O Malmö e o Copenhaga raramente se encontram no futebol; no entanto, existe uma rivalidade intensa entre os dois clubes cujas cidades estão separadas por uma ponte, especialmente relacionada com um incidente ocorrido na capital dinamarquesa há 20 anos. Esta noite, os dois clubes defrontam-se na terceira jornada da fase de qualificação para a Liga dos Campeões.
Em 2005, os dois grandes clubes escandinavos defrontaram-se no torneio da Royal League (um torneio anual de futebol escandinavo realizado três vezes na década de 2000 entre equipas da Dinamarca, Noruega e Suécia) no Estádio Parken, em Copenhaga.
Durante o jogo, os adeptos suecos entraram em confronto com a polícia dinamarquesa e os acontecimentos tomaram um rumo violento quando os agentes invadiram a secção dos adeptos visitantes armados com bastões.
Flemming Ostergaard, que na altura era presidente do Copenhaga, culpou posteriormente os adeptos suecos pelos tumultos. Mas 17 adeptos suecos queixaram-se de terem sido vítimas de violência policial e, alguns anos mais tarde, o Ministério Público determinou que um agente tinha agido de forma repreensível.
Em 2019, Flemming Ostergaard emitiu um pedido de desculpas oficial aos adeptos do Malmö, mas os fortes sentimentos entre os dois grupos de adeptos estão provavelmente mais intensos do que nunca antes da segunda mão desta noite, na terceira jornada de qualificação da Liga dos Campeões.
Desde o incidente de 2005, a relação entre os adeptos dos dois clubes tem sido tensa e, em 2019, quando os clubes se defrontaram em dois jogos da Liga Europa, voltou a haver tumultos.
"O Copenhaga não é um clube em que eu pense com muita frequência. Porque não é um clube com quem nos cruzamos com muita frequência. Mas eles representam tudo o que eu não gosto no futebol moderno. É por isso que tenho dificuldade em lidar com eles", diz Agnes Gertten, que é membro da direção do grupo oficial de adeptos do Malmö ao dr.dk.
Flemming Ostergaard, que foi condenado a uma pena de prisão suspensa e multado em cerca de um milhão de euros por ter manipulado a cotação da Parken Sport & Entertainment na bolsa em 2008, diz que gostaria que as pessoas esquecessem o incidente de há 20 anos e desfrutassem do jogo de futebol em paz e harmonia.
"Até quando é que um erro antigo deve ser usado como arma contra o Copenhaga?" , diz Ostergaard numa mensagem publicada no Facebook. "Agora estou a ser novamente contactado pelos meios de comunicação social sobre o ódio do Malmö ao Copenhaga. E, sinceramente, é cansativo que um único erro trágico em Parken, há mais de 20 anos, continue a ser utilizado como desculpa para a violência e o ódio. Muitos dos actuais adeptos do Malmö tinham 5 anos na altura - ou nem sequer eram nascidos. Será que temos mesmo de manter vivo esse ódio, geração após geração?"
Depois de o Malmö ter derrotado o RFS da Letónia na ronda de qualificação anterior, o antigo extremo internacional dinamarquês Jens Stryger Larsen liderou os adeptos do Malmö num coro vociferante de "Nós odiamos Copenhaga".
As ações de Stryger Larsen foram ainda mais controversas porque ele passou a sua juventude futebolística no Brondby – o grande rival do Copenhaga – e hoje é um dos poucos jogadores dinamarqueses no plantel do Malmo.
Mais tarde, a polícia dinamarquesa criticou os cânticos e disse que estavam a "ajudar a criar uma atmosfera hostil" antes do início do confronto na Suécia, na terça-feira.
Acrescentando combustível ao fogo, o facto de a polícia sueca ter enviado 29 adeptos do Copenhaga de volta à capital dinamarquesa para evitar distúrbios antes da primeira mão em Malmo, há uma semana.
Ironicamente, a polícia dinamarquesa "retribuiu o favor" ao mandar regressar vários adeptos do Malmo no comboio que atravessava a ponte de Oresund, na segunda-feira, para impedir a ameaça de confrontos entre grandes grupos de adeptos suecos e dinamarqueses em Copenhaga, antes do jogo.
A polícia dinamarquesa estará em alerta vermelho antes do jogo, uma vez que os adeptos do Malmo anunciaram uma marcha de adeptos, que terá início às 16:00 em Svanemollen, na zona central de Copenhaga, enquanto os adeptos suecos se dirigem para o Estádio Parken, com o jogo marcado para as 18:00.
O primeiro jogo entre as duas equipas terminou empatado sem golos. O vencedor do confronto avança para o play-off de qualificação para a Liga dos Campeões.