Recorde as principais incidências da partida
A guarda-redes portuguesa Andrea Neves, de 25 anos, teve uma estreia memorável na Liga dos Campeões. Depois de mais de uma dezena de defesas em 120 minutos, a ex-guardiã de Amora e Damaiense, clubes que representou em 2022/23, defendeu duas grandes penalidades no desempate na marca dos onze metros e deu asas ao sonho do Samegrelo. O Flashscore foi até ao seu encontro para captar as principais sensações dessa noite histórica.
- Como surgiu a possibilidade de ir para a Geórgia?
- A possibilidade surgiu do nada. Nunca pensei em jogar na Geórgia, mas quando o meu empresário me veio falar dessa proposta senti que seria o melhor para mim e aceitei.
- Que realidade encontrou?
- Uma realidade muito diferente daquela que estava à espera e daquilo que conhecia. A Geórgia tem uma cultura muito diferente e um futebol também muito diferente. Ainda assim, está a ser um momento muito bom e em que estou a crescer como guarda-redes e como pessoa.

- Quais as principais diferenças para o futebol português?
- A diferença é que aqui o foco é muito mais virado para a parte técnica. Na minha equipa tenho jogadoras muito evoluídas tecnicamente. Em Portugal é procurado o físico e o técnico, aqui parece que o foco é mais pelo técnico.
- O que dizer sobre a possibilidade de jogar na Liga dos Campeões?
- Foi basicamente o que me trouxe para a Geórgia. Sempre foi um dos meus sonhos e consegui realizá-lo hoje (ontem).
- Como se sente?
- Simplesmente, não tinha nada a perder porque ninguém acreditava em nós. Então só desfrutei dos momentos do jogo e dei o meu melhor como sempre faço. A parte boa também foi ganhar no fim (nos penáltis).

"Sabia que a equipa precisava de mim"
- A Andrea termina o jogo com mais de 10 defesas, a sua equipa tem duas expulsões e acaba por resistir e ganhar nos penáltis consigo a defender duas grandes penalidades. Uma loucura...
- Ai... Foi uma mistura de emoções. Sabia que a equipa precisava de mim e que eu precisava de estar no meu melhor dia. Felizmente, consegui ajudar a equipa a ganhar este jogo e fiquei muito contente.
- O jogo termina e qual foi o sentimento?
- Foi um alívio total depois dos penáltis. Mesmo depois do final do tempo regular e do prolongamento foi um alívio porque eu sentia que se fôssemos aos penaltis íamos ganhar o jogo.

- Qual foi o segredo para defender os penáltis?
- Uma guarda redes nunca deve revelar o segredo. (risos) Mas eu acho, simplesmente, que já passei por essa pressão muitas vezes e agora já consigo lidar melhor com esse sentimento. O segredo é manter a calma e seguirmos o nosso instinto.
- O próximo jogo é contra o Apollon (Chipre), da Joana Dantas e da Carolina Beckert. É possível sonhar ainda mais?
- Todos o jogos começam com 11 jogadoras de cada lado e o resultado no início é 0-0, então eu acho que tudo é possível. Claro que vai ser um jogo difícil, até porque elas venceram agora por 9-0 e a confiança está em alta do lado delas. Nós temos de entrar a acreditar e a lutar como no jogo de hoje (ontem) e depois esperar que a sorte também esteja um pouco do nosso lado. É sempre possível sonhar mais alto. Temos de trabalhar com o foco no máximo para saírmos do jogo no próximo dia 9 com um sorriso no rosto.

"Queria muito representar a Seleção"
- Seria histórico para o clube, não é verdade?
- Hoje já foi histórico e seria ainda mais se conseguíssemos vencer a próxima eliminatória.
- Aos 25 anos quais são ainda os objetivos no futebol?
- Eu não tenho objetivos específicos, mas queria muito um dia representar a nossa Seleção. O resto é simplesmente sonhar o mais alto possível e trabalhar para isso.