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Natural de Coimbra, Tamble Monteiro nunca teve nada de mão beijada. O início da carreira sénior fez-se nos distritais da cidade dos estudantes, e o jogador foi galgando escalões até chegar ao futebol profissional.
Apesar de não ter conseguido evitar a despromoção do Portimonense em 2023/24, o avançado assinou uma época de afirmação na Liga 2, em 2024/25, crescendo a cada jornada até assumir o papel de protagonista em 2025/26. E não quer ficar por aqui!
"Sinto-me no melhor momento, podemos sonhar com a subida"
- Distrital, Campeonato de Portugal, Liga 3, Liga 2 e Liga Portugal. O Tamble teve a felicidade de atravessar todos os escalões até ao futebol profissional. Como tem sido esse percurso de crescimento no futebol português? Que aprendizagens leva de cada etapa?
Tem sido, sem dúvida, um desafio muito grande, consegui subir todos os patamares possíveis, algo que não foi fácil. Sinto que em cada patamar consegui evoluir como jogador e como pessoa, tentar ser sempre 1% melhor do que no dia anterior. Tem sido uma caminhada longa, com muito trabalho, paciência e sacrifício. Acredito que foi o que me fez chegar longe.
- Esta época começou de forma brilhante: seis golos em oito jogos. O que explica este momento tão positivo? Até onde pode chegar o Tamble Monteiro nesta temporada?
Acho que o trabalho explica esta fase. Quem me conhece sabe que trabalho muito para conseguir fazer o que estou a fazer, foram 6 em 8, é bom mas não quero ficar por aqui, acredito que esta temporada posso fazer mais e melhor.
A confiança é tudo. Estou num momento em que me sinto bem fisicamente, mentalmente e inserido num grupo que acredita em mim. Tenho trabalhado muito nos treinos e quando isso se alia a uma boa dinâmica coletiva, as coisas acontecem naturalmente. Sinto-me no meu melhor momento.
- E o Portimonense? Até onde sente que a equipa pode ir nesta Liga 2? É possível sonhar com a subida? É objetivo?
Tudo é possível nesta vida, o plantel é bom, a equipa técnica é boa. Bons jogadores combinado com boas pessoas e um bom grupo, obviamente pode ser possível. Sonhar é bom e podemos sonhar com a subida, mas o objetivo principal é estabilizar o nosso jogo e crescer como equipa, está interiorizado desde início jogar o jogo pelo jogo, para ganhar os três pontos em cada jogo. Se o fizermos vamos estar mais perto.
Vitória SC? "Obviamente mexeu comigo"
- Que avaliação faz da atual Liga 2? Está mais competitiva? Quais são, para si, as maiores diferenças face às divisões anteriores?
A Liga 2 é sempre muito competitiva, se não a mais competitiva em Portugal, equipas muito equilibradas e competitivas, onde todos os duelos são muito intensos, onde o último pode ganhar ao primeiro e não ser uma surpresa, pouco espaço para pensar com bola porque a intensidade e pressão sem bola são bastante elevadas.
- No último mercado falou-se na possibilidade de uma mudança para o Vitória SC. Esse interesse mexeu consigo? Como gere esse tipo de rumores?
É sempre bom saber que o nosso trabalho está a ser reconhecido. Fico muito feliz por despertar interesse de grandes clubes, mas tento não me distrair com isso. Tenho os pés bem assentes no chão. Obviamente mexeu comigo, mas tenho que ter a humildade para perceber que o futebol é assim, tenho que continuar a trabalhar para coisas boas aparecerem. Tenho o sonho de pisar os maiores palcos, como qualquer outro jogador, mas o meu foco agora está no Portimonense, em continuar a crescer como jogador. O resto acaba por ser consequência do trabalho diário.
- Aos 24 anos, já com um trajeto de superação e progressão constante, quais são os seus maiores sonhos e objetivos no futebol?
O meu maior sonho é jogar na Premier League e de seguida poder jogar também Liga dos Campeões. Mas mais do que isso, quero deixar uma marca no futebol, mostrar que com esforço e determinação é possível sair de baixo e chegar longe. Estou a trilhar o meu caminho.
- Há algum jogador ou treinador que tenha sido determinante na sua evolução?
Sim, vários. Cada treinador com quem trabalhei deixou algo importante. Mas houve dois ou três que me marcaram pela forma como acreditaram em mim, mesmo quando as coisas não corriam bem.
O Paulo Freixo é, para mim, como um pai no futebol, pois foi ele que, numa fase difícil da minha vida, me deu o impulso para fazer o que mais gosto e viver o que estou a viver hoje. Depois, mais acima, o Miguel Valença, que acreditou em mim quando vim da distrital. O Agostinho Bento conseguiu tirar o melhor de mim em tão pouco tempo de trabalho e também acreditou no meu potencial.
E agora o Tiago Fernandes, que da mesma forma me tem ajudado muito a corrigir alguns aspetos menos bons dentro de campo, e está a conseguir tirar o melhor de mim enquanto jogador. É um treinador que percebe muito bem o jogo e ainda tenho muito a aprender com ele.
"Cada vez que entro em campo, lembro-me de onde vim"
- O que mais o inspira quando entra em campo? É mais movido por ambição, pelo prazer de jogar ou por provar algo a ti próprio?
Um pouco de tudo. A ambição é o que me faz querer sempre mais, o prazer é o que me faz amar o jogo, e a vontade de me superar é o que me mantém focado. Não tenho nada a provar a ninguém senão a mim próprio. No futebol, o meu maior adversário sou eu e a minha mente. E disso estou bem consciente.
Cada vez que entro em campo, lembro-me de onde vim e de tudo o que tive de ultrapassar para chegar aqui. Lembro-me da minha família, e é isso que me dá força para deixar tudo em cada lance.
- O futebol português tem dado palco a muitos jovens talentos. Sente que ainda é difícil “dar o salto” ou acredita que o trabalho acaba sempre por ser recompensado?
Acredito que o 'dar o salto' é sempre um desafio, mas sinto-me preparado para o dar quando a oportunidade aparecer. Tenho consciência do caminho que fiz e do nível que alcancei, mas também sei que tudo tem o seu tempo. O mais importante é continuar a trabalhar com humildade, manter a consistência e estar pronto para aproveitar o momento certo. Quando esse dia chegar, quero estar na melhor forma possível, mental e fisicamente para mostrar que pertenço a esse patamar.
- Por fim, que mensagem deixa aos adeptos do Portimonense que têm acompanhado esta caminhada?
Quero pedir aos nossos adeptos que continuem a apoiar-nos como têm feito. Precisamos de todo o vosso apoio, da vossa energia positiva em cada jogo, em cada momento. Sabemos que nem sempre é fácil, que há fases em que as coisas não correm como todos desejamos, mas é precisamente nesses momentos que o vosso apoio faz a diferença. Queremos que acreditem e que também sonhem em ver o Portimonense noutro patamar. Como capitão, e falando pelo grupo, podem ter a certeza de que damos tudo dentro de campo para dignificar este enorme clube e para representar com orgulho todos os que vestem estas cores.