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Em campo, destacou-se pela sua incansável habilidade como lateral-direito, algo que agora tenta transmitir aos jogadores albaneses sob as suas ordens. Adjunto de Sylvinho, Pablo Zabaleta falou em exclusivo ao Flashscore sobre experiência atual mas também para regressar ao desafio entre o Manchester City e o Nápoles em setembro de 2011. 14 anos depois, o argentino recorda essa estreia no Etihad, numa época que culminaria mais tarde com a primeira vitória do novo City na Premier League. Uma conquista na qual está a sua assinatura indelével, mesmo que muitos não se lembrem dele...
- Aos 40 anos, Pablo Zabaleta é hoje adjunto de Sylvinho na seleção da Albânia. Um argentino e um brasileiro a trabalharem juntos no futebol, uma raridade...
- (risos). Sim, é verdade que, em termos de futebol, é algo estranho. Conhecemo-nos em 2009/10 no Manchester City, e ele veio do Barcelona, enquanto eu tinha chegado um ano antes do Espanhol. Nasceu aí uma amizade e, há três anos, ele chamou-me para o ajudar a treinar a Albânia. Foi uma oportunidade que agarrei de imediato.
- Ir ao Campeonato do Mundo é o sonho. Agora estão em segundo lugar no grupo: a Inglaterra está a sete pontos, mas têm mais um do que a Sérvia. E o próximo desafio será na casa dos vossos rivais.
- Ainda nem sequer sabemos se vamos jogar em Belgrado. É um desafio que tem de ser encarado com a devida precaução, porque em 2016 houve problemas (várias lutas entre os jogadores depois de um drone ter sobrevoado com uma bandeira da Grande Albânia, que inclui o Estado do Kosovo). É um jogo que socialmente acarreta muitos riscos, mas queremos ir ao Campeonato do Mundo.
- O que aconteceria se uma nação com menos de três milhões de habitantes conseguisse atingir esse objetivo?
- Faziam-nos uma estátua em Tirana! (risos)
- Foi, por ordem cronológica, o primeiro argentino no Manchester City. Depois vieram compatriotas ilustres como Carlos Tevez, Sergio Aguero, Julian Alvarez, para citar apenas alguns. No entanto, depois de nove anos, foi você quem plantou a semente argentina com mais frutos.
- Cheguei jovem, com 23 anos. E a verdade é que, bem, sim, passei praticamente toda a minha carreira em Inglaterra. Foram 12 anos entre Manchester City e West Ham.
- Testemunhou em primeira mão a transformação do City de uma equipa de meio da tabela para o domínio em Inglaterra e na Europa.
- Sim, penso que, juntamente com Vincent Kompany e Joe Hart, fui um dos poucos que assistiu à transformação antes da chegada dos novos proprietários. Não só a nível desportivo, mas também em termos de infraestruturas. No início, não pensei que se pudesse ganhar alguma coisa com um clube de meio da tabela. E depois, em vez disso...
- Aquele domingo, 13 de maio de 2012, mudou tudo...
Aquela vitória nos minutos finais contra o QPR foi um acontecimento histórico. Principalmente porque estávamos a disputar o título contra o Manchester United, que também estava a ganhar ao Sunderland, e estávamos a perder por um golo no minuto 90.
- Desse 3-2 ninguém ou quase ninguém se lembra que o primeiro golo foi do Zabaleta.
- (Risos). É verdade, é provavelmente o golo mais esquecido da história. Lembro-me que tinha entrado na área e que Yayá Touré passou. Tive pouco tempo e espaço para pensar e rematei o melhor que pude. A bola foi abordada pelo guarda-redes de uma forma estranha.
- Depois, o final épico.
- Graças a Deus, foi o Kun (Aguero) que marcou e nos deu um título inesquecível. Do 1-2 ao minuto 90, em quatro minutos, assumimos a liderança e ganhámos o primeiro título da história moderna do City.
- Podemos dizer que, nesse momento, não só a história do City mudou, mas também a sua?
