Avançando rapidamente para a primavera de 2025, parece que a era dourada de Ronaldo e Messi está a chegar ao fim, mas dois novos jovens pretendentes ao trono podem ter mais hipóteses de se afirmar do que Mbappé e Haaland, e essa é uma afirmação e pêras!
Embora Haaland e Mbappé continuem a ser prolíficos, a sua cotação baixou ligeiramente, pelo menos a curto prazo, e duas novas estrelas tomaram a Europa de assalto em pouco tempo. Há 18 meses, Lamine Yamal e Desire Doué não eram nomes conhecidos por muita gente. Doué ainda não o era até há seis meses. No entanto, os dois jovens são agora as maiores promessas do futebol e os velhos debates já começam a fazer-se ouvir.
Em breve, esses ruídos serão ouvidos em alto e bom som em todos os meios de comunicação.
Lamine Yamal: o melhor do mundo?
Parece que Yamal está entre nós há anos.
A sensação de 17 anos já leva duas temporadas como titular no Barcelona e é uma figura-chave na seleção espanhola. Depois de cinco golos e cinco assistências na LaLiga na estreia em 2023/24, Yamal desempenhou um papel fundamental ao ajudar a Espanha a vencer o Campeonato da Europa de 2024. Era evidente que o Barcelona e a Espanha tinham um assunto sério em mãos: uma estrela do presente e para o futuro.
No entanto, o nível de Yamal atingiu novos patamares com o novo treinador do Barcelona, Hansi Flick. Com um estilo de futebol que incentiva o ataque ao adversário com muitas opções e liberdade individual, Yamal tem sido um destaque pelo lado direito. É difícil não recordar Messi quando deixa defesas pelo caminho antes de rematar em arco, sem esforço, ao ângulo.
18 golos e 21 assistências em todas as competições na época 2024/25 mostram como Yamal foi fundamental, com o Barcelona a conquistar a dobradinha nacional e a chegar às meias-finais da Liga dos Campeões.
Tem sido brilhante na criação de golos desde o momento em que Xavi deu-lhe oportunidades. Depois de fintar, o extremo lança um cruzamento devastador para quem espera na área, e não faz diferença onde está em campo: Yamal encontra sempre quem se está a desmarcar. Faz lembrar alguém?
No entanto, os golos não apareceram facilmente, apesar de sempre ter sido capaz de marcar de forma espetacular, muitas vezes desperdiçava quando estava em zona de finalização.
Nos últimos dois meses da temporada, isso mudou: quer tenha trabalhado imenso nos treinos para melhorar ou quer seja uma questão de aumento de confiança em frente à baliza, Yamal não parou de marcar no final da época, coloncado-se firmemente na discussão pela Bola de Ouro.
As suas exibições ultrapassaram os superlativos nas duas meias-finais da Liga dos Campeões, na final da Taça do Rei e no El Clásico que colocou o Barcelona à beira do título da Liga. O catálogo seria impressionante se fosse uma coleção de final de época, mas estamos a falar dos jogos mais importantes no futebol mundial em que um miúdo de 17 anos deu o exemplo.
Um miúdo a jogar como alguém no seu auge, no topo do seu jogo. Com os golos a surgirem com a mesma frequência que as assistências, não há limite para o que Yamal pode alcançar.
Se Ousmane Dembele ganhar a Liga dos Campeões com o PSG este sábado, poderá ser ele e não Yamal a ganhar a Bola de Ouro em setembro.
Para mim, no entanto, Yamal já é o melhor jogador do mundo, e espero que continue a fazer coisas em campo que nós mortais nem podemos imaginar, pois este jogador especial continua a romper fronteiras.
Doué devastador vai rivalizar com Yamal
Não é engraçado que os talentos de uma geração pareçam surgir aos pares? Primeiro Messi e Ronaldo, depois Haaland e Mbappé, e agora Doué e Yamal... o futebol não gosta de ter apenas um protagonista.
No entanto, se tivesse escrito este artigo no ano passado, poucos conheceriam o nome de Desire Doué. Na altura, o jovem extremo ainda estava no Rennes, mas o seu mundo estava prestes a mudar.
Depois de ter impressionado o treinador do PSG, Luis Enrique, com uma assistência e um desempenho absolutamente fantástico no empate do Rennes com o PSG ( 1-1 ) no Parque dos Príncipes, em fevereiro passado, tornou-se um alvo prioritário.
Nos primeiros meses em Paris, Doué teve dificuldades para se manter em forma e jogar, mas acabou por marcar o primeiro golo e fazer uma assistência na Liga dos Campeões, quando o PSG goleou o Salzburg em dezembro. Desde então, o extremo de 19 anos não parou.
Os golos e as assistências não pararam de surgir, com o seu ritmo alucinante, um baú repleto de truques e um pé direito mortífero a darem pesadelos às defesas. 13 golos e 15 assistências em todas as competições são números impressionantes, tendo em conta que a maior parte deles foram marcados na segunda metade da época. Estes números ajudaram o PSG a conquistar a dobradinha nacional e chegar à final da Liga dos Campeões, numa primeira época de sonho para Doué.
Foi com um golo de longe contra o Aston Villa, nos quartos de final da Liga dos Campeões, que Doué se afirmou verdadeiramente na cena europeia. Desde então, começaram a ser feitas comparações com Yamal. Neste sábado à noite, Doué tem a oportunidade de superar o seu novo rival Yamal (pelo menos esta temporada), ajudando o PSG a completar um triplete histórico na final da Liga dos Campeões da UEFA.
Este é apenas o primeiro capítulo de uma rivalidade que ameaça dominar os debates na próxima década ou mais. O futebol prospera com este tipo de rivalidades porque, tal como vimos vezes sem conta na era Messi vs Ronaldo, as superestrelas empurram-se mutuamente para quebrar limites e atingir novos patamares numa batalha interminável para roubar as manchetes.
A última evolução do futebol?
Precisamos de mais Yamals e Doués e menos jogadores baseados em sistemas num desporto que se tornou demasiado tático e estereotipado. Os adeptos querem uma razão para vibrarem e serem brindados com um futebol expressivo e momentos de magia que perdurem na memória. Yamal e Doué tiveram a sua quota-parte de momentos assim esta época, numa campanha na Liga dos Campeões que proporcionou alguns dos melhores jogos dos últimos anos.
A nova dupla do futebol parece destinada a liderar a mais recente evolução deste grande desporto, que incentiva o individualismo e o futebol com pé no acelerador. Se os sinais promissores do final desta época se mantiverem na próxima, então a época 2025/26 deverá ser de bilheteira.
Com Messi e Ronaldo a jogarem fora da Europa, terminou a era dos recordes e da grandeza. Yamal e Doué lideram uma série de jovens pretendentes com grandes ambições.
Os jovens sul-americanos Franco Mastantuono, Estevão e Claudio Echeverri prometem juntar-se como estrelas de uma nova era destemida.
É hora de coroar um novo rei. Que comece a batalha.