Erling Braut Haaland (22 anos) é, antes de mais, um implacável goleador, que marcou 183 golos desde a sua estreia, aos 15 anos, pelo clube norueguês Byrne. Cada passo que deu foi para devorar recordes.
No Borussia Dortmund, marcou 86 golos em 88 jogos e na sua primeira temporada no Manchester City está a acumular números espantosos: 48 golos em 41 jogos. A sua voracidade em frente à baliza está ao nível do melhor Cristiano Ronaldo. De facto, os 35 golos marcados em 27 jogos da Liga dos Campeões por Haaland superam o português na competição de topo da Europa.
A sua altura (1,94 metros), juntamente com a sua velocidade, técnica e rapidez de execução, devastam tudo por onde passa. Upamecano, desastroso no empate do Bayern Munique (1-1) contra os ingleses, sabe bem como o gigante nórdico se comporta. Havia algumas dúvidas sobre como um atacante destas características encaixaria numa equipa habituada ao toque e à longa posse de bola, mas o norueguês, com a ajuda de Guardiola, adaptou-se muito melhor do que se podia imaginar. Haaland tem 12 golos na Liga dos Campeões esta época, incluindo um hat-trick contra o RB Leipzig, e chegará em grande forma ao estádio onde... poderia estar a jogar e talvez o faça no futuro.
Real Madrid jogou a carta errada
O Real Madrid tinha, há muito tempo, duas cartas de ouro que podia jogar: escolheu Mbappé à frente de Haaland, que esperou por uma oferta que nunca chegou, apesar das conversações anteriores com os seus representantes. A recusa surpreendente do avançado francês do PSG, quando tudo estava acordado, não deixou margem de manobra para abordar a segunda opção, porque o norueguês já tinha assinado pelo Manchester City até 2027. A escolha de Mbappé como opção estratégica foi quase unânime no clube, mas o facto de Benzema estar na melhor forma da carreira, tendo acabado de ganhar a Bola de Ouro, foi um fator importante para não optar por Haaland. Em Valdebebas, alguns diretores e executivos ainda o lamentam.
Um compromisso claro com o futuro
Agora abre-se um novo panorama para o futuro. Florentino Pérez não dará outro passo por Mbappé. Se o francês tomar a iniciativa e decidir sair do PSG, abrir-lhe-ão as portas, mas agora a opção Haaland está a ganhar força. Em 2024, após a sua segunda temporada, o norueguês poderá exercer uma cláusula de libertação no seu contrato, que é superior a 200 milhões de euros (fala-se de 220 milhões). Esse montante diminuiria à medida que as épocas avançassem, até ao final do seu contrato, em 2027.
O Real Madrid, nessa altura quase certamente sem Benzema, estaria disposto a empreender uma operação desse calibre, dado o desempenho e progresso do jogador, mas resta saber se Haaland, amado e admirado em Manchester, decidirá por Madrid depois de ser considerado o segundo violino, atrás de Mbappé. Será uma decisão emocional uma vez que, por dinheiro, o Real Madrid dificilmente poderá competir com o clube gerido por Ferran Soriano. Em qualquer caso, muitos mais capítulos serão escritos sobre esta história.
Um 'cyborg' profissional com grande ambição
Jogadores e treinadores que partilharam com o balneário Haaland descrevem-no como "um trabalhador incansável, ambicioso e com um desejo constante de melhorar". Jonathan Soriano, avançado espanhol que fez parte da formação de Haaland no Salzburgo, disse uma vez que, quando jovem, já viajava em aviões e autocarros a ler livros sobre nutrição e fitness para se melhorar a si próprio.
Trata-se de Haaland, o Cyborg, o Andróide, a Besta, a máquina de fazer golos, que visitará o Bernabeu, sem Militão à sua frente, a 9 de maio. Aguardemos.