- Absolutamente sim, sobretudo pela forma como tudo aconteceu. São resultados que raramente acontecem no mundo do futebol. O que vivemos naquele momento foi como uma cena de um filme. E festejámos a dobrar.
- O Kun também retribuiu um pouco o favor de o ajudar na aclimatação e de ser o tradutor, certo?
- Sim, (risos). Lembro-me que quando ele e o Carlitos (Tevez) chegaram, eu estava sempre a fazer de tradutor. Passado algum tempo, começaram a perceber inglês, mas no início era eu que os ajudava. E um dia pedi à Direção do clube um aumento pelos meus serviços de tradutor! (risos).
- Dois anos mais tarde, porém, aquela final do Campeonato do Mundo entre a Argentina e a Alemanha, no Maracanã, não foi um filme com um final feliz.
- Sim, aquela final perdida é uma cicatriz que durará praticamente a vida inteira. No final do jogo, eu tinha 29 anos e sabia que talvez fosse muito difícil para mim jogar no próximo Campeonato do Mundo, porque nem toda a gente chega aos 33 ou 34 anos para jogar, especialmente um lateral. Felizmente, Messi e Di Maria venceram no Catar e tiraram essa maldição das costas. Mas para mim foi uma grande desilusão, porque ser campeão do mundo é tocar o céu.
- De volta à sua antiga equipa. Hoje, o Manchester City recebe o Nápoles no Etihad. Esteve em campo a 14 de setembro de 2011 no mesmo estádio. E já nessa altura era o primeiro jogo da jornada da Liga dos Campeões.
- O grupo era muito difícil, havia também o Bayern de Munique e o Villarreal. Eu já conhecia o Lavezzi, com quem tinha jogado nas camadas jovens da Argentina, e tínhamos falado um com o outro antes do jogo. Mas o City ainda não estava muito forte, e nós ainda não estávamos 100% focados na Liga dos Campeões. O Nápoles surpreendeu-nos ao empatar em Manchester e venceu-nos no San Paolo.
- Aquela equipa ainda tinha um ataque com Aguero, Balotelli, Dzeko.
- Mas fomos eliminados precisamente por causa dos confrontos diretos com o Nápoles. Lembro-me que, no regresso, chegámos ao aeroporto de Capodichino e encontrámos cerca de cinquenta adeptos da Azzurra no aeroporto a insultarem-nos. Senti-me como se estivesse de volta à Argentina (risos). Mesmo quando estávamos no hotel, em frente ao mar, a rua estava cheia de adeptos do Nápoles, e foi aí que percebemos que ia ser difícil.
- No final da temporada, porém, veio o título da Premier League.
- Acho que foi no auge de uma época em que sabíamos que tínhamos de nos concentrar nesse caminho. Por isso, sair da Liga dos Campeões na fase de grupos foi em parte positivo.
- A partir daí, começou a gloriosa história recente do City. Hoje, porém, tanto a sua antiga equipa como o Nápoles são equipas totalmente diferentes de há 14 anos.
- O Nápoles é campeão italiano e tem um treinador como Antonio Conte, um grande treinador. Tem jogadores muito físicos e teve o poder para ir buscar um certo Kevin De Bruyne.
- Numa entrevista concedida há alguns meses ao site oficial do City, afirmou que De Bruyne mudou a sua equipa quando chegou em 2015.
- Mudou, de facto. É um pouco estranho vê-lo como Azurro, mas tenho a certeza de que vai continuar a fazer a diferença. Pode já não ser o jogador no seu auge físico como era por volta de 2018, mas com uma qualidade única e os avançados que jogam com ele são privilegiados. Continua a ser um fenómeno.
- Para o City, que tipo de jogo será?
- Um jogo difícil, porque o Nápoles cresceu nos últimos anos. Mas estou sempre convencido de que na Liga dos Campeões é melhor estrear-se em casa, sobretudo porque é o início da época. É melhor para Guardiola evitar o caos em Nápoles e poder jogar esta partida diante do seu próprio público. É como na América do Sul, é melhor evitar alguns estádios!
