Internacional quatro vezes pela Croácia, Franjo Ivanovic chega ao Estádio da Luz depois de uma época de explosão individual e coletiva, uma vez que conquistou dois campeonatos - além do belga, conquistou a Liga da Croácia ao serviço do Rijeka, onde ainda fez 10 partidas.
O Union St. Gilloise lucrou exponencialmente com este avançado contratado há um ano por apenas quatro milhões de euros, mas será que Franjo Ivanovic justifica a forte aposta dos encarnados.
Áustria, Alemanha, Croácia e explosão em solo belga
Aos 21 anos, Ivanovic é um cidadão viajado. Nasceu em Schwaz, na Áustria, mas foi cedo para a Alemanha, onde fez grande parte da formação. Depois de uma passagem pelo Lohwald, chegou ao Augsburgo, onde representou vários escalões de formação, até chegar à equipa B.
Apesar de brilhar na formação secundária do conjunto alemão, com 18 golos em 36 partidas, numa altura em que tinha apenas 18 anos, Ivanovic, de nacionalidade croata, teve a oportunidade de rumar ao seu país para jogar na equipa principal do Rijeka.
Como seria de esperar, começou a temporada como suplente, mas assim que foi titular fez o gosto ao pé em dose... tripla! Lançado na partida de qualificação para a Liga Conferência, apontou um hat-trick que lhe valeu a estreia no onze inicial no campeonato croata, marcando também o seu primeiro golo na competição.
O início eficaz não teve seguimento, tendo em conta que passou por um período de seca que durou nove partidas. Curiosamente, só depois de voltar ao banco de suplentes é que regressou aos golos. Uma irregularidade natural num avançado tão jovem.
Apesar dessa fase menos goleadora, Ivanovic tornou-se a principal referência ofensiva do Rijeka e começou a temporada seguinte com esse estatuto. Depois de um mês em que teve influência em seis golos (quatro marcados e duas assistências), o St. Gilloise contratou-o e, três dias depois, lançou no dérbi com o Anderlecht.
A pausa internacional serviu para conhecer melhor o plantel e o novo clube e pode dizer-se que Ivanovic sentiu-se em casa no emblema de Bruxelas. Ao lado de Promise David, formou uma dupla que viria a ser decisiva para o regresso do St. Gilloise ao título, 90 anos (!) depois. A parceria com o internacional canadiano - juntos marcaram 44 golos - abre espaço para o capítulo que se segue.
Companhia ou concorrência para Pavlidis?
A dúvida que surge depois da chegada de Ivanovic, sobretudo devido ao forte investimento para contratar o avançado croata, é se o jovem de 21 anos chega à Luz para servir de concorrência a Pavlidis ou se pode fazer companhia ao avançado grego, que acabou a época em grande plano, juntando golos às boas exibições que vinha fazendo ao longo da temporada.
A boa notícia para Bruno Lage é que o croata pode ser exatamente as duas coisas. Ivanovic é capaz de jogar sozinho na frente de ataque, embora seja um avançado com um estilo diferente de Pavlidis - o grego joga melhor em combinação e é capaz de recuar até ao meio-campo para construir jogadas, enquanto o croata explora mais o espaço e o forte físico que possui, mas também sabe jogar com um parceiro por perto, como provou na época passada.
Como podemos analisar pelo gráfico acima, o internacional croata é um avançado enérgico e que usa as suas características físicas nos momentos de pressão, não se limitando a ficar à espera que a bola venha ter com ele. Isso explica o número de ações defensivas e posses ganhas pelo jovem de 21 anos, que nesse aspeto pode complementar-se com Pavlidis e contribuir também para melhorias na reação à perda na equipa de Bruno Lage.
O mapa de toques na bola também prova que Pavlidis e Ivanovic são jogadores capazes de se complementar e de jogar lado a lado. Enquanto o ex-AZ Alkmaar é um jogador que gosta de recuar para participar na criação de jogo e que se limita mais ao corredor central, Ivanovic vai variando os flancos que tenta explorar, podendo até ser servido nesse espaço pelo jogador grego.
O número de remates e de golos marcados pelos dois avançados na época passada também dá bons indicadores para uma possível parceria na frente de ataque benfiquista.
Com Ivanovic a procurar espaço em profundidade e Pavlidis no papel de avançado capaz de criar jogadas de perigo pela sua capacidade técnica e de passe, o investimento da direção presidida por Rui Costa pode ser suficiente para formar uma nova dupla capaz de encantar a Luz, à imagem do que já aconteceu às ordens de Bruno Lage, na altura com Seferovic e... João Félix.