Isto porque, segundo o seu representante, Andre Cury, o Barça sempre foi o clube europeu que ele mais desejava representar depois de sair do Palmeiras.
Estêvão queria rumar ao Barcelona
Aparentemente, o jovem chegou a ser oferecido ao clube em quatro ocasiões distintas, mas a delicada situação financeira dos catalães impediu qualquer avanço nas negociações.
“Ele tem um carinho especial pelo Barça”, afirmou Cury.
“Com 11 anos já se percebia: era diferente. Queria vencer a Bola de Ouro, mas a situação não permitiu ao clube fazer um investimento a longo prazo".
Num aceno ao que poderia ter sido para os gigantes da LaLiga, Cury referiu-se depois a Lionel Messi e Neymar.
“Pensem nesse duo. É melhor ter os dois juntos do que apenas um", acrescentou. “Com Estêvão e Lamine, teria sido igual".
Melhor do que Endrick e Luis Guilherme
Elogios de peso, embora há muito se considere que ele, juntamente com os colegas do Palmeiras, Endrick e Luis Guilherme, formavam um trio de talentos brasileiros de exceção destinados ao topo do futebol mundial.
Quanto à transferência de Endrick para o Real Madrid, o melhor é não falar muito.
Desde que assinou pelos merengues, participou em 38 jogos ao longo de duas épocas – raramente completando os 90 minutos – e marcou apenas um golo na LaLiga, outro na Liga dos Campeões e cinco na Taça do Rei.
Guilherme também não se destacou no West Ham. Em 20 jogos em todas as competições entre 2024/25 e 2025/26, fez 20 aparições esporádicas, sem qualquer golo ou assistência.
Já Estêvão, por outro lado, teve um início fulgurante em Londres.
Golo incrível na Premier League
O seu golo frente ao Barcelona foi o terceiro em apenas cinco jogos na Liga dos Campeões, tendo ainda marcado noutra ocasião em duas partidas da Taça da Liga Inglesa.
Uma assistência no principal escalão inglês junta-se, talvez, ao seu segundo momento mais marcante com a camisola azul: um golo decisivo nos instantes finais frente ao Liverpool, que o catapultou para o centro das atenções na Premier League.
Poder-se-ia esperar que tivesse feito mais nas 11 partidas da Premier League até ao momento, mas é preciso ter em conta a sua juventude, a pressão que já carrega e o facto de Enzo Maresca alterar frequentemente o onze inicial do Chelsea consoante o adversário seguinte.
Além disso, nesses 11 jogos, Estêvão somou apenas 385 minutos em campo.
Talvez mais relevante do que os golos seja o seu contributo ofensivo global no Chelsea e a forma como se integrou de imediato num plantel já de nível mundial. Um grupo que, neste momento, pode orgulhar-se do título de campeão do mundo.

A sua precisão de remate esta época está nos 57,1%, um valor mais do que aceitável, enquanto a taxa de conversão de remates atingiu os 33,3%.
A percentagem de passes completos na Premier League é de 84,5%, um dado que tem passado despercebido, e as 10 oportunidades criadas merecem maior reconhecimento.
Estêvão é um jogador que, à primeira vista, não parece especialmente robusto, mas não tem tido dificuldades em impor-se perante defesas mais fortes e físicos, avançando com determinação para o coração da área adversária.
Sem receio do confronto físico, já viu cinco cartões amarelos nos 24 jogos disputados pelo Chelsea e pela seleção brasileira, o que revela uma faceta combativa que será fundamental para cumprir o seu destino.
Poderá Estêvão conquistar um lugar na convocatória do Brasil?
Para o Brasil, o Mundial aproxima-se no final desta época, e os brasileiros de todo o mundo questionam-se se Estêvão poderá tornar-se o novo talismã nos Estados Unidos, Canadá e México.
Um golo em sete jogos oficiais, e mais quatro em quatro partidas amigáveis pela seleção, são sinais positivos para Carlo Ancelotti, que procura motivar o grupo após uma campanha de qualificação aquém das expectativas.
O Brasil terminou a qualificação na 5.ª posição, com os mesmos pontos que Paraguai, Uruguai e Colômbia, tendo perdido seis jogos – o registo mais negativo entre as seis seleções que garantiram presença no grande palco da FIFA.

Tendo em conta que o Brasil pode ainda apresentar Vinicius Junior, Raphinha, Rodrygo, Richarlison, Gabriel Martinelli e João Pedro como opções ofensivas, sem esquecer a profundidade do plantel no meio-campo e na defesa, as dificuldades na qualificação parecem quase irreais.
Na verdade, apesar desses problemas, talvez seja precisamente essa abundância de talento que dificulte a tarefa de Estêvão em destacar-se no Mundial.
Se acabar por ficar de fora ou não tiver grande protagonismo na tentativa do Brasil de regressar ao topo do futebol mundial, poderá certamente usar essa desilusão como motivação para a próxima etapa da sua carreira.
Uma carreira que, tudo indica, terá muitos momentos memoráveis nos próximos anos.

