Leia abaixo as declarações do treinador do Benfica, José Mourinho, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Chelsea, em Londres, da segunda jornada da fase principal da Liga dos Campeões, agendado para terça-feira, às 20:00.
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Antevisão: "Muito mais que os 20 minutos iniciais cruciais, espero duas equipas que querem ganhar. Não acredito que o Chelsea jogue para outra coisa que não seja ganhar. Jogam em casa, perderam o primeiro jogo e nós, por uma questão de cultura de clube, e de identidade progressiva que quero dar à equipa, não há estádio, nem adversário que nos faça pensar de outra maneira. Obviamente que temos de defender bem para ganhar o jogo, mas o ponto de vista sobre a abordagem tática é ganhar o jogo. Perderam em Munique num calendário muito mais acessível que o nosso, que é bem mais complicado, perdemos pontos que pensávamos que íamos ganhar e vamos ter de ir à caça de pontos nos 7 jogos que temos pela frente. É mais difícil o Chelsea, em Stamford Bridge, ou o Real Madrid, na Luz, ou o Newcastle, em Newcastle... Não consigo honestamente dizer qual é o mais possível de sacar os pontos, por isso temos que ir à luta por eles".
Regresso a 'casa': "Sim, estou em casa, mas já joguei aqui com o Tottenham, Manchester United, Inter de Milão... Durante 90 minutos não pensei durante um segundo onde estava e com quem estava a jogar. De modo algum. Por isso, como dizem eles, não sou blue anymore, sou vermelho e quero é ganhar".

Estatuto de dimensão europeia do Benfica: "Ter dimensão europeia não significa pensar em ganhar uma competição europeia no imediato. Estamos tão longe disso, até porque acabou de começar, que pensar nisso até faz mal. Estamos numa fase em que cada ponto é fundamental, num formato em que poucos temos experiência. É um formato um pouco estranho estares numa classificação com tantas equipas contra as quais não jogas. Cada ponto é um ponto fundamental, os três pontos contra o Qarabag seriam a base de construção e a qualificação chegaria com um ponto aqui e ali. Estamos numa posição mais complicada em função disso, mas temos de partir para todos os jogos com a intenção de conseguir pontos".
Conseguir algo especial neste jogo: "O trabalho que fizemos não foi bem trabalho. Mas isso era o que os jogadores mais precisavam, os jogadores tiveram finalmente três dias entre jogos. Desde que cheguei só tivemos dois dias entre jogos e quando isso começa a acumular, chegamos ao último jogo com o Gil Vicente em dificuldades. Alguns jogadores com luzes vermelhos na análise e dados que recolhemos no pós-jogo. Finalmente tivemos algum descanso, o trabalho de organização tática para o jogo é mais passivo do que propriamente ativo no campo. Gostaria de ter treinado hoje no Seixal, mas não foi possível por logística e tinha apenas duas opções: é aberto, vocês estão lá e não posso trabalhar taticamente, a segunda opção era só 15 minutos para os jogrnalistas, mas aberto para as câmeras que estão aí que fui eu que as pus há muitos anos atrás. O que significaria que o treino fosse aberto. O treino foi de ativação sem grande trabalho tático, os jogadores têm grande concentração em tudo o que falamos e organizamos, foi o trabalho que fizemos e vamos fazer até ao jogo. Acredito muito mais no trabalho de campo, mas os princípios de organização vamos ter e quando temos isso e os jogadores estão focados, temos possibilidade de discutir o jogo com uma grandíssima equipa".
Sensações no regresso a Stamford Bridge: "As sensações não foram muito profundas, porque eu vivo mesmo aqui. Quando estou em Londres passo aqui cada dia. Conheço-me bem, joguei muitas, muitas vezes contra equipas anteriores, já vim aqui com três equipas diferentes. É um estádio onde não sentirei qualquer tipo de antagonismo, penso eu. Também não me faria mal nenhum. Mas temos objetivos diferentes, consigo isolar-me desse contexto sem problema".
