O Benfica trocou de laterais-esquerdos. Ao deixar sair Álvaro Carreras para o Real Madrid, o emblema encarnado recebeu Rafael Obrador, também ele espanhol e com algumas parecenças com compatriota.
Ambos tem um ano de diferença (Carreras é de 2003, Obrador de 2004), ambos fizeram parte da formação no Real Madrid, nunca jogaram pela equipa principal merengue, mas há desde logo um aspeto distinto: quando chegou ao Benfica, Álvaro Carreras já contava com experiência de primeira divisão no Granada, enquanto Obrador apenas jogou nos escalões secundários de Espanha ao serviço do Maiorca, Castilla e Deportivo da Corunha.
E por aqui se pode começar aquilo que os adeptos encarnados podem esperar. Tal como Carreras, Obrador não é um produto acabado, mas tem mais arestas a limar que o compatriota no momento da chegada ao Benfica.

Olhando para os dados da Opta, ambos apresentam forças e fraquezas semelhantes (razoáveis nos duelos aéreos, apostam na condução e são laterais mais ofensivos). Contudo, Carreras é bastante mais desenvolvido e tem um sentido mais apurado na frente. O espanhol deixa o Benfica com pelo menos uma oportunidade criada por jogo (0,5 para Obrador) e é uma presença área contrária (1,7 toques na área adversária por jogo, contra 0,8 do ex-Deportivo).
Outra das valências de Carrera era a capacidade a construir jogo. Muitas vezes foi utilizado por Bruno Lage como terceiro central e ajudava a sair para o ataque, prova disso são os quase 81 toques por jogo, enquanto Obrador toca menos na bola (61) num Deportivo menos ofensivo, é certo, mas conjugado com os dribles tentados, mostra que este é um lateral mais vertical.
O Benfica volta a apostar num projeto de futuro. Com Samuel Dahl no plantel, o sueco dá, neste momento, mais garantias a Bruno Lage no lado esquerdo, e permite a Obrador crescer sem pressão.
