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Análise: A avaliação das equipas da Liga Portugal no final da 1.ª volta, de 0 a 10

Rui Borges, Vítor Bruno e Bruno Lage na luta pelo título de campeão
Rui Borges, Vítor Bruno e Bruno Lage na luta pelo título de campeãoFlashscore
A primeira volta da Liga Portugal terminou no último fim de semana, com o reatamento do Nacional-FC Porto, interrompido devido ao nevoeiro. Tempo, então, para um olhar às 18 equipas da competição, numa avaliação de 0 a 10.
A classificação da Liga Portugal
A classificação da Liga PortugalFlashscore

Sporting - 7

Campeão nacional em título, o Sporting fechou a primeira volta com 41 pontos, menos dois do que registava há precisamente um ano. Com Ruben Amorim ao leme, os leões somavam duas derrotas e um empate, sendo que este ano registaram mais um empate do que em 2023/2024. Além disso, o Sporting consegue apresentar melhores números: 48 golos anotados, contra os 40 de há um ano, e 14 sofridos esta temporada, enquanto em 2023/2024 já levava 17.

O leão fechou a primeira volta do ano passado na liderança, com os tais 43 pontos, mais um que o Benfica, e este ano repete a proeza, perante a escorregadela do FC Porto diante do Nacional, somando mais um ponto que os dragões e mais três que os encarnados.

Tendo em conta que por Alvalade já passaram três treinadores, e que o plantel foi fustigado com vários problemas físicos, a pontuação e o registo de golos mostram um Sporting que se mantém como forte candidato ao título, numa primeira volta com sinal positivo.

Os últimos jogos do Sporting
Os últimos jogos do SportingFlashscore

FC Porto - 6

O FC Porto fechou a primeira volta do campeonato com uma surpreendente derrota diante do Nacional, no jogo adiado devido ao nevoeiro, na Choupana, por 2-0. 

Os dragões falharam a liderança isolada com a derrota diante dos madeirenses mas a verdade é que, olhando para a primeira volta do ano passado, Vítor Bruno tem mais dois pontos (40 contra 38) que Sérgio Conceição.

De resto, todos os registos dos azuis e brancos melhoraram, começando desde logo pelo ataque, com 40 golos marcados, mais 15 (!) do que há um ano, e menos um golo sofrido (11 contra 12). Em termos de jogos foi apenas mais uma vitória do que em 2023/2024. A contestação a Vítor Bruno é por demais evidente, mas os dados mostram que o FC Porto está melhor do que há um ano e com uma segunda volta teoricamente mais fácil, uma vez que recebe Sporting e Benfica no Estádio do Dragão.

Os últimos jogos do FC Porto
Os últimos jogos do FC PortoFlashscore

Benfica - 6

Menos 4 pontos que na primeira volta da temporada passada, um lugar abaixo na classificação, os mesmos golos sofridos (11), mas menos três golos marcados (35 contra 38). O Benfica de Bruno Lage está abaixo do Benfica de Roger Schmidt, em termos analíticos, com menos uma vitória que em igual período da temporada passada e, sobretudo, mais duas derrotas, precisamente somadas nas duas últimas jornadas da primeira volta, diante de Sporting (1-0) e SC Braga (1-2).

A águia fecha a primeira volta no pódio, com plenos poderes para se manter na luta pelo título, numa fase algo oscilante, perante as duas derrotas consecutivas no campeonato, seguido pela conquista da 8.ª Taça da Liga do seu historial.

Não sendo um Benfica inquestionável, Bruno Lage está a conseguir manter o clube encarnado ativo em todas as frentes, e com pulmão suficiente para o que aí vem.

Os próximos jogos do Benfica
Os próximos jogos do BenficaFlashscore

SC Braga - 6

A vitória no Estádio da Luz, diante do Benfica, por 1-2, na última jornada da primeira volta, significou não só o triunfo perante no reduto de um grande, mas também a ultrapassagem ao Santa Clara e o 4.º lugar, precisamente o mesmo que registava há um ano. O SC Braga de Carlos Carvalhal regista menos dois pontos do que na primeira volta de 2023/2024 (31 contra 33), menos 10 golos marcados (30 contra 40), mas menos seis golos sofridos (19 contra 25). 

A falta de um avançado goleador foi notória e começou a tentar ser colmatada mal abriu o mercado, com a chegada de Fran Navarro, do FC Porto, e logo com impacto direto, uma vez que o avançado espanhol marcou na Luz, mas é claro, e assumido pelo próprio treinador, uma enorme oscilação em termos exibicionais, de um jogo para outro, mesmo apostando nos mesmos intervenientes.

