"A II Liga é muito mais complicada que a I Liga"
- O Académico ainda não perdeu esta temporada para o Campeonato. Como tem sido este arranque?
- Tem sido um início de época positivo. Gostaríamos de ter mais uma ou duas vitórias, mas é sempre importante começar o campeonato e atingir uma boa fase sem derrotas. Também já tivemos dois jogos sem sofrer golos.
- Estamos a falar de um grupo com poucas alterações em relação à época passada. Isso ajuda?
- A base está montada, já nos conhecemos muito bem e torna tudo muito mais fácil para integrar os novos colegas. Todos vieram para acrescentar e ajudar. Temos muitas semelhanças em relação ao ano passado, mas também com muitas coisas positivas que os novos jogadores vieram trazer.

- A perceção que temos é de que este campeonato é ainda mais equilibrado. Há mais equipas preparadas para a luta pela subida?
- A II Liga é muito mais competitiva e complicada do que a I Liga. Os jogadores que passaram pelas duas divisões dizem isso. Aqui qualquer resultado é possível: o primeiro pode perder com o último, os primeiros perdem pontos onde o comum adepto pensa que é impossível, mas nós que estamos por dentro sabemos que acontece muitas vezes. Há sempre mais candidatos na teoria ao início, mas depois os grupos começam a desfazer-se quando a bola começa a rolar. Ainda não é possível perceber isso, mas já começamos a ver algumas equipas que se destacam, não só pelo investimento, mas também por se considerarem favoritas. Depois ainda há equipas que praticam um futebol positivo e conseguem juntar-se ao comboio da frente.
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- Há um acréscimo na qualidade de jogo...
- Sem dúvida. Se olharmos para a II Liga de há cinco/seis anos, não tem nada a ver com a II Liga de agora. A prova disso é que quando há confronto entre equipas da primeira e segunda, por norma até pende mais para as equipas da segunda. O campeonato tem crescido muito, não só em termos de qualidade, mas também de estrutura. Tornou-se um campeonato mais profissional e atrativo.

- Em termos individuais, podemos dizer que este início de época está a correr bem?
- Já fiz dois golos, portanto tem sido muito positivo. Igualei o número da época passada. Também já são dois jogos da equipa sem sofrer golos, o que para um defesa é sempre um dado positivo. O meu objetivo passa por ajudar a equipa, que é o mais importante.
- O André teve uma experiência na Lituânia. Como foi?
- Acima de tudo, fez-me crescer como homem. Saí de Portugal com 21 anos e dei por mim sozinho numa realidade completamente diferente, num povo com uma mentalidade muito fechada. Hoje, olhando para trás, ganhei muita maturidade e ajudou-me muito.
- Isso permitiu que a adaptação a regiões como Covilhã e Viseu, no interior do país, fosse mais fácil?
- Percebi que, se consegui estar dois anos na Lituânia, em qualquer ponto do país seria fácil adaptar-me. Adaptei-me super bem à Covilhã, numa cidade que adoro e sempre que tenho oportunidade volto lá porque deixei muitos amigos. Viseu é uma cidade ainda melhor e posso dizer que sinto-me muito bem em Viseu.

Daniel dos Anjos, Filipe Martins e Jorge Costa
- Em relação a figuras na sua carreira, quais os treinadores mais marcantes?
- Filipe Martins. Trabalhei com ele no Real SC e posso dizer que é um ser humano espetacular, além das qualidades futebolísticas. Dos melhores treinadores que apanhei. Depois tenho de referir Jorge Costa. Ajudou-nos muito no ano passado. Ele tinha essa qualidade de criar boas relações com os jogadores e conseguimos fazer grande campeonarto, que se deve muito à chegada dele.
- E avançados que defrontou?
- Sempre travei grandes batalhas com o Daniel dos Anjos (Tondela). Somos muito amigos, mas dentro de campo sempre foram grandes batalhas. Dá-me sempre muito prazer jogar contrra ele. O Nenê tambem é um adversário que gosto de ter pela frente, pelo conhecimento do jogo e características que tem. E lembro-me, das melhores/piores duplas que apanhei, nos tempos do Mafra: Abel Camará e Okitokandjo. Que dor de cabeça!

- Que sonhos tem?
- Quero muito garantir a subida de divisão pelo Académico. O clube e a cidade merecem. Seria a história perfeita para a cidade conseguirmos essa subida de divisão. Como capitão de equipa teria um sabor ainda mais especial.
- Como gostaria de ser recordado?
- Pelos adversários como um jogador duro e leal, mas também como uma pessoa completamente diferente no campo e fora. Dentro de campo como alguém que dá tudo o que tem e que fora de campo é uma pessoa super calma, tranquila e que gosta de estar com as pessoas. No fundo, um animal dentro de campo e um paz de alma fora dele.
