Aos 84 minutos, o avançado egípcio correu finalmente para a linha lateral, pronto para fazer a sua estreia na Liga dos Campeões contra o Real Madrid.
O café explodiu em aplausos e mãos a bater nas mesas, e até os adeptos de longa data do Real Madrid se juntaram para festejar um dos seus.
A equipa espanhola acabou por vencer por 2-3, mas no café do Cairo, o resultado não diminuiu o amor por Marmoush.
"Vim hoje só para o ver. Marmoush joga no Manchester City. Isso é muito importante", disse Abdel Rahman Tarek, um adepto de 25 anos, com o rosto radiante de orgulho.
Embora a sua aparição tenha sido curta, a transferência de Marmoush para o City provocou um burburinho a nível nacional. De debates acalorados em cafés a discussões nas redes sociais, o seu nome está a ser celebrado ao lado de Mohamed Salah, a grande estrela do futebol egípcio.
Uma temporada difícil
O Manchester City, que luta até mesmo para se apurar para a Liga dos Campeões da próxima temporada, está a apostar em Marmoush para injetar energia nova. A sua chegada chega num momento difícil para o City, que está 15 pontos atrás do líder Liverpool.
O treinador Pep Guardiola disse, após a sua estreia na vitória por 3-1 sobre o Chelsea, que estava "muito satisfeito" com o desempenho de Marmoush até agora, mas o jogador vai precisar de tempo para se adaptar.
"O seu verdadeiro impacto poderá surgir na próxima época, quando se integrar totalmente no plantel e Guardiola aperfeiçoar o seu papel na equipa", disse à AFP o analista desportivo egípcio Khaled Talaat.
Filho de um casal egípcio-canadiano, Marmoush começou a jogar no clube Wadi Degla, no Cairo.
Ahmed Hossam, popularmente conhecido como "Mido", antigo avançado egípcio e do Tottenham, que treinou a equipa principal do Degla em 2016, viu o potencial.
"Marmoush será a surpresa do futebol egípcio", disse Mido em 2016.
O avançado mudou-se para a Alemanha ainda jovem, tendo jogado no Wolfsburgo e desenvolvido as suas capacidades na Bundesliga com o Estugarda e o Eintracht Frankfurt, antes de ter a sua grande oportunidade no Manchester City.
O próximo Salah?
A sua transferência para o Manchester City foi inevitavelmente alvo de comparações com Salah, que está a desfrutar de mais uma temporada brilhante no Liverpool, marcando 21 golos em 23 jogos no campeonato.
O seu percurso desde Nagrig, uma aldeia de Sharqiya, no Delta do Nilo, no Egito, até ao estrelato mundial em Anfield inspirou milhões de pessoas.
A sua ascensão é uma história clássica de superação - ele começou no El Mokawloon do Egito antes de se transferir para o Basileia da Suíça.
Seguiu-se um período difícil no Chelsea, antes de encontrar a sua forma na AS Roma de Itália, acabando por se tornar um dos maiores jogadores da história da Premier League com o Liverpool.
Para os especialistas, seria "injusto comparar" Marmoush a Salah, apesar de ele já ter demonstrado ser uma grande promessa.
"Salah teve de lutar por tempo de jogo no Chelsea quando chegou a Inglaterra, enquanto Marmoush já foi titular no City, mostrando que Guardiola vê potencial nele", disse Talaat.
Mas até mesmo Salah pediu cautela, alertando no ano passado que tais comparações poderiam criar uma pressão desnecessária.
"Deixem-no viver a sua própria experiência e aproveitem-na", disse Salah numa feira do livro em novembro nos Emirados Árabes Unidos.
Marmoush concorda. "Salah é o melhor jogador da história do Egito. Mas eu não quero ser o próximo Mo Salah. Quero ser Omar Marmoush e criar a minha própria história", disse ele num programa de TV no mês passado.
Marmoush precisa de "tempo"
Para além das suas trajetórias profissionais, os seus estilos de jogo também os distinguem. Salah é conhecido pela sua velocidade alucinante, finalização letal e capacidade de virar partidas. Já Marmoush é mais versátil.
"Os dois jogadores são fundamentalmente diferentes em campo. Salah é um lutador com velocidade e finalização incríveis... Marmoush, por outro lado, é mais habilidoso em espaços apertados, tem pés rápidos e é excelente em situações de bola parada", disse Ahmed Owais, um especialista em futebol.
Salah estabeleceu um padrão quase impossível, e os especialistas acreditam que, quando o City recuperar o seu ritmo, Marmoush poderá estar numa posição mais forte para brilhar.
No café do Cairo, alguns fãs estavam prontos para celebrar Marmoush como a próxima grande exportação do futebol egípcio, enquanto outros insistiam que só havia um rei.
Para Yassin Ahmed, de 19 anos, o que importa agora é o apoio, não as comparações.
"Ele merece o nosso apoio", disse. "Ele é um de nós, um talento especial e precisamos de lhe dar tempo."