O plantel do SC Braga continua a ser rico, com duas soluções por posição, faltando agora encontrar a receita que permita aos Guerreiros estabilizar uma fórmula para a segunda volta do campeonato. O objetivo mínimo, porém, está a ser cumprido: manter-se como o quarto grande do futebol português.

Santa Clara - 9

O Santa Clara fecha a primeira volta como a grande revelação da Liga Portugal. Os açorianos, orientados por Vasco Matos, treinador que garantiu o regresso da equipa ao escalão principal, fecham as primeiras 17 jornadas no 5.º lugar, perdendo o quarto precisamente na última jornada, com o nulo na receção ao Farense, mas que em nada belisca uma temporada de recordes em Ponta Delgada.

São 10 vitórias em 17 jogos, uma delas em Alvalade, diante do Sporting, um saldo positivo entre golos marcados e sofridos (18-16) e, sobretudo, uma proposta de jogo positiva e ousada, que tem valorizado - e muito - vários ativos do plantel açoriano, maioritariamente de nacionalidade brasileira, e guiados por um treinador que tem também reforçado o seu nome entre a nova vaga de técnicos portugueses. Vasco Matos cumpre a segunda época no Santa Clara, após ter estado três anos como adjunto no Casa Pia, e a aposta da administração açoriana é já claramente um sucesso inquestionável.

A forma do Santa Clara
A forma do Santa ClaraFlashscore

Vitória SC - 5

Depois de uma época de loucos, com quatro treinadores (Álvaro Pacheco, Moreno Teixeira, João Aroso e Paulo Turra) mas um 5.º lugar, com consequente apuramento para a Liga Conferência, o Vitória SC tentou elevar a fasquia, apostando em Rui Borges, contratado ao vizinho Moreirense. E se nas competições europeias a temporada tem sido histórica, no campeonato a boa figura valeu ao treinador o "salto" para o Sporting, substituindo João Pereira, com Daniel Sousa a aterrar no Castelo, depois de um arranque em falso no SC Braga.

Contas feitas, o Vitória termina a primeira volta um lugar abaixo do ano passado, e com menos oito pontos somados do que em 2023/2024. O desgaste com o calendário europeu pode ajudar a explicar o menor fulgor em algumas partidas, mas alguns dos pontos perdidos merecem maior reflexão que outros - o empate (4-4) diante do Sporting, em casa, é uma das exceções à regra, naquele que foi o melhor jogo da primeira volta, e já com Daniel Sousa no banco, que, entretanto, também já saiu. Para o seu lugar, a aposta recaiu sobre Luís Freire que segurou o Rio Ave nas últimas temporadas.

Casa Pia - 8

A temporada a todos os níveis surpreendente do Santa Clara tem ofuscado a afirmação do Casa Pia no principal escalão do futebol português, lado a lado com a afirmação de um treinador de... 32 (!) anos. João Pereira, autor da subida do Alverca à Liga 2, foi o eleito para suceder a Pedro Moreira em Pina Manique, depois de um ciclo de Filipe Martins, com o adjunto Gonçalo Santos (agora no Fulham) pelo meio.

A verdade é que, apesar de um arranque tremido, João Pereira levou o Casa Pia a um tranquilíssimo 7.º lugar no campeonato, terminada a primeira volta, com 24 pontos, mais cinco que em igual período da época anterior. Mais uma vitória, mais dois empates e, sobretudo, menos três derrotas elevam o nível dos gansos, que têm mais um golo marcado (19 contra 18) e menos três sofridos (20 contra 23).

Os pontos somados pelo Casa Pia
Os pontos somados pelo Casa PiaFlashscore

Moreirense - 6

Depois da grande temporada de 2023/2024, com Rui Borges ao leme, o Moreirense apostou em César Peixoto para a sucessão no comando técnico. A formação de Moreira de Cónegos, que fechou a primeira volta do ano passado em 6.º lugar, surge agora num tranquilo oitavo posto, ainda que com menos sete pontos que no ano passado.

Foram menos duas vitórias, menos um empate e mais três derrotas, com menos dois golos marcados (22 contra 24) e mais sete golos sofridos (18 contra 25). Ainda assim, e tomando em conta que em Moreira de Cónegos morava a equipa sensação de há um ano, a primeira volta de César Peixoto é a todos os níveis positiva, destacando-se sobretudo nos jogos em casa, nomeadamente com empate diante do Benfica e vitória diante do Sporting - o FC Porto, esse, foi vítima do Moreirense, mas na Taça de Portugal.

