O Luís Sílva acabou de rescindir com o AVS e assinou contrato de época e meia com o Académico de Viseu. A ambição é fazer o conjunto viseense regressar ao escalão principal, mais de 3 décadas depois. Nesta conversa com o Flashscore fala dos fora de série Nenê e Ochoa, de uma carreira onde Leixões ocupa lugar especial no coração e confessa que, não estando a pensar já no fim da carreira, está no entanto a preparar o futuro, com a vontade de se manter ligado ao futebol.
- Acabou de trocar o AVS pelo Académico Viseu e tem para trás uma grande carreira que aos 32 anos acredito que ainda não esteja para acabar…
- Ainda não penso no final, ainda me sinto muito bem fisicamente e enquanto assim for vou continuar. Enquanto as pernas deixarem e a cabeça tiver disponibilidade, ao acordar de manhã não sentir que estou a fazer um sacrifício vou continuar e fazer o que mais gosto que é jogar futebol.
- Em janeiro tomou a decisão de deixar o clube que representou nos últimos três anos (primeiro Vilafranquense, depois AVS), qual foi o motivo?
- É o fim de uma ligação. Tanto eu como a administração do AVS achámos que era o fim de um ciclo, que devíamos procurar caminhos diferentes e foi o que fizemos. Chegámos a um entendimento, saí de consciência tranquila.
- O Luís Silva é um jogador ambicioso e este é um projeto ambicioso na Liga 2, o do Académico Viseu.
- Ao sair do AVS só fazia sentido entrar num projeto em que acreditasse que jogaria para ganhar e subir de divisão. Foi com esse intuito que aceitei o convite do Académico, um clube com uma estrutura muito boa, condições fantásticas. Encontrei um grupo muito bom, unido e que tenho a certeza que em maio seremos todos bem-sucedidos. Ao final de 30 e poucos anos meter o Académico na primeira divisão é uma motivação muito grande.
- Natural de Matosinhos, fica agora um pouco mais longe do mar, mas essa adaptação não vai ser difícil…
- Já estive dois anos numa cidade do interior, em Chaves. Dei-me bem lá, acabei com a promoção à Liga, espero conseguir a terceira subida, era bom sinal. Cheguei com espírito de missão e de ajudar.
- Vamos agora olhar um pouco para trás, criado no Leixões, singrou noutros clubes, muitos anos de primeira divisão. Que emblema o marcou mais?
Tenho um carinho muito especial pelo Leixões, onde fui criado. É o clube da minha cidade, da minha família, o meu clube. Conheci pessoas maravilhosas no Chaves e passei bons momentos. Deixei grandes amizades, grandes pessoas neste último ano e meio na vila das Aves. Gostei muito de estar lá, fui sempre muito acarinhado por toda a gente. Deixei lá amizades de verdade, que acho que é o que deixamos depois do futebol, os amigos, as convivências. Tenho a certeza que vamos manter contacto. Estes foram os três clubes que me marcaram mais.

- Os dois primeiros vão ser agora adversários do Académico…
- É verdade, mas sou profissional, agora quero muito o êxito do Académico. É um projeto em que estou a 100%, o meu objetivo é meter a equipa na primeira divisão, as pessoas da cidade merecem, a estrutura também. Estou focado nisso. Claro que o Chaves e o Leixões são clubes especiais, mas quando defrontar o Leixões vou dar tudo para vencer. O Chaves não porque o Académico já jogou nesta segunda volta.
- Olhando para o AVS, há duas figuras que ficam lá e são muito peculiares: O Ochoa e o Nenê. São dois bons exemplos do que leva para a vida?
- São duas lendas do futebol, duas referências, dois bons amigos que deixei ficar. Mas gostava de destacar… quer dizer, não quero estar a ser injusto com ninguém, mas existem pessoas com quem tenho um sentimento muito forte de verdadeira amizade e com quem me identifico muito, me revejo nos valores deles, tanto nos jogadores, como no staff e na estrutura. Tem pessoas de um nível elevado no que toca aos valores humanos.
- Tal como encontrou no Académico?
- Fiquei surpreendido com a qualidade, eu já sabia que existia, mas fiquei muito agradado. Tanto a nível profissional como em valores humanos. Temos tudo para fazer uma segunda volta muito positiva. Estou a gostar muito de estar aqui e temos todos os ingredientes para uma época de sucesso.
- Sempre foi um médio, ora a 8, ora a 10, às vezes mais recuado. Onde se identifica mais?
- Gosto mais de jogar mais a 8, é a posição de origem, mas adapto-me facilmente ao que o jogo pede. Estou preparado para jogar, seja em que posição for. O que interessa é ajudar o grupo, é com essa missão que vim para cá. Gosto mais de jogar a 8, mas com o passar dos anos não temos nenhum problema em jogar noutra posição.

- O Luis é um entendedor do futebol dentro de campo, vê-se como treinador no futuro?
- Vejo-me a continuar no futebol quando terminar. Tenho o segundo nível de treinador, mas o meu foco é jogar, acho que ainda tenho um nível muito bom. Sou uma pessoa que me cuido diariamente. Penso no futuro, como é lógico, tirei o curso de treinador e mais tarde gostava de passar para o outro lado. Com o conhecimento que tenho, já tenho alguns jogos na Liga Portugal e isso vai dando bagagem, vou entendendo os momentos, por vezes faz diferença e tento sempre ajudar a equipa.
- Quem é o Luís fora das quatro linhas?
- É uma pessoa muito tranquila, que gosta de estar com os amigos. Sou muito frontal, valorizo muito os amigos e a família mais próxima. Sempre bem-disposto, diferente do que sou dentro de campo, aí sou mais competitivo, mais irritante (risos). Fora de campo só não ajudo se não conseguir e são os valores que gostava de passar a um filho, se tiver.
- Por último pedia duas palavras, uma para os adeptos do AVS, outra para os adeptos do Académico
- Para os adeptos do AVS é agradecer por tudo o que fizeram por mim, senti-me sempre em casa, que aquela vila já me pertencia, desejo o melhor do mundo, que o AVS consiga atingir os seus objetivos e que corra tudo bem. Para os adeptos do Académico é pedir que nos venham apoiar, ajudar, que acreditem neste grupo e que vamos conseguir o grande objetivo da época.
