A trajetória de Williamson é tão inspiradora quanto vitoriosa. Formada no Arsenal, clube que representa desde os oito anos de idade, a defesa conquistou a Liga dos Campeões Feminina e ergueu vários títulos nacionais. Uma curiosidade: apesar de viver e respirar Arsenal, o pai e o irmão são adeptos ferrenhos dos rivais londrinos, o Tottenham, um detalhe que sempre rende boas histórias familiares.
“Os ingleses nunca desistem.” A frase tornou-se uma espécie de mantra de Williamson. Ela proferiu essas palavras pela primeira vez em 2022, após a dramática vitória contra a Espanha nos quartos de final do Europeu. Naquele jogo, a Inglaterra esteve em desvantagem durante quase todo o tempo e, mesmo aos 83 minutos, parecia prestes a despedir-se do torneio em casa. Mas as Lionesses empataram, forçaram o prolongamento e garantiram a classificação.
Nas meias-finais, dominaram a Suécia, e na final, diante de um Wembley lotado, superaram a poderosa Alemanha, novamente no prolongamento. Leah Williamson entrou para a história ao tornar-se a primeira capitã a conduzir uma seleção inglesa, masculina ou feminina, a um título importante.
Este ano, Williamson voltou a liderar a Inglaterra rumo a mais uma conquista europeia, defendendo com sucesso o troféu. E, mais uma vez, a frase que a acompanha desde 2022 soou mais verdadeira do que nunca: a Inglaterra não esteve em vantagem em nenhuma partida da fase a eliminar durante o tempo regulamentar. Ainda assim, ergueu a taça.
“Os ingleses nunca desistem” e Leah Williamson é a melhor prova disso.
Amor pelo Arsenal
Para a defesa-central de 28 anos, o bicampeonato europeu com a Inglaterra não foi o único feito histórico de 2025. Talvez ainda mais especial tenha sido o troféu da Liga dos Campeões Feminina, que Leah Williamson trouxe de volta para a Inglaterra como vice-capitã do Arsenal.
O título tem um sabor duplamente marcante. O Arsenal, clube que Williamson representa desde os oito anos de idade e único que defendeu em toda a carreira, voltou a conquistar a competição 18 anos depois do seu primeiro triunfo. O feito rendeu-lhe ainda uma merecida nomeação para a Bola de Ouro, consolidando-a como uma das melhores jogadoras do mundo.
O destino, no entanto, parece ter escrito esta história muito antes. Há 18 anos, quando o Arsenal ergueu a sua primeira Liga dos Campeões Feminina, Leah estava lá, ainda com dez anos, mas já vivendo o clube de dentro. A final foi disputada em Inglaterra e, como mascote, entrou em campo de mãos dadas com as suas heroínas, envergando a camisola vermelha e branca dos Gunners. Naquele dia, sonhar em levantar aquele mesmo troféu parecia impossível. Hoje, é realidade.
O amor de Williamson pelo Arsenal vem de família: a mãe e a avó são adeptas fervorosas do clube, responsáveis por lhe transmitirem a paixão. Uma das memórias mais marcantes da sua infância aconteceu em 2006, quando foi escolhida como mascote para um jogo da Taça da Liga. Na altura, os Williamson estavam de férias, mas a mãe não hesitou em percorrer 690 quilómetros de carro para que a filha vivesse o momento dos seus sonhos. Leah não só pisou o relvado, como também tirou uma foto com o seu ídolo, Theo Walcott, um retrato que até hoje guarda com carinho.
A ironia da história está no outro lado da família: o pai e o irmão mais novo são adeptos assumidos do Tottenham, o maior rival do Arsenal. Mas, quando Leah levantou a Liga dos Campeões com os Gunners, até eles se renderam. Num gesto que a emocionou, o pai vestiu a camisola do Arsenal para festejar a conquista da filha.
Leah Williamson é hoje uma lenda viva em Inglaterra, não apenas pelos títulos, pelos recordes ou pela braçadeira de capitã, mas também pela forma como inspira uma nova geração. Fora de campo, a defesa-central tornou-se referência ao falar abertamente sobre temas muitas vezes considerados tabus, como a sua batalha contra a endometriose, doença que provoca dores intensas durante a menstruação. A força de Williamson impressiona ainda mais quando se sabe que disputou a final do Europeu mesmo sofrendo com os efeitos da condição.
Mas os adeptos dos Gunners vivem um momento de apreensão. O Arsenal estreia-se na nova temporada a 6 de setembro, no Emirates Stadium, sem a sua principal defesa-central em campo. Tal como as rivais do Chelsea, Lucy Bronze e Lauren James, Williamson sofreu uma lesão durante o Europeu, o que atrasou a sua preparação para a época.
A boa notícia é que o problema não é grave. O departamento médico do clube prevê que a capitã esteja totalmente recuperada dentro de poucas semanas, o que alivia a ansiedade dos torcedores que sonham com mais uma temporada de glórias, tanto na Women’s Super League quanto na Liga dos Campeões.
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