Alisson atribui grande parte do seu sucesso no Shakhtar à chegada do técnico Arda Turan. O turco mostrou ao brasileiro que pode ser mais eficaz se avançar mais, sem ficar preso à linha de fundo.
"Arda Turan abriu-me os olhos para muitas coisas que eu não sabia ou não queria fazer. Começou a funcionar. Como extremo, estava habituado a esperar que a bola chegasse até mim. Ele disse-me para atacar o espaço, entrar na área e aproximar-me da baliza. Eu sabia que tinha de o fazer, mas às vezes não o fazia. É uma das coisas que mais me é pedido", explica Alisson.

O avançado salienta ainda que o melhor entrosamento com a equipa é um dos factores que tem ajudado a elevar o nível de jogo. A adaptação foi facilitada pela diáspora brasileira que joga no Shakhtar : são dez brasileiros na equipa, reavivando uma tradição interrompida pela invasão russa na Ucrânia.
"Tive dificuldades com o frio e a língua, mas no clube é fácil porque há um tradutor. No que diz respeito ao futebol em si, a nível profissional, não encontrei grandes dificuldades. Há apenas diferenças. Aqui, deixei de ser o miúdo das camadas jovens, com toda a sua paciência, e passei a ser um jogador que tem de ser importante para o clube. O tratamento é diferente e a minha mentalidade teve de mudar. Estou a adaptar-me bem, estou feliz com esta oportunidade e estou a tentar aproveitá-la ao máximo", acrescenta.

Casa na Polónia
Com a guerra entre a Ucrânia e a Rússia a arrastar-se desde 2022, o Shakhtar tornou-se um clube nómada nas competições da UEFA. Depois de jogar em Varsóvia (Polónia), Hamburgo (Alemanha) e Gelsenkirchen (Alemanha), os ucranianos escolheram a cidade polaca de Cracóvia para 2025/26.
Alisson admite que a experiência é invulgar, mas elogia o apoio que o Shakhtar recebe no Estádio Henryk Reyman.
"É estranho. Não pensei que tivéssemos muitos adeptos na Polónia, fiquei surpreendido por o estádio estar cheio. Não sei se eles vivem na cidade ou se saem da Ucrânia, mas o que conta é sentir o seu apoio", atirou: "Tenho de admitir que é uma experiência um pouco diferente jogar em casa e no estrangeiro. Mas os nossos adeptos vêm apoiar-nos e, até agora, temos conseguido dar-lhes muita alegria. É diferente, mas é muito bom".
Em 2024, Alisson viveu outra experiência inusitada: jogar em casa sem adeptos. Na verdade, o Atlético-MG foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por incidentes durante a final da Taça do Brasil e teve de jogar com as bancadas fechadas durante algumas partidas do Brasileirão.
"É melhor jogar em outro lugar do que em casa sem adeptos. A claque influencia o jogo. Para o jogador, é bom sentir essa energia, porque dá mais vontade de jogar e faz com que se sinta mais ligado", frisou
Rumo à Liga Europa
Apesar de a época ainda agora ter começado, o Shakhtar já está na sua terceira eliminatória da Liga Europa. O clube ucraniano recebe o Panathinaikos nesta quinta-feira, após um empate sem golos na primeira mão e precisa de vencer para chegar ao play-off.
"A expectativa é a melhor possível. Podíamos ter vencido na Grécia, mas este empate deixou-nos com um sabor amargo. Perdemos algumas oportunidades e não queremos perder a próxima. Se nos concentrarmos bem e fizermos o que sabemos fazer, temos grandes hipóteses de nos classificarmos".
Dos 14 golos do Shakhtar na Liga Europa, oito tiveram marca Alisson, que tem três golos e cinco assistências.

Na ronda anterior, Alisson teve uma das melhores exibições da sua carreira na vitória por 4-2 sobre o Besiktas em Istambul. Com um golo e duas assistências, foi eleito o melhor jogador em campo. O brasileiro diz que nunca havia enfrentado tamanha pressão das bancadas.
"Foi uma grande experiência, mas fiquei mais impressionado com a atmosfera deles. Foi uma loucura. No início do jogo, quando a bola chegou ao nosso guarda-redes e ele guardou-a, começaram a vaiar e a assobiar. Doeu nos ouvidos", conta Alisson.
"Vejo o Messi quase todos os dias"
Um atacante canhoto que joga pela direita. Com essas caraterísticas, é fácil imaginar a grande inspiração de Alisson Santana quando o assunto é futebol.
"O Messi é a minha maior referência. Tudo o que ele faz, eu tento fazer dentro de campo. Claro que é difícil, mas assisto a muitos e muitos jogos e vídeos. Vejo o Messi quase todos os dias", revela Alisson: "Também me inspiro no Ronaldinho e no Neymar. E, hoje em dia, gosto muito de ver o Lamine Yamal e o Savinho."