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"Uma mentalidade de clube pequeno", foi assim que o diário The Telegraph descreveu a abordagem do dinamarquês, com cinco defesas de início e sem qualquer ambição ofensiva, no dérbi do Norte de Londres perdido por 4-1, no domingo, em casa do rival.
Um desaire destes foi até "constrangedor de ver" para Les Ferdinand, antigo jogador dos Spurs. "O treinador errou nas escolhas táticas" e "passou a mensagem errada aos jogadores", que acabaram por sofrer com as investidas do Arsenal, analisou na Sky Sports.
Admirado pelo trabalho realizado no Brentford (2018-2025), onde conseguiu a promoção e depois estabilizou o clube na Premier League, Thomas Frank deu o salto no verão ao juntar-se ao Tottenham, um clube de muito maior dimensão, recém-coroado na Liga Europa.

E para alguns analistas, ainda não percebeu totalmente as expectativas e ambições associadas à sua nova função. "É sempre este o problema quando um treinador progride na carreira e chega a uma equipa de topo", sentenciou o antigo internacional Jamie Carragher, no domingo.
Formação defensiva mas explosiva
Os treinadores "de elite", explicou o comentador na Sky Sports, não montam equipas "difíceis de bater de vez em quando", mas sim "preparadas para vencer jogos, essa é a grande diferença. Se não perceber isso, não ficará muito tempo no cargo".
Em sua defesa, Frank está no cargo apenas desde junho e a prioridade, à chegada, era equilibrar uma equipa que, sob o comando do antecessor Ange Postecoglou, era excessivamente ofensiva.
"Eles trabalham para isto há seis anos, nós há apenas quatro meses", defendeu-se após a goleada imposta por Mikel Arteta e os seus Gunners.

No entanto, foi no início do seu mandato que os Spurs conseguiram as exibições mais convincentes frente a grandes equipas: em agosto, diante do Paris Saint-Germain na Supertaça Europeia (derrota nos penáltis) e frente ao Manchester City na Premier League (vitória por 2-0).
Nesses dois grandes duelos, optou por uma estratégia claramente defensiva mas explosiva, apostando em surpreender o adversário no contra-ataque.
Segundo o próprio, era esse o plano que pretendia replicar no Emirates, no domingo, frente ao Arsenal. "Quando tens uma defesa a cinco, podes sempre atacar de várias formas. Mas hoje, não conseguimos", reconheceu.
"Muito, muito inteligente"
O sistema importa menos do que a dinâmica, insistiu. E, com ironia, recordou que a passagem para uma defesa a quatro, no domingo, na segunda parte, não teve qualquer efeito: "Mudei ao intervalo. Muito, muito inteligente! Um minuto depois, eles marcaram o 3-0".
A teoria do acidente foi partilhada pelo guarda-redes Guglielmo Vicario. "Jogar com cinco defesas, quatro ou dois, não interessa. Há coisas que não são negociáveis no futebol, como lutar, tentar ganhar cada duelo e sacrificar-se para conquistar faltas".
Isso, no entanto, não explica por que razão o Tottenham tem tanta dificuldade em criar oportunidades de golo, mesmo que mínimas, um problema que já se tinha notado na derrota por 1-0 frente ao Chelsea, no início de novembro, em casa.
Mas o Paris SG não deve subestimar os londrinos. Eles conseguem, em parte, contornar a falta de criatividade e audácia através de combinações em lances de bola parada: cantos, livres… e lançamentos longos, com o antigo jogador do Lens Kevin Danso a comandar.
O perigo pode também surgir de uma iniciativa individual. Atenção às acelerações de Mohammed Kudus, à criatividade de Richarlison (autor de um chapéu magnífico frente ao Arsenal) ou às subidas inesperadas de Micky van de Ven. Forte no jogo aéreo, o rapidíssimo central assinou um dos golos do ano após uma arrancada fantástica frente ao Copenhaga (4-0) no início de novembro.
