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Ricardo Alves está a cumprir a sua 7.ª temporada em Tondela e é o capitão de uma equipa que tem demonstrado "consistência" num campeonato extremamente competitivo. A pouco menos de dois meses do final da temporada, o defesa-central reflete sobre os desafios da intensa luta pela subida à Liga, nesta entrevista exclusiva concedida ao Flashscore.

"Nunca nos sentimos verdadeiramente desesperados"
- O Tondela lidera a Liga 2 com 12 vitórias, 12 empates e apenas duas derrotas. O que explica este desempenho?
- Na minha opinião, o que faz a diferença é a consistência. Acima de tudo, as equipas da segunda liga que costumam estar nos primeiros lugares não têm mostrado uma consistência tão interessante. Até ao momento, nós conseguimos manter isso. Mesmo nos momentos mais difíceis — e já os tivemos nesta época — não desesperámos, e acredito que isso foi um fator fundamental para voltarmos às vitórias. Penso que esse é um dos principais motivos para o nosso sucesso.
- A primeira vitória demorou a aparecer no início da época... Como lideram com isso?
- Acredito que nunca nos sentimos verdadeiramente desesperados. E não falo apenas dos jogadores, mas de toda a equipa técnica. Nunca houve uma pressão excessiva para voltar às vitórias, e penso que esse foi o grande segredo. Seja qual for a equipa ou a competição, é fundamental ter a capacidade de valorizar o que está a ser bem feito nesses momentos. Nós fizemos uma boa pré-época, estávamos a assimilar novas ideias e, acima de tudo, acreditámos que o trabalho que desenvolvíamos acabaria por trazer bons resultados. E foi exatamente isso que aconteceu.

- Como é que se lida com a pressão de ser líder numa liga tão competitiva?
- É um clichê, mas temos de focar-nos sempre no próximo jogo. Acho que esse é um dos segredos para as equipas se manterem no topo da Liga 2. Desde o início, nunca assumimos publicamente o objetivo da subida, mas internamente comprometemo-nos a lutar pelos três pontos em cada jogo. Se conseguirmos definir pequenos objetivos dentro de um contexto maior, a classificação acaba por ser uma consequência natural. Mesmo nos momentos de maior pressão, o foco mantém-se: agora, por exemplo, enfrentamos a UD Oliveirense, e o nosso objetivo é vencer esse jogo. Se pensarmos apenas nisso, evitamos distrações e especulações sobre o futuro.
Esta abordagem não é apenas um discurso feito, mas uma forma real de manter a concentração e evitar pensar demasiado no que pode acontecer.
- O Ricardo diz que o objetivo inicial era a manutenção, mas como encaram a situação agora? O mister admitiu que é "natural" pensar-se nesse cenário nesta fase.
- Naturalmente, ao chegar a esta fase na liderança, todos pensamos que a subida pode acontecer. No entanto, o ponto que referi anteriormente é essencial: evitar sentir demasiada pressão ou ficar presos à incerteza do "será que vai acontecer?". Se conseguirmos focar-nos nestas oito jornadas, jogo a jogo, sem antecipar demasiado o futuro, estaremos mais perto de conquistar muitas vitórias — e é exatamente isso que queremos.
- A nível pessoal, como se tem sentido nesta temporada?
- Estou a sentir-me bem. No ano passado as coisas também correram muito bem a nível individual, mas esta época está a ser especialmente positiva. Fisicamente, sinto-me bem, tudo tem corrido como esperado e espero que continue assim. Ainda não terminou, por isso, espero estar ainda melhor nesta reta final.

- Há aqui um momento muito particular esta época que gostava de recordar com o Ricardo. No jogo contra o Mafra, o Ricardo assumiu a marcação de uma grande penaldiade numa fase em que a equipa ia com três grandes penalidades falhadas de forma consecutiva. Sentiu a necessidade de assumir essa responsabilidade?
- Foi algo bastante natural, nem foi muito pensado. No momento, senti que devia pegar na bola e marcar o penálti. Não sou o especialista da equipa em grandes penalidades — temos jogadores como o Roberto, o Xavier, o Costinha ou o Maranhão, que batem muito bem. Mas, do ponto de vista psicológico, já tínhamos tido vários jogos em que, se tivéssemos convertido um penálti, poderíamos ter gerido o resultado com mais conforto, e isso não aconteceu. Como nesse jogo já tínhamos falhado um, senti que era o momento de assumir essa responsabilidade como capitão.
O meu objetivo foi desbloquear essa situação — e felizmente correu bem. Se falhasse, paciência, era mais um. Depois haveria outra oportunidade. Mas, felizmente, resultou.

