"Nós, jogadores, temos de nos apoiar uns aos outros, apoiar o treinador, a equipa técnica... E manter-nos unidos." Após a difícil vitória por 4-3 frente ao Olympiakos, na Liga dos Campeões, as palavras de Kylian Mbappé soam como as de um líder que ergue a bandeira branca após dez dias de polémicas em torno de Xabi Alonso.
Na ausência de Dani Carvajal, capitão lesionado do Real Madrid, e perante as câmaras enquanto Federico Valverde, capitão interino, se esquiva, o francês é quem "dá a cara" (em espanhol, "mostrar o rosto", assumir responsabilidades) na zona mista.
Uma dependência de Mbappé em todos os aspetos
Dentro de campo, Mbappé é também dos poucos no Real Madrid que parece estar ao nível, tendo marcado quatro golos na noite de quarta-feira na deslocação à Grécia e depois o único golo, de penálti, no empate frente ao Girona.
"Mbappé transformou-se em Hércules para retirar o último prego do caixão de Xabi Alonso que Chiquinho tinha cravado aos 8 minutos", escreveu mesmo o diário desportivo catalão Sport, sublinhando que "Mbappé veio em socorro" do seu treinador.
Esta dependência de Mbappé faz a imprensa madrilena franzir o sobrolho, chegando a resumir este Real Madrid às conquistas individuais do avançado francês.
"Esperava-se mais uma grande noite europeia para o Real Madrid, mas acabou por ser sobretudo uma grande noite para Mbappé", escreveu a Marca.
Com 14 golos em 14 jornadas da Liga e 60 golos no ano civil, o número 9 merengue tem feito a sua parte para que a Casa Branca não afunde definitivamente na classificação. Mas, na sua segunda época no clube dos sonhos, Mbappé vai ainda mais longe: tornou-se líder de um balneário partido, tentando unir o grupo para evitar terminar mais uma temporada sem um título importante.
Uma liderança difícil de gerir
Na véspera de um jogo crucial da LaLiga frente ao Athletic Bilbao, Xabi Alonso elogiou o "liderança" que Kyks tem demonstrado desde o início da época: "Kylian já fez uma temporada completa aqui. Nos últimos três meses, tem tido um rendimento individual excecional, ajuda muito a equipa tanto na Liga como na Liga dos Campeões. Vê-se bem o seu estado de forma atual. (...) Mas, como já disse, os golos não podem vir todos do Kylian. E o seu papel vai além de marcar golos. Faz muitas outras coisas fundamentais para a equipa, pelo seu espírito de liderança, pela forma como apoia os colegas no dia a dia."
Segundo a imprensa madrilena, Mbappé faz parte dos poucos jogadores do balneário – juntamente com Güler, Courtois e Militao – que apoiam o método de Xabi Alonso, e não hesita, por exemplo, em repetir palavra por palavra as declarações do treinador após o empate 1-1 frente ao Girona no Instagram: "Não foi de todo o resultado que queríamos esta noite. Mas a época ainda é longa. Temos de mudar a dinâmica e mostrar quem somos."
Pouco antes, Xabi Alonso afirmava também em conferência de imprensa que a temporada "é longa" e que o Real "continua na luta pela LaLiga".
Mas este papel de líder também o ultrapassa. Há uma semana, Mbappé foi filmado pelas câmaras da DAZN a insultar o árbitro principal de "sale con", por três vezes. No domingo à noite, foi o 4.º árbitro que recebeu os protestos do francês. A Movistar divertiu-se a ler nos seus lábios a discussão com o homem de preto no final do jogo, que terminou com um "p*** madre" sem necessidade de tradução. Dois episódios pouco dignos para o "novo líder" do Real Madrid, que não tiveram qualquer sanção.