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Um percurso verdadeiramente inspirador para o experiente jogador nerazzurri, que teve um papel determinante na caminhada do Inter até à final da mais prestigiada competição europeia de clubes. Francesco Acerbi iniciou a carreira no modesto Pavia e passou por vários emblemas italianos, entre eles Reggina, Chievo, Génova e AC Milan. Foi precisamente durante a passagem pelos rossoneri que surgiram os primeiros grandes desafios da sua vida pessoal.
Em 2012, perdeu o pai, vítima de prolongados problemas cardíacos. A dor da perda levou Acerbi a cair numa profunda depressão. Incapaz de lidar com o luto, refugiu-se no álcool. O futebol, outrora a sua paixão, deixara de ser um escape — e chegou a ponderar abandonar a carreira.
“Era como se tivesse esquecido como se jogava futebol e porque é que o jogava. Comecei a beber e, acreditem, teria bebido tudo naquela altura”, recordou o internacional italiano em entrevista ao diário La Repubblica.
Só outro momento difícil na sua vida viria a mudar o rumo da história. Em 2013, pouco depois da sua transferência para o Sassuolo, Francesco Acerbi foi diagnosticado com um cancro nos testículos. Uma análise ao sangue, realizada durante a preparação da época, revelou a doença. Seguiu-se uma cirurgia imediata, após a qual o defesa regressou rapidamente aos treinos e à competição.
Contudo, em dezembro desse ano, um controlo antidoping revelou níveis hormonais anormais — sinal de que a doença insidiosa tinha regressado. Acerbi foi então submetido a um tratamento de quimioterapia intensiva.

Mas nem isso o impediu de continuar a lutar pela carreira. Durante a fase de tratamento, participou em grande parte dos treinos com a equipa. Em retrospectiva, o internacional italiano vê essa batalha como um ponto de viragem na sua vida, algo que lhe deu um novo propósito e o ajudou a vencer os seus fantasmas.
“O cancro salvou-me. Eu precisava de algo contra o qual lutar, um limite que pudesse ultrapassar”, confessou Acerbi, atualmente titular indiscutível no Inter de Milão.
Depois de uma recuperação completa, Acerbi tornou-se um dos pilares do Sassuolo e rapidamente conquistou os adeptos do clube. Após cinco temporadas ao serviço da equipa de Emília-Romanha, transferiu-se para a Lazio em 2018, onde venceu a Taça de Itália e a Supertaça italiana.
O seu maior feito até à data foi a conquista do Euro-2020, onde teve um papel importante com exibições defensivas de grande qualidade. Mais tarde, já no Inter de Milão, somou quatro troféus, incluindo o título da Serie A na época 2023/24.
Agora, está a um passo de juntar a Liga dos Campeões à sua impressionante colecção de conquistas. Já esteve perto há dois anos, quando o Inter perdeu por 1-0 frente ao Manchester City na final.
Mas, tal como lutou pela vida fora dos relvados, Acerbi tem agora uma nova oportunidade de sair de uma final europeia como vencedor — símbolo de resiliência, superação e segunda oportunidades.