Interesse em Luís Pinto: "O mister foi sempre muito claro e direto em tudo"
- São sete épocas consecutivas no Tondela, com 171 jogos, e o Ricardo é o 8.º jogador com mais jogos na história do clube. Alguma vez imaginou que ficaria tanto tempo?
- Se me perguntasses no início se imaginava jogar aqui durante sete anos, diria que não. No futebol, não costumamos fazer planos a tão longo prazo. Mas as coisas foram acontecendo, já renovei duas vezes e acabei por ficar. O meu percurso teve altos e baixos. É verdade que tenho muitos jogos pelo clube, mas também passei por duas lesões graves e por uma descida de divisão. Foram momentos muito bons e outros menos positivos. Ainda assim, permaneci sempre feliz, porque me identifico com as pessoas, com o que o clube representa e sinto-me bem aqui. Foram vários fatores que me levaram a continuar, e agora já lá vão sete anos. Já é um bom tempo! Estou muito feliz com este trajeto e espero que ainda não tenha terminado, porque ainda temos pelo menos oito jogos até ao fim da época.
- O que é o Tondela proporciona a um jogador para se sentir tão confortável?
- Primeiro, dentro da realidade do clube e dos objetivos a que sempre se propôs, o Tondela oferece excelentes condições de trabalho. Muitas vezes as pessoas não têm noção disso, mas mesmo quando estávamos na Liga, não lutávamos apenas para evitar a despromoção — tínhamos muito boas condições, e essas condições mantiveram-se praticamente iguais quando descemos à Liga 2. Isso permite ao jogador sentir-se bem no dia a dia, com as condições necessárias para trabalhar, e a nível financeiro o clube nunca falhou. Sempre cumpre com os jogadores, a tempo e hora.
Embora eu não goste muito da palavra "confortável", porque isso pode levar a um certo relaxamento, podemos dizer que o Tondela oferece tudo o que precisamos para trabalhar bem. Além disso, é uma cidade pequena, com pessoas muito próximas. Embora todos os clubes se chamem "família", aqui isso realmente se reflete na forma como jogadores e estrutura se relacionam uns com os outros. Essa proximidade faz com que os jogadores se sintam em casa. Tudo isso, na minha opinião, é a verdadeira identidade do clube e a experiência de qualquer jogador. Quando pergunto aos jogadores que passaram por aqui, 99% diz a mesma coisa, e acho que isso é muito positivo.

- A época começou com a entrada de uma nova equipa técnica, liderada pelo mister Luís Pinto. Foi boa a aceitação?
- Acredito que, acima de tudo, a forma simples como nos são transmitidas as mensagens e a boa relação que temos entre nós são fatores fundamentais para o sucesso. Claro que temos um treinador e uma equipa técnica ambiciosos e de qualidade, o que é visível para todos, mas o que realmente faz a diferença é a forma como trabalhamos diariamente e nos relacionamos. Isso cria um ambiente mais saudável e favorece o bom desempenho.
É normal que, por vezes, haja desentendimentos, mas a base de trabalho, tanto do Míster Luís Pinto como de toda a equipa técnica, é a proximidade, mas sempre com respeito pelas hierarquias, que é essencial. Esta proximidade ajuda-nos a lidar bem com as vitórias, mas também com as derrotas, partilhando o sofrimento. Acredito que tudo isso é crucial para o nosso progresso.
A equipa técnica tem todas as condições para ambicionar patamares superiores. O facto de o Bruno Monteiro agora trabalhar connosco de forma diferente também é um ponto positivo, pois ele faz a ponte entre o balneário e a equipa técnica, sabendo exatamente como transmitir a mensagem da melhor maneira. Ele já se relacionava com alguns jogadores e agora faz essa ligação de forma ainda mais eficaz, o que é muito importante
- O mister mencionou no Canal 11 que ouviu os capitães antes de decidir colocar o Ceitil a central. Como é que isso aconteceu?
- Foi tudo muito imprevisível, não sabíamos o que esperar. O mister chamou-me antes do jantar e disse que precisávamos reunir depois, eu, o Bebeto e o Hélder (Tavares), porque o Jordi (Pola) ia embora. Ficámos todos surpresos, e o Jordi também não tinha dito nada até então, porque achava que, enquanto as coisas não estivessem concluídas, não deveria comunicar. E acho que fez bem.