Palavras de Pedro Neto: "Claro que gostava de o ter no Benfica, é um dos melhores alas do mundo. O Roberto Martínez é um privilegiado na seleção nacional, porque tem quatro ou cinco jogadores de perfil semelhante, aqui não temos. Obviamente gostava muito de ter o Pedro, mas está numa realidade diferente a nível económico. Desejo-lhe o melhor e que não tenha lesões, que nos últimos anos o impedirem de crescer mais rápido, mas também que não faça um grande jogo amanhã".
Histórico desfavorável do Benfica com o Chelsea: "O Benfica não jogou aqui assim tantas vezes. Estamos a falar de quatro jogos, a final europeia perde no prolongamento... Não me agarro muito a esse tipo de números. Normalmente, as equipas portuguesas não têm bons resultados contra as equipas inglesas porque as equipas inglesas são fortes, é o pragmatismo da coisa. São equipas fortes, com intensidade maior, mais tempo de jogo útil - porque em Portugal há muitas paragens e equipas que preferem que o adversário não jogue -, por isso as equipas inglesas estão acima das nossas a diferentes níveis".
Assinava o 0-0 antes do jogo?: "Não assinava, ia para jogo. Se calhar ao minuto 88 assinava três vezes, mas depende do jogo. Digo sempre que o empate é ótimo se o adversário for muito melhor que tu. Se o Chelsea nos dominar, não conseguirmos criar nada, o empate assina-se com grande alegria. Antes do jogo começar e sem ser o jogo a eliminar, acho que qualquer ponto é um ponto que serve neste tipo de formato, porque te ajuda a atingir o primeiro ou segundo objetivo. Neste momento não assinava, vamos jogar".
Clube português ser campeão europeu agora: "Os formatos mudam, a primeira vez que joguei Liga dos Campeões como adjunto do mister Bobby Robson, ainda havia eliminatórias primeiro, depois a fase de grupos a quatro, depois eram meias-finais a uma mão no campo da equipa que tivesse acabado em primeiro lugar no grupo... Nessa meia-final foi Barcelona-FC Porto, em Barcelona, e AC Milan-Mónaco, em Milão. Depois passamos para outro formato, depois outro e agora este. Quando fui campeão europeu a primeira vez, estamos a falar de grupos de quatro, depois oitavos de final, quartos de final, depois houve alturas com uma equipa por país, depois alargou-se para dar de comer a mais gente e a federações mais importantes... Agora estamos num formato em que ainda estou a aprender a acontecê-lo. Mas percebo a pergunta porque há muitos tubarões a nível económico, o Benfica é um gigante, equiparo ao nível histórico e social aos maiores clubes da Europa, muito maior do que clubes que economicamente são maiores. Uma coisa é a dimensão do clube, cultura e história, outra coisa é o poderio económico e neste momento há clubes muito poderosos economicamente na Europa. Mas podemos competir com eles no jogo. É por isso que não assino um empate amanhã, vamos jogar, divertir, competir e vamos tentar ganhar".
Lukebakio: "Vai jogar de início. Não sei quanto tempo, no outro dia fez 60 e poucos minutos, veremos a intensidade que o jogo pede amanhã e como se vai adaptar a uma intensidade diferente. Mas vai começar. Prefiro que comece a guardá-lo para 30 minutos quando pode jogar mais do que isso."
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Será sempre um blue?: "Claro que sim, serei sempre um blue. Faço parte da história e o Chelsea faz parte da minha história, ajudei o Chelsea a ser maior e também me ajudaram a ser maior. Quando disse que não sou mais blue, estou a falar do trabalho que tenho de desempenhar".
Espera voltar a treinar o Chelsea?: "Nunca sabemos o futuro. Depois de 25 anos, esperava voltar a Portugal para a seleção nacional e não o Benfica e agora aqui estamos... Por isso, não tenho projetos de carreira, não tento pensar no que pode acontecer. O mais importante é, onde quer que esteja, dar o melhor nos clubes onde esteja. Agora estou muito, muito feliz no Benfica, já são muitos anos de futebol e carreira, o Benfica é um gigante e é uma grande responsabilidade. Até ao início do jogo será o meu Chelsea, durante o jogo será o meu Benfica".