Gianluigi Donnarumma terá uma receção pouco amigável na terça-feira, quando reencontrar um AC Milan em crise no San Siro pela primeira vez desde que trocou o clube onde foi formado pelo Paris Saint-Germain. A saída fez dele o inimigo público número um para os adeptos rossoneri.
Donnarumma enfureceu os adeptos do AC Milan quando saiu como jogador livre, há pouco mais de dois anos, deixando o clube sete vezes campeão europeu sem aquilo que poderia ser um valor interessante por um guarda-redes considerado na altura um dos melhores, se não o melhor, do mundo.
Não é caso único e o emblema milanês perdeu outros jogadores desta forma nas últimas épocas, incluindo o médio Franck Kessié, campeão da Serie A, mas Donnarumma foi o que mais sofreu.
O guarda-redes italiano assinou contrato profissional com o Milan aos 14 anos, tornou-se titular aos 16 e professou repetidamente o amor pelo clube, fazendo com que os adeptos acreditassem que seria um dos esteios para o futuro, tal como Gianluigi Buffon na Juventus.
Em vez disso, recusou-se a ceder às exigências salariais ao longo de meses de conversações para a renovação e abandonou o clube, sendo substituído por Mike Maignan, formado na academia do PSG, que foi crucial para que o AC Milan conquistasse o seu primeiro título em 11 anos, em 2022.
No entanto, as excelentes exibições de Maignan entre os postes não conseguiram atenuar a raiva da traição, enquanto Donnarumma não conseguiu convencer os adeptos em Paris, para onde se mudou depois de ter sido a estrela do triunfo da Itália no Campeonato da Europa.
"É duro, mas é preciso distanciar-se disso", disse Donnarumma à Mediaset no mês passado, falando sobre as críticas: "Somos todos humanos, é óbvio que lemos coisas nas redes sociais, mas temos de nos distanciar delas. Os erros acontecem, não somos robôs, mas o importante é trabalhar muito e seguir em frente com a equipa."
AC Milan sob pressão
Donnarumma foi inundado por vaias e assobios nas três ocasiões em que jogou no San Siro com a Itália nos últimos dois anos, com os adeptos do Milan na multidão a deixarem claros os sentimentos e não deixando dúvidas sobre um eventual regresso à cidade para defrontar o clube da formação.
Na semana passada, os adeptos do AC Milan deram a entender a receção que dariam a Donnarumma quando este entrasse em campo no San Siro, publicando na página do Instagram uma imagem de caixas com material para uma exibição pré-jogo que, quase de certeza, será dirigida ao jogador de 24 anos.
O treinador Stefano Pioli e a equipa saíram vaiados do campo após a derrota de sábado por 0-1 com a Udinese, que os deixou a seis pontos do líder da Serie A, o Inter de Milão.
"Tenho tudo o que preciso para fazer um bom trabalho e, se os resultados não vierem, a culpa é minha", disse Pioli após a derrota de sábado: "Vou trabalhar na forma como jogamos, mas não podemos ter o mesmo desempenho que tivemos contra a Udinese."
A equipa de Pioli ainda não marcou um único golo na sua campanha na Liga dos Campeões e venceu apenas um dos seus últimos seis jogos em todas as competições desde o início de outubro, com três derrotas nesse período, incluindo a o 0-3 no mês passado no Parc des Princes.
No entanto, apesar de estar em último lugar no Grupo F, o Milan ainda se pode apurar para os oitavos de final, já que são dois os pontos o separam do segundo classificado Dortmund, que recebe o Newcastle na terça-feira.
Pioli está preocupado com a condição física do lateral francês Theo Hernández e do extremo titular Christian Pulisic, embora ambos devam estar aptos a jogar, ao contrário do médio Rade Krunic, que está fora com uma lesão na coxa.
Mas a qualidade de jogo do AC Milan nas últimas semanas e a perspetiva de uma defesa vacilante contra de Kylian Mbappé faz com que os adeptos rossoneri temam que a última gargalhada seja de Donnarumma.