Nesse jogo, o Jordi ia jogar, pois o João Afonso estava castigado, e sabíamos que ele ia ocupar a posição do João Afonso. Fomos ao quarto do mister, e ele estava com dúvidas em relação a algumas posições, mas não perguntava diretamente quem ia jogar, ele queria saber o que pensávamos sobre as opções. Nós sugerimos que ele colocasse o Ceitil mais atrás, porque é um jogador que comunica bem e defensivamente é forte. O mister gostou da ideia.
Não foi uma decisão simples de "quem vai jogar?", mas ele procurava ouvir o feedback dos capitães e sentir como a equipa se sentia em relação às opções. Acho que, nestes casos, ouvir os jogadores é sempre importante. A decisão de colocar o Ceitil a central foi acertada. Desde então, tem sido uma opção sólida e, felizmente, conseguimos vencer o Penafiel. Foi uma decisão que funcionou bem para todos.
- Houve várias notícias sobre a possível saída do mister Luís. Como é que isso foi recebido no balneário?
- Acho que lidamos bem com isso, especialmente entre nós. Acima de tudo, temos de entender que o futebol é imprevisível. Podemos perder jogadores, como aconteceu com o Jordi, ou até um treinador. Mesmo trabalhando todos os dias com felicidade, se o treinador fosse para melhor, ficaríamos contentes por ele, pois seria uma evolução para a sua carreira.
A proximidade que mencionámos antes também faz a diferença. O mister foi sempre muito claro e direto em tudo. Quando o assunto surgiu, foi resolvido de forma simples e em dois dias. Acho que isso é importante para encerrar rapidamente uma situação que não deveria ser prolongada, e a partir do momento em que deixa de ser um assunto, não se fala mais nisso.

"Se me dissessem que o Tondela subiria no final deste ano, seria um alívio"
- O que significa ser capitão do Tondela?
- Para mim, a responsabilidade do capitão é sempre maior, como acontece em qualquer equipa. A minha forma de capitanear, por assim dizer, é mais através das minhas ações e atitudes do que pela força das palavras. Gosto de intervir quando sinto que é necessário, mas acredito que o meu dia a dia, a forma como trabalho e como lido com diferentes situações, transmite a mensagem certa ao grupo. Já fui capitão aqui no Tondela, e na altura não era titular em todos os jogos e isso também moldou a forma como lido com os contextos. Acho que a forma como tu te comportas e geres essas situações acaba por ser um exemplo para os outros. De vez em quando, é claro, é preciso intervir, mas, no geral, o que conta é o teu trabalho diário e como isso inspira os colegas.
- O Tondela passou da distrital à Liga, já tem 7 épocas na Liga, passou por uma descida, chegou ao Jamor e agora vê a esperança de regressar à Liga. Já podemos considerar o Tondela um clube da Liga?
- Acho que o Tondela nunca deixou de ser um clube de Liga. Como falámos antes, muitas coisas no dia a dia pouco mudaram. Claro que a competição mudou, mas se eu olhasse para o meu trajeto no clube e me dissessem que o Tondela iria subir no final deste ano, seria um alívio, pois depois de uma descida, voltar a subir é como estar no lugar onde se deve estar. A nível profissional, seria um dos dias mais felizes da minha vida. No entanto, acho que devemos focar-nos no que está mais próximo, porque se começarmos a pensar demasiado no futuro, isso só nos vai desviar do objetivo. Se conseguirmos manter esse foco, ótimo.
- Como foi recomeçar depois da descida de divisão?
Não vou dizer que não foi difíci, foi difícil. Levas aquele abanão da descida e acho que é o pior sentimento que um jogador pode ter. E depois, houve muitas mudanças. Primeiro, a mudança no plantel, e, nesse mesmo ano, houve também a saída do presidente David e o regresso do presidente Gilberto. Houve muitas mudanças e, para o clube se recompor e começar a pensar em novos objetivos, estabilizar foi complicado. Felizmente, essa fase já passou, e o clube está agora estável e bem. Agora, podemos focar-nos em ganhar jogo após jogo.