Famalicão - 4

Novo ano, os mesmos problemas. O plantel, do ponto de vista individual, continua a ser rico, mas os treinadores passam e a fórmula da consistência tende em não aparecer. No ano passado, João Pedro Sousa começou, Armando Evangelista terminou. Este ano já houve nova chicotada psicológica, com a aposta em Hugo Oliveira, antigo treinador de guarda-redes do Fulham, de Marco Silva.

A verdade é que a assumida candidatura a uma vaga europeia deu lugar a um 9.º posto no campeonato, com 20 pontos, menos dois em que em igual altura do ano passado. A diferença está em menos uma vitória e mais um empate, sendo que os 20 golos marcados e 20 sofridos melhoraram em relação a 2023/2024 (17-20).

A época até começou da melhor maneira, com a vitória diante do Benfica, ainda de Roger Schmidt, logo na jornada inaugural, também o FC Porto (1-1) e o SC Braga (3-3) perderam pontos diante do Famalicão, mas a falta de consistência e continuidade, sobretudo em jogos com maior grau de responsabilidade, levam o Famalicão a baixar ainda mais a fasquia quando a exigência pedia exatamente o contrário.

Rio Ave - 7

Luís Freire, segundo treinador com mais jogos na história do clube, saiu, sendo rendido por Petit, e ao cabo de 17 jornadas o Rio Ave soma mais cinco pontos do que em igual período da temporada passada (20 contra 15). Há um ano, os vila-condenses terminavam a primeira volta em lugar de play-off, enquanto esta época ocupam um seguro 10.º lugar na classificação.

A possibilidade de poder voltar a inscrever jogadores trouxe uma autêntica revolução no plantel, e a verdade é que o Rio Ave demorou a arrancar para boas exibições, levando a uma mudança no comando técnico.

Olhando para os números, além de ter mais cinco pontos, fruto de mais duas vitórias, menos um empate e menos uma derrota, o Rio Ave tem, curiosamente, o mesmo número de golos sofridos (28) e menos um golo marcado, apesar de ter na frente de ataque um Clayton que fecha a primeira volta como terceiro melhor marcador (9 golos), apenas atrás de Gyokeres (21) e Samu (13). Nota ainda para a fortaleza de Vila do Conde: quatro vitórias e quatro empates, sem qualquer derrota sofrida.

Gil Vicente - 6

A época iria começar com Tozé Marreco, mas o atual treinador do Farense saiu antes mesmo do campeonato começar. Bruno Pinheiro foi o sucessor e, no final da primeira volta, o balanço acaba por ser positivo. Os gilistas somam mais três pontos do que em igual período da época passada (19 contra 16), estando quatro lugares acima da classificação.

Em termos de números, são as mesmas vitórias (4), mas menos três derrotas, que se "transformaram" em três empates, com menos oito golos marcados (19 contra 27) mas menos cinco golos sofridos (26 contra 31).

Olhando para o Gil Vicente como uma equipa cujo principal objetivo é a manutenção, esta primeira volta acaba por ser positiva, e Bruno Pinheiro, apesar de um ciclo que ameaçou a sua continuidade em Barcelos, tem tudo para fazer uma segunda metade da temporada ainda mais tranquila.

Estoril - 5

Depois de uma época de 2023/2024 que começou com Álvaro Pacheco e terminou com Vasco Seabra, o Estoril apostou no escocês Ian Cathro para esta temporada e o ano não começou da melhor forma.

O treinador foi muitas vezes questionado, a SAD sempre manteve total confiança e o tempo acabou por lhe dar razão. O Estoril termina a primeira volta no 12.º lugar, com 18 pontos, mais um que na época passada. 

Tem menos golos marcados, é um facto (18 contra 31), mas também menos golos sofridos (28 contra 32). Com o mercado de inverno a trazer alguns novos protagonistas, a juntar a algumas boas surpresas na primeira fase do campeonato, o Estoril surge fora dos teóricos candidatos a lutar pela manutenção na reta final da época.

Estrela da Amadora - 4

Depois de um regresso ao principal escalão do futebol português que terminou com uma primeira volta com 18 pontos, o Estrela da Amadora surge, este ano, com menos dois (16), e já com uma mudança no comando técnico, com José Faria no lugar de Filipe Martins, além de várias mudanças no plantel já com o campeonato em andamento, nomeadamente a saída de Nani.

Os tricolores fecham a primeira volta com apenas mais um ponto que o Arouca, em lugar de play-off, e dois acima da linha de água. O arranque de campeonato não foi positivo, levando à mudança de treinador, e a verdade é que a equipa melhorou com José Faria. Resta saber como ficará o plantel no final do mês, com a reabertura do mercado, e se o autêntico castelo criado no Estádio José Gomes será suficiente para assegurar mais um ano no convívio dos grandes.

