O facto de ter conduzido o Tottenham à primeira grande conquista em 17 anos - a Liga Europa de 2024/25 - não foi suficiente para impedir Daniel Levy de o despedir pouco depois desse triunfo, em maio.
Levy sai, Ange volta ao ativo
Poucos meses depois, Levy deixou o clube do norte de Londres e o australiano foi anunciado como o novo treinador do Nottingham Forest.
Se as coisas tivessem sido diferentes, Ange teria conduzido os Spurs à Liga dos Campeões, mas no seu novo clube vai comandar uma campanha europeia, embora na Liga Europa - o que lhe dá a oportunidade de conquistar dois títulos consecutivos em clubes diferentes.
Os adeptos do Forest terão certamente de se preparar para uma equipa muito mais ofensiva esta época.
Enquanto Nuno Espírito Santo conseguiu tirar o melhor partido do seu plantel através de um jogo de contra-ataque brilhante, o modus operandi de Postecoglou consiste em levar o jogo até ao adversário, aconteça o que acontecer.
Pense nisso... quando é que viu um desempenho defensivo dos Spurs com o australiano no comando?
Resultados foram a ruína de Postecoglou nos Spurs
O futebol é uma questão de resultados e, embora as lesões tenham tido um papel importante na má temporada do Tottenham na Premier League em 24/25, a recusa em jogar de uma forma que fosse mais condizente com a busca pela vitória foi o que acabou por destruir todo o bom trabalho que marcou o início de Ange no norte de Londres.
Embora o treinador de 60 anos tenha uma vasta experiência de gestão, é mais pertinente destacar a sua passagem por Inglaterra. Para começar, Postecoglou venceu 47 dos 101 jogos que dirigiu no país e na Europa.
29 desses jogos foram disputados no estádio do Tottenham Hotspur, onde o seu nome era cantado semanalmente, pelo menos até os Spurs começarem a cair na tabela na época passada.
Os 181 golos marcados são geralmente vistos como um dado positivo em termos de eficácia ofensiva, mas, quando combinados com os 152 golos concedidos, não são uma boa leitura.
A percentagem de vitórias de 51,2% na sua primeira época desceu significativamente para 43,3% em 24/25, embora isto tenha tido como pano de fundo o sucesso na Liga Europa. Um sucesso que aconteceu apesar de Postecoglou ter ficado sem vários titulares e jogadores experientes durante longos períodos da temporada.
O brilhante ano de 24/25 de Nuno deve ser reconhecido
Em contrapartida, o Forest teve uma das épocas mais bem sucedidas dos últimos tempos, sob o comando de Nuno, que deve ser justamente aclamado por ter colocado o Forest a um passo da Liga dos Campeões com o plantel que tinha disponível.
No entanto, o que não deve passar despercebido a ninguém é o facto de o português ter conseguido uma percentagem de vitórias de apenas 38,4% durante o seu tempo no clube - e o melhor registo foi de 45,5% na época passada.
Mesmo o reinado de Steve Cooper terminou com uma percentagem de vitórias ligeiramente superior, de 38,9%.
O que é talvez ainda mais preocupante é que, dos últimos 13 treinadores do clube, desde 2014/15, apenas Steven Reid (um jogo), Aitor Karanka (52 jogos), Dougie Freedman (57 jogos) e Nuno (73 jogos) terminaram os seus mandatos com uma diferença de golos positiva.
No caso de Nuno, a sua equipa marcou apenas mais seis golos do que concedeu (106 e 100).
Apesar de o clube poder contar com jogadores como Elliot Anderson, Morgan Gibbs-White, Callum Hudson-Odoi, Oleksandr Zinchenko e outros nas suas fileiras, é evidente que tem de haver uma mudança na forma como o clube aborda os jogos.
É preciso levar os jogos até aos adversários, em vez de ficar de braços cruzados à procura de oportunidades.
Marinakis deve ficar em segundo plano
Trata-se de fazer com que os jogadores pensem de forma diferente, de alterar o que está pré-programado na sua cabeça e de os pôr a jogar com confiança e sem medo.
Embora isso não esteja certamente fora do alcance de Postecoglou e seja quase de certeza algo que vai querer implementar o mais rapidamente possível, não vai ser de um dia para o outro que o sucesso vai acontecer.
O proprietário Evangelos Marinakis, terá, portanto, de aderir a esses novos conceitos e ideias - e não tentar mudar apenas por mudar.
Anderson é um exemplo perfeito do tipo de jogador que encaixa perfeitamente no sistema esperado pelo novo treinador.
Uma formação que é normalmente um 4-4-1-1 ou 4-3-3, que permite aos jogadores pressionar agressivamente quando não têm a posse de bola, e que lhes dá alguma versatilidade quando têm a bola, permitindo-lhes dominar.
Há um estilo definitivo numa equipa de Ange Postecoglou e é essa identidade que todos os que estão ligados ao clube têm de apoiar.
Perda do Tottenham, ganho do Forest?
Com as contratações certas em janeiro e se as lesões permitirem, há todos os motivos para esperar que o australiano acerte o passo no City Ground.
Na verdade, o que é uma perda para os Spurs pode tornar-se um ganho para o Forest.