- Do primeiro ao décimo lugar há uma diferença de apenas 11 pontos. Como tem sido esta fase e como perspetivas os próximos jogos?
- Dizem sempre que a realidade da Liga 2 é muito competitiva. Houve anos em que uma equipa se distanciou muito cedo, mas este ano as equipas estão todas muito próximas, e a qualidade está mais nivelada. O campeonato está mais equilibrado. Na segunda volta, independentemente do campo, vai ser complicado jogar. Por exemplo, a UD Oliveirense, que luta para não descer, tem jogadores de qualidade, muitos com experiência na Liga, e será um adversário difícil. Fomos a Matosinhos, ao Leixões, uma equipa com muito talento, mas que também não estava numa boa fase, e isso foi super difícil. Ou seja, todos os jogos nesta Liga 2 são difíceis, e a prova disso é que as equipas da parte de cima perdem pontos contra as da parte de baixo com mais frequência do que na Liga. Isso mostra o quão competitiva é a prova.
- Recebem Vizela, Chaves e Alverca em casa, e no último jogo tiveram mais de 2200 adeptos no estádio. O apoio dos adeptos vai ser importante nestes próximos jogos?
- Acho que, se conseguirmos ganhar os jogos que temos pela frente, vamos atrair mais público para o estádio. As vitórias naturalmente trazem mais gente, e a classificação acaba por ser uma consequência disso. Se mantivermos a posição em que estamos, certamente teremos uma casa cheia. Porém, se não tivermos bons resultados nos três jogos até os confrontos diretos, as pessoas podem acabar por se desmotivar um pouco. Por isso, o mais importante agora é manter a consistência e continuar a conquistar vitórias, para que o público venha ao estádio mais motivado e nos apoie ainda mais.
- Como tem sido a sua relação com os adeptos?
- Essa proximidade que mencionava anteriormente, entre a estrutura e os jogadores, acaba por se refletir também nos adeptos. Tondela é uma cidade pequena, as pessoas cruzam-se muito, e eu, por já estar cá há algum tempo, acabei por conhecer alguns adeptos que vejo na bancada. Essa proximidade é boa, mas também é importante mantermos algum distanciamento. Não digo isso de forma negativa, mas às vezes, por termos relações mais próximas, acabamos por sentir as emoções mais intensamente, e isso pode fazer com que reações menos adequadas nos afetem mais. Acredito que é essencial mantermos um certo afastamento, para conseguirmos lidar com as situações, boas ou más, com mais equilíbrio. No geral, é ótimo sentir o carinho dos adeptos e o apoio constante na cidade.
- Enquanto capitão de equipa, qual é a mensagem que deixas aos adeptos nesta fase?
- O nosso apelo é que continuem a apoiar-nos e que cada vez mais pessoas apareçam no estádio. Não somos uma cidade muito grande, mas mesmo fora de casa conseguimos contar com o apoio de muitos adeptos. Por isso, pedimos às pessoas que venham mais vezes, que acreditem que podemos lutar por vitórias em qualquer campo. Nós acreditamos nisso, e sentimos que aqueles que nos apoiam também acreditam. Por isso, continuem ao nosso lado.