Nacional - 5

O Nacional fechou a primeira volta com uma vitória tão surpreendente quanto crucial, diante do FC Porto, por 2-0, na Choupana. Depois de uma goleada de 1-6 logo na 2.ª jornada, com o Sporting, a formação insular, de regresso ao convívio dos grandes, conseguiu fechar a primeira volta a vencer os dragões e, com isso, "saltar" para o 14.º lugar, com 16 pontos, os mesmos que o Estrela da Amadora.

Tiago Margarido já provou ser capaz de levar a nau madeirense a bom porto, Rui Alves, o presidente do Nacional, já colocou em marcha uma remodelação do plantel, com várias saídas, pelo que fica a expectativa de perceber se a formação da Choupana será capaz de afastar o nevoeiro que se abateu na primeira volta, dissipado com o triunfo diante do FC Porto, e carimbar mais um ano no principal escalão do futebol português.

Os últimos resultados do Nacional
Os últimos resultados do NacionalFlashscore

AVS - 4

De regresso ao principal escalão do futebol português, rebatizado de AVS, com toda uma nova estrutura, o antigo Aves perdeu o timoneiro da subida, Jorge Costa, e já trocou Vítor Campelos, que começou a época, por Daniel Ramos.

Apesar de ter um plantel com poucas soluções, a formação da Vila das Aves conseguiu terminar a primeira metade da temporada acima da zona perigosa da tabela, ainda que com os mesmos 15 pontos que o Arouca, apenas um acima da zona de despromoção.

O mercado deverá servir para, pelo menos, dar mais soluções a Daniel Ramos, mas nas Aves mora uma equipa que terá mesmo de lutar pela manutenção até final, neste primeiro ano entre o convívio dos grandes.

Arouca - 3

Na última temporada o Arouca, que tinha estado envolvido na Liga Conferência, terminou a primeira volta com 16 pontos, num ano em que começou com Daniel Ramos em zona periclitante e terminou com Daniel Sousa perto da qualificação europeia.

Esta temporada a aposta foi no uruguaio Gonzalo García, mas o plano não resultou. Sempre na parte baixa da tabela, a mudança por Vasco Seabra traduziu-se numa ligeira melhoria, ainda assim insuficiente para evitar a zona vermelha da classificação no final da primeira volta, embora com apenas menos um ponto que em igual período da temporada transacta.

A verdade é que o plantel do Arouca continua a ter bons valores, apesar da perda de grandes nomes, sobretudo no ataque, e o mercado de inverno deve trazer renovada aposta no mercado hispânico, que tão bons resultados tem trazido ao emblema da Serra da Freita. Veremos se é suficiente para conseguir alcançar a desejada manutenção na Liga.

Farense - 4

A última temporada, com José Mota, parecia de afirmação, com um oitavo lugar no final da primeira volta, já com 21 pontos somados, mas este ano o experiente treinador português foi demitido, sem qualquer ponto somado nos seis primeiros jogos, antes de dar o lugar a Tozé Marreco.

Volvidas 17 jornadas, os algarvios surgem com 14 pontos, no penúltimo lugar da classificação, em plena retoma mas ainda com o enorme espectro da descida de divisão. O plantel precisa claramente de sangue novo, Tomás Ribeiro já foi contratado para a defesa, e no São Luís já se percebeu que o ano será mesmo de luta e sofrimento até final.

Boavista - 2

Não há volta a dar. O Boavista é, desde a linha de partida, o principal candidato à descida, tendo em conta os enormes problemas financeiros, que levaram o clube a ficar novamente impedido de registar novos contratos.

Cristiano Bacci foi o escolhido para liderar esta dura batalha e a verdade é que, mesmo sem ovos, as omoletes têm saído, de quando em vez, sempre com o doce sabor da superação de um grupo muito jovem, com vários jogadores da formação, e por entre azares que levaram, por exemplo, dois guarda-redes a lesionarem-se com gravidade no mesmo treino.

Depois dos 20 pontos de há um ano, numa temporada que teve quatro treinadores (Jorge Couto, Ricardo Paiva, Petit e Jorge Simão), os axadrezados somam agora apenas 12, estão no último lugar, com apenas duas vitórias, e uma vez mais sem possibilidade de retocar o plantel.

A luta afigura-se desequilibrada, mas Cristiano Bacci já mostrou um plantel capaz de se superar. A descida de divisão, porém, afigura-se como o cenário mais provável.

A forma da equipa do Boavista
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