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A história do futebol é feita de vencedores e vencidos. No play-off da Liga 2, para o adepto neutro era difícil apoiar o Paços de Ferreira ou o Belenenses. Dois históricos, à sua medida, mais habituados aos palcos da Liga Portugal do que a lutar para evitar jogar a época 2025/26 no terceiro escalão do futebol português.
O magnífico Estádio do Restelo deixou os azuis em vantagem, mas a Capital do Móvel preparou-se a preceito para um dia de decisões e emoções fortes. O enredo estava montado na perfeição, mas o filme só podia acabar bem para um dos lados desta história, onde não havia um verdadeiro vilão.
O possível último jogo de Antunes, um Paços a evitar um regresso aos anos 70 e o Belenenses a tentar reerguer-se. Mais de 8 mil adeptos aderiram à chamada e a verdade é que não terá sido por falta de apoio dos adeptos que os castores se viram nesta encruzilhada - excluindo o play-off, o Paços foi o sexto clube com mais adeptos no estádio na Liga 2.
O início foi de nervos, mas aos poucos a experiência pacense sobrepôs-se à energia do Belenenses, e a equipa de Filipe Cândido entrou motivadíssima para a segunda parte.
Depois da ameaça à baliza de David Grilo, Antunes, o homem da casa, teve no seu pé esquerdo a responsabilidade de toda a cidade, mas não tremeu na hora de converter o sexto penálti da temporada e deu um último empurrão aos seus adeptos, numa época marcada pelo sofrimento, insultos e algumas lágrimas.
No final daquela tarde, o internacional português voltou a emocionar-se, mas por motivos diferentes.
Antes do fogo de artifício, a Capital do Móvel abriu as portas para o cabeça de cartaz. O bielorrusso Marozau substituiu Rui Fonte, que também deixou o relvado em lágrimas, e demorou apenas quatro minutos a tocar o hit da temporada - um golaço de calcanhar a passe de André Liberal que confirmou a permanência pacense nos escalões profissionais. Que bela maneira de fechar!
A festa de uns é a tristeza de outros, e os jogadores do Belenenses regressaram a Lisboa desolados depois de uma época de altos e baixos, mas que esteve a um jogo de distância de ser memorável.
Antes da despedida da temporada, Antunes teve o seu momento e deu aquele que terá sido mesmo o seu último passo numa carreira ao nível de muito poucos.
"Muito provavelmente, será o fim da minha carreira como jogador. Para tudo há um fim", disse, no final da partida.
Uma saída pela porta grande de um jogador que, pelo que viveu, será sempre uma lenda do clube e da cidade de Paços de Ferreira.