"Jamor foi realmente um momento memorável"
- Desde o seu início no Cerveira, qual é o balanço que faz da sua carreira até ao momento?
- Já passaram alguns anos, mas ainda quero jogar mais. Sinto-me bem e, enquanto o meu corpo permitir, pretendo continuar a jogar. Acima de tudo, tenho orgulho no que conquistei até hoje, porque nada foi dado. Tudo foi fruto do meu perfil, do meu profissionalismo e da forma como encaro o trabalho, o que me levou a chegar onde cheguei. Mas ainda não acabou. Se olharmos para bons exemplos, como Cristiano Ronaldo ou Pepe, vemos jogadores com uma longevidade no futebol que há 10 ou 20 anos seria impensável. Claro que, no nosso nível, é diferente, mas com as excelentes condições que temos para trabalhar e cuidar de nós, e com o aumento da informação disponível, podemos ambicionar jogar mais tempo do que a média de antigamente.
- E o que fez a diferença para o Ricardo conseguir chegar a profissional?
- Cerveira é a minha casa, é onde estão os meus melhores amigos. Mantive sempre um forte contacto com a cidade e com as pessoas do clube, e os meus pais ainda vivem lá, então vou lá sempre que posso. A educação e os princípios que os meus pais me passaram foram fundamentais. Quando saí para o Sporting, mesmo sendo longe de Lisboa, consegui manter o foco. Embora os meus pais não pudessem ir tantas vezes, às vezes passava dois meses ou mais sem voltar a casa, mas sempre me mantive equilibrado. Acho que, acima de tudo, nunca me deixei deslumbrar quando as coisas estavam a correr bem, nem fui demasiado abaixo quando as coisas não estavam a correr tão bem. Se cheguei onde poderia ter chegado? Não sei ao certo, mas acredito que sim. Tudo o que conquistei foi fruto do meu trabalho e, quem sabe, talvez com um toque de sorte aqui e ali, mas o futuro é sempre incerto. No fim, acho que tudo correu como eu esperava.

- Consegue apontar um ou dois dos momentos mais especiais que viveu no Tondela?
- A primeira manutenção. Eu tive uma lesão grave no joelho em fevereiro e, quando estás fora, a dor emocional é muito mais intensa. Eu pensei: "Demorei tanto tempo a chegar à Liga, e agora vou voltar para a Liga 2". Sofri imenso com isso, mas fiquei muito feliz quando conseguimos manter-nos naquele jogo mítico contra o Chaves. Lembro-me que ainda estava com muletas, e vi o mister Pepa a dar o flash, e eu comecei a saltar, e eu nem sentia nada. E depois, o Jamor... Para mim, foi algo super especial, uma verdadeira festa. Ver um clube, que é considerado pequeno comparado a outros, chegar ao Jamor foi um momento marcante, não só para o clube, mas também para a cidade e para todos que fazem parte disso. Foi realmente um momento memorável.
- O 3.º momento será a festa da subida com os adeptos no Parque Verde da cidade de Tondela?
- Podemos imaginar, claro, mas é bom lembrar que o objetivo nunca foi realmente esse. No entanto, não somos hipócritas e não deixamos de pensar sobre isso. Agora, o mais importante é focarmo-nos nas coisas que temos de fazer antes de chegarmos lá.

- No dia em que decidir terminar a carreira, como gostaria de ser recordado?
- Acho que a maneira como nos dedicamos ao trabalho e à profissão acaba por refletir a imagem que queremos transmitir. No meu caso, sinto orgulho em dizer que, ao longo do meu percurso, deixei para trás pessoas, amigos no futebol, que realmente gostam de mim, assim como eu gosto deles. Quando eu deixar de jogar, gostaria que me lembrassem por ser alguém que sempre se dedicou 100% à sua profissão, procurando ser o mais correto possível com todos ao meu redor. A paixão pelo desporto foi algo que sempre procurei passar para os outros, e gostaria que as pessoas vissem que, mesmo chegando a esta fase da carreira, a minha dedicação aos treinos, aos detalhes, continua a ser a mesma, ou até mais forte, do que quando era mais jovem. Esse, para mim, seria o maior orgulho no final da minha carreira.
- E o que dirá sobre o Tondela?
- Paixão, entreajuda, profissionalismo e amizade são pilares fundamentais dentro do contexto profissional. Se olharmos para o Tondela há 20 anos, ele estava na distrital. O clube cresceu de forma impressionante e, em pouco tempo, conseguiu alcançar patamares que muitos não imaginavam. Profissionalizar um clube não é tarefa fácil e leva tempo, mas o Tondela fez isso de maneira brilhante, com muito trabalho, dedicação e união.