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A Liga dos Campeões é a vara de medir do Real Madrid. Todos os anos, o seu objetivo número um. Nesta terça-feira, Xabi Alonso estreia-se como treinador merengue numa competição em que já sabe o que é tocar a glória como jogador. E vestindo esta mesma camisola que agora defende a partir do banco, onde está prestes a completar os seus primeiros 100 dias.
A sua estreia frente ao Olympique de Marselha chega no número 99, mas serve como efeméride para fechar um primeiro ciclo e começar a refletir sobre as bases deste novo Real Madrid. E com o qual já avisa: isto é apenas uma fase beta. Nesta segunda-feira, aproveitando uma pergunta sobre o arranque de Mbappé, Xabi tentou aliviar a pressão sobre o grupo... e sobre si próprio: "Todos temos a sensação de que isto é um projeto que está a começar. E no Madrid, um dos objetivos é ganhar a Champions. Oxalá seja mais cedo do que tarde, oxalá estejamos no caminho certo".
Apesar de ainda ter contrato até ao verão de 2026, o técnico de 43 anos tinha um acordo de cavalheiros com o Bayer Leverkusen que foi cumprido com a chamada do Real Madrid. O seu regresso ao Santiago Bernabéu, 11 anos após a sua saída no verão de 2014 para o Bayern de Munique, foi anunciado a 25 de maio. Dada a sua confirmação como técnico na Alemanha, onde levou os farmacêuticos à primeira Bundesliga da história, era apenas uma questão de tempo até regressar. O tempo que Carlo Ancelotti demorou a confirmar o seu affaire, agora transformado em relação formal, com o Brasil.
O Mundial como banco de provas
Duas semanas depois, a 9 de junho, Xabi e a sua equipa técnica enfrentaram o seu primeiro dia ao comando com a primeira sessão para preparar o Mundial de Clubes. Pode ser que os blancos não tenham tido uma pré-temporada propriamente dita, mas puderam aproveitar o torneio nos Estados Unidos para começar a definir ideias com um grupo quase idêntico ao que arrancou oficialmente esta temporada 2025/26. Chegaram então Dean Huijsen, Trent Alexander-Arnold e Gonzalo García ficou, uma grande notícia durante a ausência de Kylian Mbappé. No seu regresso, foi ofuscado, como era de esperar.
As outras duas contratações pós-Mundial, Álvaro Carreras e Franco Mastantuono, caíram de pé para Xabi. O argentino ainda tem muito tempo de maturação pela frente, fruto da sua recém atingida maioridade e do salto que representa estrear-se na Europa com o Real Madrid. Mas é significativo que o técnico lhe dê minutos de jogo assim que chega para reforçar a sua confiança. O espanhol será testado em noites como a desta terça-feira.

Do que se viu no Mundial de Clubes ao que há agora, já vão dois meses de trabalho e evolução. Também há diferenças na intensidade e no enfoque da competição. Os Estados Unidos foram um banco de provas em que vimos Xabi introduzir o 3-5-2 contra Salzburgo e Juventus, enquanto frente ao Borussia ou na derrota para o PSG nas meias-finais recuperou por momentos o losango de Ancelotti. No entanto, neste início de LaLiga manteve ideias mais fixas com um 4-3-3 e um 4-2-3-1 em que Arda Güler se tornou o homem livre que faz jogar. O que funciona, não se mexe.
Arda Güler, Mbappé, Huijsen...
O turco, convertido em interior, médio ofensivo e tudo o que quiser ser, deu um passo importante em futebol e responsabilidade. Assistiu Mbappé em Oviedo, marcou o seu primeiro golo da temporada contra o Maiorca (e outro que foi anulado) e frente à Real Sociedad fez o segundo golo blanco quando a equipa já estava com menos um jogador. Além disso, já percebeu o que é preciso para defender o escudo blanco. Já deu um empurrão a Mastantuono para que defendesse, por isso os seus galões vão além de pedir a bola e olhar para a frente.
Em San Sebastián, quem o assistiu foi um Kylian Mbappé que está a ganhar outra dimensão em relação à temporada passada, que fechou com 44 golos. Nesta, leva quatro golos em quatro partidas, mais livre na frente de ataque, mais preciso no primeiro toque e na finalização. Assume o que Vinicius está a deixar de fazer, vindo a menos na lucidez do seu drible. Só brilhou com a sua meia hora frente ao Oviedo e com o seu golo ao Maiorca, mas está longe do que era há um ano, antes de ficar sem a Bola de Ouro.

Também é preciso mencionar neste balanço o papel de Dean Huijsen, convertido praticamente em médio centro no início da construção. Permite libertar jogadores como Tchouaméni, que se sentiu bem ao dar um passo mais à frente no campo, num papel parecido ao que tinha no Mónaco. O ex-malaguista é o jogador com mais passes progressivos acertados (53) e com mais passes para o último terço com sucesso (60) da LaLiga, à frente de Pedri ou Pablo Fornals. Após a sua polémica expulsão em Anoeta, é preciso vê-lo também na Europa e em grandes partidas, em que será mais exigido defensivamente. Tem porte de central de uma era, mas precisa de se afirmar aguentando os golpes.
Frente ao Olympique de Marselha, Xabi Alonso e o Real Madrid estreiam-se na Liga dos Campeões. O técnico espanhol quer conquistá-la mais cedo do que tarde, mas deixa claro que o seu é um projeto em início. E não é mentira, embora os resultados o acompanhem até agora com oito vitórias, um empate e uma derrota. Neste início de LaLiga, pleno de quatro triunfos, liderança e boas sensações. Mas agora começa a verdade.