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Ibrahimovic, Di María, Mbappé, Neymar, Messi... Todos passaram por Paris, todos saíram sem a medalha de vencedor da Liga dos Campeões. Quis o destino - ou não, porque não foi obra do acaso - que o Paris SG se sagrasse campeão europeu pela primeira vez na sua história com uma equipa sem “estrelas”, mas com muito talento, dentro e fora das quatro linhas. A melhor equipa da Europa, na qualidade de jogo - e agora também no papel.

Final de sentido único
Chegar a uma final da Liga dos Campeões não é para todos, mas, depois de lá chegar, nem todos conseguem estar à altura. O Paris SG apresentava-se na final de Munique à procura do tão desejado título europeu, depois da final perdida precisamente diante do Bayern, mas tinha pela frente a sua antítese futebolística: um Inter que eliminou, com um misto de estratégia, qualidade e coração, o Barcelona, numas meias-finais que ficaram para a história.
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À equipa de Inzaghi faltou quase tudo numa primeira parte de show parisiense, bem perfumado pelos pés de Vitinha, um dos quatro portugueses na jovem equipa francesa (Gonçalo Ramos ficou no banco) – a diferença de média de idades foi a maior da história das finais da Liga dos Campeões (5 anos e 146 dias).

O ex-FC Porto "falhou" o primeiro passe do jogo, numa saída de bola algo confusa, mas que serviu como uma prova das intenções da equipa de Luis Enrique – o objetivo era passar toda a primeira parte no meio-campo italiano, e foi por lá que se passaram as principais ações dos primeiros 45 minutos.

Desde logo, os golos, apenas separados por oito minutos e trabalhados de formas diferentes, quase ao estilo dos Linkin Park. "This is what you asked for (foi isto que pediram)", cantava Emily Armstrong, vocalista da banda, antes da partida. Do lado francês, foi isto e muito mais.
Depois do ensaio inicial, com remates de Doué e Dembélé para defesas tranquilas de Sommer, os parisienses adiantaram-se na final com um passe de Vitinha que desequilibrou a defesa do Inter e fez mexer o marcador. Doué, o adolescente que viria a ser a figura principal desta final, não foi invejoso e entregou o golo a Hakimi (12’). O lateral marroquino não festejou frente à antiga equipa, mas os italianos dirão que o mal já estava feito.
O domínio francês era inegável e foi reforçado pelo 2-0, que não demorou a chegar. Pacho, fundamental para que o Paris SG continuasse a jogar com linhas subidas e fosse eficaz na recuperação, evitou um canto e, num ápice, a bola chegou à área italiana. Dembélé serviu Doué no lado contrário, e o jovem contou com um desvio de Dimarco para marcar numa final da Liga dos Campeões – apenas o terceiro adolescente a fazê-lo, depois de Patrick Kluivert (Ajax) e Carlos Alberto (FC Porto).
Enquanto Inzaghi gesticulava a partir do banco, Luis Enrique estava descontraído junto à linha lateral. Além da vantagem, o plano estava a correr na perfeição e nem os problemas físicos de Nuno Mendes - que acabou por aguentar, apesar de algumas dificuldades - abalaram o antigo selecionador espanhol.
No final da primeira parte, apenas um cabeceamento perigoso de Marcus Thuram serviu para incomodar a baliza de Donnarumma. O Inter precisava urgentemente de um golo para relançar a final, mas o 3-0 pareceu sempre mais perto do que o 2-1 - Dembélé e Kvaratskhelia desperdiçaram o golo em boa posição.

Desiré Dou(bl)é
O técnico italiano tentou mudar as coisas. O Inter trouxe mais agressividade para procurar ganhar os duelos invariavelmente perdidos no primeiro tempo e foi mexendo, sobretudo pelos flancos, mas tudo correu mal à equipa milanesa, que ainda perdeu Bisseck por lesão apenas oito minutos depois de o alemão ter entrado em campo.
Enquanto o ex-Vitória SC percorria, desolado, todo o terreno, Desiré Doué (63’) deu o golpe final na partida e acabou com a discussão sobre o melhor em campo, ao fazer o 3-0 com um remate ao primeiro poste, após mais um passe delicioso de Vitinha.
Depois disso, o Inter procurou, acima de tudo, sobreviver - mas acabou mesmo humilhado. Kvaratskhelia (73’) e Mayulu (5-0), já com Gonçalo Ramos em campo, deram ao Paris SG montado por Luís Campos e bem orientado por Luis Enrique, uma noite ainda mais inesquecível. Está quebrado o enguiço!
Homem do jogo Flashscore: Desiré Doué (Paris SG)
