar 26 golos nas 20 deslocações anteriores (média de 1,3) à chegada do técnico.

Nem vale a pena dizer que os registos defensivos estão a anos-luz dos de Guardiola (21 golos sofridos em 24 jogos fora), Luis Enrique (23 tentos em 16 partidas) e até do criticado Xavi, que sofreu 15 golos em nove jogos como visitante. Números que evidenciam um problema cada vez mais grave e ao qual Flick terá de dar resposta se não quiser que a sua segunda época em Can Barça, sobretudo a nível europeu, se transforme num fracasso retumbante.