As plataformas de streaming também já se aperceberam desta tendência. A partir de 7 de outubro, a Disney+ vai transmitir todos os jogos da nova temporada da Liga dos Campeões Feminina. A competição estreia-se com um novo formato, inspirado na edição masculina.
Graças à parceria com o serviço de streaming, a qualidade técnica das transmissões também vai aumentar: mais câmaras e comentários nas línguas de todos os clubes participantes.
Arsenal entra como campeão em título – o único clube inglês que já ergueu o troféu. Na verdade, por duas vezes: primeiro em 2007 e novamente este maio. As Gunners escreveram um verdadeiro conto de fadas esta primavera, derrotando o Barcelona, vencedor das duas edições anteriores, e trazendo a taça de volta a Londres após 18 anos.
Esse primeiro triunfo em 2007 foi garantido pelo golo decisivo de Alex Scott. Atualmente, Scott é uma das figuras mais influentes na promoção do futebol feminino. Depois de terminar a carreira, dedicou-se à apresentação e ao comentário desportivo, colaborando regularmente com a BBC.

Um nome como Alex Scott não pode faltar na Liga dos Campeões. Esta temporada, ela estará presente como comentadora. No lançamento oficial da época em Londres, o Flashscore teve a oportunidade de conversar com ela numa entrevista exclusiva.
- Alex, pela primeira vez a Liga dos Campeões Feminina associou-se a uma plataforma de streaming, e a assistência e audiência do futebol feminino estão a bater recordes e a crescer a cada época. Como é que isso te faz sentir?
- Acho que é um momento incrível para celebrar novamente. Não estamos apenas a mostrar os jogos da fase a eliminar, mas a dar às pessoas a oportunidade de acompanhar toda a jornada. O que é preciso para chegar finalmente a esse momento. Fico feliz pelas equipas de quem normalmente não se fala, porque só mostramos os jogos mais importantes. Mas todas as equipas merecem o seu momento. Vamos dar-lhes destaque e mostrar as suas estrelas dos seus países.
- É ótimo que a Disney+ seja uma plataforma mundial. Por exemplo, no meu país – a República Checa – não temos nenhuma equipa na Liga dos Campeões Feminina neste momento. Mas continuamos a poder assistir.
- É precisamente isso que queremos. As pessoas sentem-se inspiradas a querer estar na competição. É importante para as raparigas mais novas, que agora podem ver a Liga dos Campeões e pensar: 'Um dia, posso jogar por esta equipa'. É aí que tudo começa.
- Foi algo que te faltou quando eras pequena? Sonhavas jogar em grandes estádios? Agora é possível, o Arsenal joga todos os jogos em casa no Emirates.
- Sim, para mim era um sonho diferente, não era? Via os homens a jogar futebol nesses estádios enormes e eram heróis, um patamar que eu queria atingir. Mas eram todos homens e futebolistas masculinos. Ouvi falar de nomes como Mia Hamm. Ela jogava na América, tão longe de mim. Mas agora tudo mudou. Já não são só raparigas na rua. Vês rapazes novos com camisolas da Lucy Bronze e da Leah Williamson. Estar nesses palcos permite que raparigas e rapazes vejam modelos femininos.

- Considero-te uma pioneira da era moderna do futebol feminino. Nos teus tempos de jogadora, alguma vez imaginaste que o futebol feminino ia crescer tanto?
- Ainda parece um sonho. Finalmente chegámos aqui. Lembro-me de jogar no campo local onde cresci, no Leste de Londres, e sonhava com momentos como este, levantar grandes troféus, encher estádios, aparecer na televisão e milhões de pessoas a assistir. Alguma vez pensei que isto pudesse acontecer no meu tempo? Provavelmente não. Mas tive esperança. Por isso, para mim, fazer parte do desenvolvimento do desporto feminino e agora do desenvolvimento do trabalho que faço e colaborar com a Disney+ para levar isto ao próximo nível é simplesmente incrível. Mas há um grande ‘mas’ nisso. Não podemos ficar satisfeitos só por estarmos onde estamos. Sabemos que ainda há muito por fazer.
- Quais são os objetivos para os próximos anos? Até onde pode chegar o futebol feminino?
- É o desporto que mais cresce, não é? Acho que todos sabemos que a igualdade na liga é importante, para que todas as equipas possam ter o seu momento. Sonho com igualdade em todas as ligas. Há tantas áreas. Quando falamos em profissionalizar, não é só dinheiro, mas também instalações de treino, fisioterapeutas e tudo o que está nos bastidores. Ainda há muito trabalho pela frente.

- Na tua opinião, o que torna a Liga dos Campeões Feminina especial em relação a outras competições?
- É um dos troféus mais prestigiados. Como jogadora, sonhas sempre em levantar o troféu da Liga dos Campeões e viver esse momento. Vemos todos os anos, quando as jogadoras levantam o troféu, o quanto significa e o quanto o desejam. Vejamos o Chelsea e a sua história. Conseguiram conquistar todos os troféus, mas aquele que realmente querem é o da Liga dos Campeões. Quando consegues gravar o teu nome nesse troféu, fazes parte da história e isso nunca te pode ser tirado.
- Gostei do que disseste no início, que o Arsenal deu esperança às outras equipas. Tudo era possível. A história que o Arsenal escreveu na época passada é, para mim, uma das melhores que já vi no desporto.
- Tudo é possível. É isso que adoramos no desporto, tantas histórias diferentes e impossíveis de prever. É mesmo difícil dizer o que vai acontecer. Especialmente nas finais, nesses jogos únicos. Cada jogadora torna-se uma pequena super-heroína. Nunca pensaram que ia ser possível, mas conseguiram fazer magia e finalmente agarrar o troféu após 18 anos.
- Sentes que as plataformas de streaming estão a mudar a forma como as pessoas vivem e acompanham o futebol feminino?
- Sem dúvida. A Disney+ vai transmitir todos os jogos e dar aos adeptos a oportunidade de seguir a sua equipa e não apenas um jogo com as maiores estrelas. Todos podem dizer: Esta é a minha equipa e quero acompanhar o seu percurso. Lembrei-me da reação das jogadoras do Leuven quando souberam que iam jogar contra o Arsenal e o Barcelona. Ficaram tão entusiasmadas por enfrentar em campo as jogadoras que admiram. Adorei a reação delas. É isso que me fascina no futebol feminino. É tão especial. Há tantas histórias para contar e vamos fazer tudo para as trazer à vida como nunca antes.”