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O "espírito Juanito" que guia as reviravoltas europeias do Real Madrid

Juanito, sempre presente no madridismo
Juanito, sempre presente no madridismoCURTO DE LA TORRE / AFP

O Real Madrid acaba sempre por invocar o "espírito de Juanito", o lendário jogador da década de 1980, perante adversidades como a que vai enfrentar esta quarta-feira no Bernabéu, onde terá de recuperar de uma desvantagem de 3-0 na primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões frente ao Arsenal.

Acompanhe aqui as incidências do encontro

"90 minuti en el Bernabéu son molto longo (90 minutos no Bernabéu são muito longos)", advertiu com um peculiar italiano o lendário futebolista, que morreu a 2 de abril de 1992 num acidente de viação após regressar do Bernabéu, antes de uma das famosas reviravoltas daquela altura, contra o Inter de Milão.

Em abril de 1985, o Madrid perdeu por 2-0 com o Inter em San Siro. Mas Juan Gómez, conhecido como Juanito, avisou os rivais com a célebre frase. E assim aconteceu. Dois golos de outra lenda, Santillana, empataram a partida e, a mais de meia hora do fim, Míchel colocou a cereja no topo do bolo.

Memória no sétimo minuto

Ainda hoje, ao sétimo minuto, o seu dorsal, os adeptos entoam, "Illa, Illa, Illa, Juanito maravilla", para evocar o "espírito de Juanito", como se fosse um santo padroeiro das causas perdidas, para dar a volta à situação.

Mas antes desse jogo contra o Inter, a reviravolta mais enfática do Real Madrid não aconteceu na Liga dos Campeões (a antiga Taça dos Campeões Europeus), mas na extinta Taça UEFA, em 1984, contra o Anderlecht, então vice-campeão do torneio que precedeu a atual Liga Europa.

Juanito recebe a bola à frente de Dani
Juanito recebe a bola à frente de DaniArchivo ABC - José García / Álbum / Profimedia

A equipa espanhola perdeu por 3-0 em Bruxelas, mas precisou de apenas 26 minutos na segunda mão para empatar a eliminatória. Aos 49 minutos, o marcador já estava com o 6-1 que se verificou no final da partida, uma vitória que deu aos Los Blancos uma vaga nos quartos de final da competição que viria a conquistar naquele ano.

Origens na década de 1980

Na época seguinte, o Real Madrid voltou a ganhar a Taça UEFA, depois de uma reviravolta épica nos oitavos de final: uma derrota por 5-1 na Alemanha contra o Borussia Mönchengladbach e uma vitória por 4-0 na segunda mão. Na altura, em caso de empate, os golos marcados fora contavam a dobrar.

No caso mais recente, em 2022, o Real Madrid recuperou de três desaires pesados em menos de três meses para levantar uma nova Champions, a 14ª.

Primeiro, o Paris Saint-Germain do francês Kylian Mbappé, atualmente nas fileiras do clube. Os parisienses venceram a primeira mão por 1-0 e a estrela francesa marcou no Bernabéu. O Real Madrid perdia por 2-0 no agregado aos 60 minutos, mas Karim Benzema levou o público ao rubro com um espetacular hat-trick.

A história repetiu-se nos quartos de final, na ronda seguinte, com o Chelsea, campeão em título, a ser a vítima. Um hat-trick de Benzema colocou em sentido a primeira mão em Londres (1-3). No entanto, os londrinos fizeram o 3-0 no Bernabéu e o brasileiro Rodrygo levou o jogo para o prolongamento, onde Benzema marcou o golo que colocou o Real Madrid nas meias-finais.

ADN vencedor

Contra o Manchester City de Guardiola, a equipa de Carlo Ancelotti mostrou o seu ADN vencedor. Ao minuto 90, a equipa estava eliminada, a perder por 3-5 no agregado, mas Rodrygo bisou nos descontos para forçar o prolongamento e, aí, Benzema selou a reviravolta.

É por noites mágicas como esta que o Bernabéu continua a cantar o famoso "Illa, illa, illa, Juanito maravilla!" todos os jogos ao sétimo minuto.