Mourinho admite estrear jovem e comenta lesões do Nápoles: "As minhas ausências fazem-me chorar"

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MourinhoMIGUEL A. LOPES/LUSA

Leia abaixo as declarações do treinador do Benfica, José Mourinho, na conferência de imprensa de antevisão ao duelo com o Nápoles, da 6.ª jornada da fase principal da Liga dos Campeões, agendado para quarta-feira, às 20:00.

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Conhecimento de equipas italianas: "Não sei se será vantagem ou não, se calhar demoro menos tempo a analisar do que seria com outra cultura ou equipa. O facto de conhecer bem, não significa que as dificuldades sejam menores, ou que as qualidades que eles têm passem a ser inferiores. É uma equipa muito forte, ganhou dois Scudetto num curto espaço de tempo. Neste momento joga de forma diferente do que no início da época. Pessoalmente e, infelizmente para nós, gosto muito mais da maneira como estão a jogar agora".

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Resposta da equipa: "Contra o Sporting fizemos um bom jogo, fomos mais fortes do que o adversário que é bicampeão nacional e é, efetivamente, uma ótima equipa. Fomos penalizados por um mau início de jogo, com um erro individual ou de dois elementos, que é uma coisa que nos tem penalizado nas últimas jornadas. Com o Bayer Leverkusen foi o jogo mais conseguido desde o primeiro ao último minuto, em que o empate seria um resultado longe da imagem do jogo, acabamos por perder com um erro individual.

No Chelsea fizemos um ótimo jogo e fizemos um autogolo, com o Casa Pia igual, com o Nacional conseguimos dar a volta, mas estávamos a perder com um erro individual. A equipa está muito mais forte do ponto de vista da organização e coesão tática, mas quando chega a esta fase normalmente pagam-se erros individuais".

Baixas do Nápoles: "Não me faça rir. Uma coisa é não ter Lukaku e ter Hjolund e, mesmo assim, ter Lorenzo Lucca no banco. Não ter Kevin de Bruyne, mas ter Elmas e Scott McTominay... Enfim, não me falem de ausências porque as minhas fazem-me chorar. Desde que perdemos o Lukebakio disse que não queria chorar, mas sim encontrar soluções. Agora, o plantel do Nápoles, vê-se quem joga e quem está no banco e esquecemo-nos de quem falta. A origem de quem falta significa que mudaram de sistema e essa mudança faz do Nápoles uma equipa melhor".

Último duelo entre as equipas remonta há nove anos
Último duelo entre as equipas remonta há nove anosFlashscore

Nível competitivo do futebol português e italiano: "Não lhe sei dizer porque não vejo jogos do campeonato italiano. Fixo-me onde trabalho, vejo todos os jogos possíveis do campeonato onde estou e resta-me pouco tempo para ver campeonatos onde não estou. De um modo geral, em Itália existe uma cultura tática elevadíssima, os treinadores trabalham muito bem o lado tático do jogo, há uma cultura muito forte das marcações individuais, equipas com uma fisicalidade muito grande. As equipas de grande qualidade individual, como é o Nápoles, conseguem aliar o que de bom fazem do ponto de vista tático com o que de bom têm a nível individual. O Nápoles é uma equipa fortíssima".

Em Espanha fala-se da vontade dos adeptos do Real Madrid num regresso: "Se? Não façam perguntas de 'se'. (É difícil dizer que não ao Real Madrid) e ao Benfica é fácil?! Não é preciso fechar o assunto porque ele já está fechado, esqueça lá isso".

Apuramento ajuda reforços no mercado: "Nem sei por onde começar a responder a essa pergunta. Primeiro, não penso em mercado, penso em retirar o melhor dos jogadores que tenho e da formação. Parto do pressuposto que não há mercado, é assim que estou a trabalhar. Não vou dizer quem joga, mas nos 23 jogadores que vão ser convocados temos 10 da formação do Benfica. Desses 10, chegam pela primeira vez comigo, não falo do António Silva ou Tomás Araújo. Tudo o que aconteça no jogo e a influência que pode ter no mercado, ocupa zero no meu pensamento. Eu parto do pressuposto que não há mercado. Se houver, ótimo.

O resultado só interessa do ponto de vista desportivo e não económico e, nesse aspeto, enquanto a matemática me der esperança, eu tenho esperança. Só a matemática pura me tira a esperança a qualquer nível, seja na Liga dos Campeões ou no campeonato. Não sei se nove pontos vão chegar, 10 chegam de certeza, por isso nem o resultado de amanhã me tira as esperanças, partindo do pressuposto que perdemos. Ainda temos de jogar com a Juventus e o Real Madrid. É difícil? É, mas ainda é possível do ponto de vista matemático. Vamos olhar para o jogo a pensar que temos de ganhar e, ganhando, ficamos com maiores possibilidades".

Se teria começado a época estava em posição de qualificação?: "Não posso dizer que, se tivesse começado, estaria melhor ou pior. É uma leviandade dizê-lo. Não quero entrar por aí porque não me sinto confortável, porque se tivesse começado o campeonato não o teria começado com este plantel, mas não comecei. Foi o treinador anterior que decidiu e pediu. Também podiam dizer que ele poderia estar melhor neste momento. É uma leviandade e esse tipo de comentário não sou capaz de dizer".

Tempo necessário para os jovens: "O José Neto está convocado para amanhã e pode jogar. Os miúdos precisam fundamentalmente que, se errarem, não os martelem. É a primeira coisa. Já é suficiente a pressão inerente à estreia, a passar de um escalão etário para uma competição maior. Acrescentar mais pressão a isso é a pior coisa que pode acontecer. Depois há a velha história dos jogadores que têm potencial, mas alguém tem que os meter lá dentro, senão serão sempre jogadores com ponto de interrogação. O Scott McTominay que joga amanhã contra nós houve alguém que o meteu lá dentro e disse 'Pogba fora para o meter'. E com o José Neto esse alguém vou ser eu".