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O Olympique de Marselha é atualmente o segundo classificado da Ligue 1 e pode subir na tabela europeia esta quarta-feira, diante da Atalanta, na 4.ª jornada da Liga dos Campeões. Desde a goleada sofrida nas meias-finais da Liga Europa, há 18 meses - uma eternidade para os padrões do clube -, tanto o Marselha como a equipa de Bérgamo percorreram um longo caminho, a começar pelos respetivos treinadores: Roberto De Zerbi e Ivan Jurić, que sucedeu ao mítico Gian Piero Gasperini.
A situação dos franceses é invejável, ainda que longe da perfeição. Enquanto o PSG atravessa um excelente momento na Liga dos Campeões, parece menos focado na Ligue 1, apesar da derrota no Velódrome no clássico de setembro. O Marselha, por sua vez, tem desperdiçado várias oportunidades e é evidente que esse número seria ainda maior sem a contribuição de Gerónimo Rulli. O guarda-redes argentino tem sido, provavelmente, o jogador mais decisivo deste primeiro trimestre da temporada.
Uma defesa demasiado aleatória
Ter um guarda-redes fiável entre os postes é fundamental. No campeonato, apesar das exibições menos conseguidas no início da época frente ao Rennes e ao Paris FC, Rulli iniciou bem a temporada diante do Real Madrid, com um registo de 13 defesas em 15 tentativas (incluindo um penálti). Seguiu-se uma exibição segura contra o PSG, com cinco defesas em cinco remates.
A sequência iniciada com a derrota frente ao Sporting não tem sido positiva, confirmando alguma irregularidade, apesar da vitória suada sobre o Auxerre. Ainda assim, Rulli continua a destacar-se como o jogador mais influente do Marselha, em parte porque o equilíbrio defensivo da equipa se mantém instável. Menos estabilidade significa mais protagonismo: um clássico no futebol.
Desde a derrota no Estádio José Alvalade, frente ao Sporting, o Marselha nunca mais repetiu a mesma defesa. Em Lisboa, num 5-3-2, De Zerbi começou com Timothy Weah, Benjamin Pavard, Leonardo Balerdi, Nayef Aguerd e Emerson Palmieri, que acabou expulso antes do intervalo, desorganizando por completo a equipa.
Contra o Lens, ainda num 5-3-2, alinharam Weah, Pavard, Aguerd e Amir Murillo. Diante do Angers, num sistema de quatro defesas, Murillo foi deslocado para a direita e atuou com CJ Egan-Riley, que não jogava há um mês - desde que entrara contra o Ajax -, após as lesões de Facundo Medina, Aguerd e Emerson. Frente ao Auxerre, novamente num 3-5-2, Murillo, Pavard, Egan-Riley, Emerson e Ulisses Garcia (expulso na segunda parte) formaram o setor defensivo.
Rulli teve, portanto, de se adaptar constantemente às ausências por lesão e suspensão, mas, até ao momento, o seu rendimento individual pouco se ressentiu.
No fim de contas, o desempenho de Rulli tem estado em linha com o que mostrara na Real Sociedad e, mais tarde, no Villarreal: um guarda-redes sólido entre os postes, ainda que sujeito a alguns lapsos de concentração e a um jogo de pés irregular. Paradoxalmente, foi diante do PSG que se mostrou mais eficaz nas reposições, com 19 acertos em 23 lançamentos longos, uma taxa de sucesso invulgarmente alta, tendo em conta que a sua média habitual não ultrapassa os 50%, exceto frente ao Angers (3/6) e ao Paris FC (5/9). Já contra o Lyon (11/34, 32%), o Estrasburgo (5/17, 29%) e, sobretudo, o Sporting (6/24, 25%), o desempenho foi mais preocupante.
Embora esta área de melhoria se mantenha recorrente ao longo das épocas, a percentagem de sucesso depende também dos automatismos criados com os seus companheiros de equipa. Em certa medida, é um reflexo das oscilações do próprio Marselha e Rulli destaca-se, sobretudo, quando depende apenas de si mesmo.
